Para onde vai a Saúde
«Há que ter a coragem de propor a mudança para melhorar a resposta às situações de verdadeira urgência e emergência médica. Há que assumir a defesa do investimento em áreas de intervenção cuja resposta necessita de ser reforçada (cuidados primários de saúde e emergência pré-hospitalar), para que a melhoria da resposta da rede de urgência se possa verificar. link
Há que ser sério na defesa das populações, preconizando as melhores soluções técnicas, independentemente das conveniências políticas e da popularidade imediata das soluções.»
António Marques (CTAPRU), PD, 09.01.08
Há que ser sério na defesa das populações, preconizando as melhores soluções técnicas, independentemente das conveniências políticas e da popularidade imediata das soluções.»
António Marques (CTAPRU), PD, 09.01.08
5 Comments:
Tendo chegado ao fim o último progama dos 'Prós e Contras', ainda não terminaram as réplicas... como nos abalos telúricos.
O pior que poderia acontecer ao SNS, nesta altura da reestruturação da rede de urgências, seria a CTAPRU entrar em rota de colisão com o MS.
Então, sobreviveria, ou o desespero de perder as referências, ou o tédio de regressar ao "ground zero".
Todos gostaríamos que a reforma da saúde fosse implementada progressivamente (step by step) com monitorização das medidas que vão sendo operacionalizadas.
Todos gostaríamos que o MS adoptasse uma filosofia de experimentação, relativamente á aplicação das decisões tomadas. Afinal, não há certezas absolutas nem reformas “pronto a vestir”.
Todos gostaríamos que as mudanças se processassem com a adesão dos principais actores.
O que falta saber é se, num contexto de mandatos ministeriais tendencialmente curtos e com tantos interesses instalados, a defesa desses princípios não nos condena ao tédio de estar sempre a regressar ao “ground zero”.
Reforma das Urgências feita com encerramentos e pouco mais
Apenas um serviço criado de novo
Dos 83 serviços de Urgência propostos pela comissão de peritos que estudou a requalificação da rede, o Ministério da Saúde garante que «46 já estão em pleno funcionamento». Mas a verdade é que todos eles, à excepção de um, já estavam a funcionar antes com a valência. Ao mesmo tempo, os encerramentos polémicos continuam.
Até ao momento, a reforma da rede de Urgências preconizada pela tutela foi cumprida em 55%. O número é avançado ao «Tempo Medicina» pelo próprio Ministério da Saúde, que aponta a entrada em funcionamento de 10 serviços de Urgência básica (SUB); 10 serviços de Urgência polivalentes (SUP) e 26 serviços de Urgência médico-cirúrgica (SUMC) como os principais feitos da requalificação. Todavia, comparando a listagem de hospitais abrangidos pela reforma com aquela que serviu de base à Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências para a elaboração do relatório final, em Janeiro de 2007, verificamos que entre os 46 «novos» serviços apenas um foi criado recentemente. Todos os outros já existiam, na maior parte com o grau de diferenciação que acabou por lhes ser atribuído pelo grupo de peritos. A única novidade detectada diz respeito ao SUB de Odemira, instalado no centro de saúde local na sequência de duas mortes ocorridas naquela localidade alentejana no início de 2007.
De resto, os 26 SUP referidos (hospitais de S. Marcos, Braga; S. João e Santo António, Porto; da Universidade de Coimbra e Centro Hospitalar de Coimbra; Santa Maria, S. José e S. Francisco Xavier, Lisboa; Garcia de Orta, Almada; Central de Faro) constavam da Rede de Referenciação de Urgência/Emergência de 2001 e antes do início da reforma reuniam já os recursos para serem considerados SUP. A comissão propôs a criação de 14 unidades deste tipo, pelo que ficam ainda a faltar quatro. Além disso, a tutela reconhece que o Hospital Central de Faro «ainda necessita de alguns acertos», por forma a funcionar na plenitude como SUP.
Entre os 27 SUMC previstos, estão em funcionamento 26, também estes existentes anteriormente. Urgências como as de Póvoa de Varzim, Vila Nova de Famalicão e Figueira da Foz não estavam contempladas na rede de 2001, mas no início de 2007 desempenhavam já as funções de SUMC.
É ao nível dos SUB que a maior parte do trabalho está por fazer. A comissão propôs a criação de 42 serviços desta tipologia (16 em hospitais e 26 em centros de saúde), mas apenas 10 estão em actividade (nove em hospitais e um no CS de Odemira).
Fnam critica «consulta aberta»
Os encerramentos de Urgências e serviços de atendimento permanente (SAP) têm sido o aspecto mais visível de toda a reforma. E tal como José Manuel Almeida, elemento da comissão de especialistas, denunciou no programa Prós e Contras da RTP, no dia 7 de Janeiro, isso tem vindo a acontecer sem que a tutela comunique formalmente o novo mapa da rede, com os pontos a criar e a extinguir. Apesar disso, desde o dia 15 de Dezembro foram três os serviços de Urgência (Cantanhede, Peso da Régua e Anadia) a fechar portas, com o Fundão a ficar sem serviço nocturno. Em substituição, a tutela criou consultas abertas, as quais têm sido alvo de forte contestação por parte da Ordem dos Médicos (ver «TM» de 24/12/07), por considerar que esta opção revela «uma profundíssima contradição entre a teoria e a prática do ministro da Saúde».
Também bastante crítico em relação a estas consultas, que na maior parte dos casos funcionam no local da antiga Urgência com médicos dos centros de saúde, tem sido o Sindicato Independente dos Médicos (SIM). A esta voz junta-se agora a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) que, pela primeira vez, de forma oficial, se pronuncia contra a «consulta aberta». Motivada pelo encerramento recente de cinco SAP (Alijó, Vila Pouca de Aguiar, Murça, Vouzela e São Pedro do Sul), a estrutura sindical denunciou, em comunicado, aquela que considera ser «mais uma medida sem qualquer suporte legal» e que constitui «integral replicação» da lógica dos SAP. Para o sindicato, tal «traduz-se numa acção clara de desregulação integral da actividade programada dos centros de saúde e da Medicina Geral e Familiar, agravando ainda mais a sua capacidade de resposta às necessidades dos utentes».
TM 14.01.08
A evidência de que CC por motivos que conhecerá começou a dar passos maior que as pernas.
Se nem com apoios políticos e técnicos as coisas em Saúde são fáceis, com posições vanguardistas e moletas técnicas - embora já a quererem descolar - ou vão muito longe ou vai cair perto.
Isto é CC jogou forte e testou o máximo do apoio político: o primeiro ministro.
Cara Clara:
Acabo de ler o seu comentário que, de modo escorreito, põe a nu alguns dos "malabarismos" dos dados disponibilizados pelo MS relativos ao "andamento" da reestruturação das urgências.
Recordo como - no programa 'Pros e Contras' - CC manifestou uma veemente indignação a JMS, quando este afirmou que os dados que apresentava, estavam distorcidos.
CC sentiu-se ferido na sua dignidade pessoal.
Mas, qualquer cidadão, ao ler os dados sobre o " já realizado" no âmbito da reestruturação das urgências (em termos de "entrada" em funcionamento de SUB, SUMS, SUP) não fica "só" indignado. Tem a certeza que o tratam como um imbecil.
De qualquer maneira, tanto a indignação do Sr. Ministro, como o incorrigível ensejo considerar imbecis os cidadãos, são ambos a mesma enfermidade.
Que os bons argumentos, boas políticas e, consequentemente, bons números, curam.
Ou, não soubessemos, todos, que o SNS existe há mais de 30 anos. Coisa que o MS quer eclipsar.
Parece que a actual equipa do MS pretende passar a ideia que partimos do nada. Quando, na realidade, o que se fez foi quase nada.
Ou seja, 1 serviço novo em 46 antigos, já cansados de estarem em funcionamento!
Nota:
Aproveito novamente a oportunidade para renovar um apelo. As estatísiticas e os dados publicitados pelo MS, deveriam vir acompanhados de um documento de "descriptação" para, todos, nos entender-mos.
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