Agenda 2009
"Ou há coragem para pegar nisto ou o sistema vai colapsar" link
António Marques - Os timings têm a ver com gestão do processo político. Mas à medida que tempo vai passando os problemas vão-se agravando e a confusão vai aumentando. As reformas vão sendo adiadas. E o que se está a tentar fazer neste momento é algo que já foi adiado muitas vezes. Ou temos coragem de pegar nisto neste momento ou daqui a uns anos o sistema vai colapsar. Serviços vão ter de encerrar, não porque não tinham legitimidade para existir, mas sim porque não há ninguém para os assegurar.
entrevista, JP 12.01.08
Assinar ou não assinar a reformulação da Rede de Urgências, eis a questão que a nova ministra da Saúde, Ana Jorge, ainda está a ponderar.
Esta será uma das mais importantes decisões da sucessora de CC.
Se assinar a rede tal como está, corre o risco de reacender as criticas das populações afectadas, que aliás abrandaram de tom com a remodelação levada a cabo por José Sócrates.
Por outro lado, se introduzir alterações à rede, Ana Jorge, corre o risco de dar razão àqueles que consideram que a mudança de ministros é, na verdade, uma mudança de política tendo em vista as eleições legislativas de 2009.
MB, DE 08.02.08
PKM, prestou, entretanto, um mau serviço à nova ministra da saúde:
«O relatório sobre a reorganização das urgências tem falhas graves. A nova ministra devia encomendar dois novos estudos um com a visão do terreno, da população, e outro dos profissionais da saúde, numa perspectiva multidisciplinar .»
PKM, JN 04.01.08
O nosso destino: Adiar
«E o que se está a tentar fazer neste momento é algo que já foi adiado muitas vezes. Ou temos coragem de pegar nisto neste momento ou daqui a uns anos o sistema vai colapsar.»
Coragem tínhamos. A agenda de José Sócrates (e as eleições legislativas de 2009) não o permite.
António Marques - Os timings têm a ver com gestão do processo político. Mas à medida que tempo vai passando os problemas vão-se agravando e a confusão vai aumentando. As reformas vão sendo adiadas. E o que se está a tentar fazer neste momento é algo que já foi adiado muitas vezes. Ou temos coragem de pegar nisto neste momento ou daqui a uns anos o sistema vai colapsar. Serviços vão ter de encerrar, não porque não tinham legitimidade para existir, mas sim porque não há ninguém para os assegurar.
entrevista, JP 12.01.08
Assinar ou não assinar a reformulação da Rede de Urgências, eis a questão que a nova ministra da Saúde, Ana Jorge, ainda está a ponderar.
Esta será uma das mais importantes decisões da sucessora de CC.
Se assinar a rede tal como está, corre o risco de reacender as criticas das populações afectadas, que aliás abrandaram de tom com a remodelação levada a cabo por José Sócrates.
Por outro lado, se introduzir alterações à rede, Ana Jorge, corre o risco de dar razão àqueles que consideram que a mudança de ministros é, na verdade, uma mudança de política tendo em vista as eleições legislativas de 2009.
MB, DE 08.02.08
PKM, prestou, entretanto, um mau serviço à nova ministra da saúde:
«O relatório sobre a reorganização das urgências tem falhas graves. A nova ministra devia encomendar dois novos estudos um com a visão do terreno, da população, e outro dos profissionais da saúde, numa perspectiva multidisciplinar .»
PKM, JN 04.01.08
O nosso destino: Adiar
«E o que se está a tentar fazer neste momento é algo que já foi adiado muitas vezes. Ou temos coragem de pegar nisto neste momento ou daqui a uns anos o sistema vai colapsar.»
Coragem tínhamos. A agenda de José Sócrates (e as eleições legislativas de 2009) não o permite.
2 Comments:
"Diz-se que daqui a uns anos os serviços vão encerrar não porque não tinham legitimidade para existir mas porque não vai haver ninguém para os assegurar!"
Não me parece que tenha que ser necessariamente assim. Daqui a uns anos, se os reponsáveis quiserem, não faltarão os recursos humanos.
Abram-se vagas em medicinia (se necessário), abram-se vagas em enfermagem (se necessário), abram-se vagas nas diversas áreas do ensino da "saúde" e não faltarão recursos. Então a necessidade de trabalhar obrigará à deslocação dos grandes centros.
O que não pode ser entendido como ter-se tudo em todo o lado; nem como fachar-se porque "dá prejuízo".
Na Saúde têm que preponderar critérios sociais (acesso e equidade e qualidade - de serviço e bem público) e a racionalidade económica não pode ser determinante para a manutenção deste ou daquele hospital, deste ou daquele centro de saúde.
E hoje, como sabemos, já há médicos e enfermeiros que se deslocam à periferia para prestar serviço (acumulando funções e sobretudo em SU). Havendo "oferta" bastante será possível, no interesse, razoável, de todos (SNS, médicos e utentes) encontrar formas (contratos) de trabalho que ponham fim à grande centralidade das capitais de distrito.
Não é verdade que já encontramos hoje muitos estrangeiros a trabalhar nos nossos HH e CS's? E ainda assim, porque estão muitos deles exctamente nos serviços das grandes urbes?
Na verdade é preciso, acima de tudo, acabar com a má distribuição dos profissionais de saúde (às vezes por conveniência de dirigentes e de grupos) adoptando soluções que, respeitando interesses legítimos, possam ser irrefutáveis. E certamente, então, a maioria as aceite e apoie.
Não sabemos, em boa verdade se há falta de médicos e enfermeiros ou mesmo de Técnicos de Saúde. O que sabemos é que em muitos dos HH os mesmos se "passeiam" pelos corredores e outras instalações.E quantos estão a exercer funções fora da sua profissão que poderiam ser desempenhadas por outros profissionais?
Como sabemos, há muito quem entenda que não há falta de recursos mas sim uma má distribuição! E qual é na verdade a produtividade nos nossos HH e CS's? Está dentro do razoável face aos meios técnicos disponíveis? Estarão os serviços devidamente dotados (equipados) para a melhor eficiência? E como vamos de organização dos próprios serviços?
Estas e outras questões, sem esquecer a redução (controlo) do desperdício são certamente fundamentais para um reforma do SNS que não ponha em causa elementares direitos de cidadania.
Antes de encerrar serviços é necessário adotar soluções de melhoria em muitos outros.
Não resisto a quebrar o silêncio a que voluntariamente me tinha remetido. Há muita agitação nas águas…
Este fim-de-semana apetecia-me estar perto da tão propalada “rara avis in terris” – Manuel Alegre. Necessitava de reflectir.
Mas, como não tinha andado pelo Movimento de Cidadania, em tempos eleitorais idos, não cabia na reunião de reflexão.
Só necessitava de sentir como teria sido possível este homem ter-se transformado num “tomba ministros”.
Não vi, mas senti Manuel Alegre cercado por todo aparelho partidário, com Vitalino Canas, a reger a orquestra.
E, compreendi que Alegre é, neste imbróglio, uma outra vítima – se as há ou alguma vez as houve. O que de facto aconteceu foi drama, no mais puro sentido helénico do termo: acção, necessidade de fazer.
A política socialista reformista não é subsidiária de Toni Negri (ou de eternos questionamentos existenciais sobre a Esquerda), ou de Toni Blair numa 3ªa via prática, pragmática, em correria para um enriquecimento pessoal rápido, como o socialismo revolucionário não tem nada a ver com Dani Cohn-Bendit (político da minha geração, hoje confortável deputado de “Les Verts”, em Estrasburgo).
A mudança no mundo socialista está a surgir noutros parâmetros, como por exemplo, na Alemanha com Oskar Lafontaine, dissidente do PSD alemão. Este será uma espécie de “Manuel Alegre alemão”. Muito simples: uma Esquerda intelectual, humanitária, sem alicerces sindicais ou operários, mas anti-liberal, qb.
O PS português tem, contudo, uma base sociológica assente no mundo do trabalho e nos quadros intermédios. Esse capital terá sido ferido por sucessivas reformas, da Administração Pública, da Educação e da Saúde.
E chegamos à Saúde…
Os eventuais responsáveis pelas recentes alterações políticas no domínio da Saúde devem ser procurados onde existem poderosos interesses políticos e económicos, ocultos. Ou semi-ocultos. Eles poderão papaguear, semanalmente, em canais públicos, alimentando o sistema, mesmo quando o apoiam ou tecem “suaves” críticas.
Mas o sistema vai aguentar porque enferma da "lógica da barbárie".
Isto é, o poder público está cooptado pelas grandes corporações - nacionais e transnacionais.
E as corporações sabem o que fazem e quando o devem fazer.
Foi, mais ou menos isto, que Galbraith, um economista, insinuou, escreveu e deixou em suspenso.
Só que as grandes corporações também não são meras e significativas associações numéricas. São círculos fechados – abertos a poucos, com muitos meios (media).
É necessário dar um “tempo de graça” à actual ministra. Ela não encabeçava nenhum movimento político ou social na Saúde.
Considero muito o Dr. António Marques mas não posso alinhar no pessimismo que expressa de um eventual colapso do Sistema. Nem do Sistema, nem do Serviço, como agora se ousa falar!
Aliás as afirmações citadas visavam CC e, no actual contexto, têm outras contemporaneidades.
E estas, não podem ser, no actual momento, a "Agenda 2009".
Por favor a CTPRU apresentou publicamente o relatório há quando tempo?
CC ia apresentar o calendário definitivo na Comissão Parlamentar de Saúde a 30.01.08. Não era?
Então, porque é que a ministra tem de decidir já?
Adiar não significa "matar" a reforma. Há outras posições intermédias: negociar, refazer timmings, preparar e testar alternativas, consolidar a emergência pré-hospitalar, p. exº...
ou, finalmente, estamos a tomar muito literamente a "continuidade de políticas".
Ou ninguém acredita que a remodelação foi feita para trazer um abrandamento do ritmo de execução e da conflitualidade.
Mais, para criar no campo sociológico “massa crítica” suficiente que, passando por um alargamento do suporte apoiante (profissional e social), proporcione as bases políticas necessárias para garantir a mudança.
Isto é, uma reforma, serena.
Ia acrescentar - sem qualquer intuito machista - feita por senhoras...
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