Diálogo
Manuel Delgado criticou recentemente a excessiva burocratização da rede de Cuidados Continuados. link
Inês Guerreiro, coordenadora da Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados, tenta refutar as criticas de MD num artigo "Pelo diálogo construtivo", publicado na última edição do TM (04.02.08)link
O texto, com extensa referência às experiências de benchmarketing da autora no RU. Donde não resisti respigar um dos muitos saborosos nacos de prosa: "Em 1981, voltei aturdida, angustiada, esmagada com a magnitude de humanização e mudança organizacional que os ingleses me meteram na bagagem". Nada esclarece em relação às ineficiências da rede objecto de critica de MD.
Dado o pitoresco do texto de IG, também pouco importa.
Aguardemos a próxima réplica deste "diálogo construtivo".
2 Comments:
Excelente texto de Inês Guerreiro!
Mas entre o que viu (e agora escreveu) e o que tem sido a prática, sob a orientação da UM de CCI, em Portugal existe o abismo. Concordo com os princípios que enuncia. Concordo que os HH (pelos médicos, pressionados pela gestão) o que querem é ver-se livres dos doentes. E até os enfermeiros "agradecem" ter poucos doentes internados para terem menos trabalho.
Vivemos um tempo em que os doentes apenas contam como números para gerar receitas.
É isso que explica os tais internamentos geridos com pinças, não em função do estado de saúde do doente, mas em função do GDH.
E quanto a Cuidados Continuados, é curioso ouvirmos dizer a Inês Guerreiro que "a informação gerada a partir do hospital serve, sobretudo, para apoiar o processo de acolhimento, acompanhamento, reabilitação e promoção da autonomia do doente fora do ambiente hospitalar o mais perto possível do seu ambiente familiar na comunidade."
Na verdade assim devia ser. Mas não é!
E não é porque a rede de CCI está longe, muito longe, de exisitr como tal.
Há um equipamento aqui, outro além, dispersos e desgarrados. E sem qualquer semelhança com o que são os estabelecimentos "5 estrelas" que IG diz ter conhecido lá fora.
Mas, se até se entende que ainda não foi possível criar o número suficiente de equipamentos, já há dificuldades em entender que os HH corram (só falta fazê-lo a pontapé) com os doentes porque "estão a dar prejuizo"!
E quanto à proximidade do seu ambiente familiar, volto a um exemplo real: doentes de Mirandela, ineternados em Bragança são "convidados" a seguir para F. de Espada-à-Cinta. Como se vê isto é a tal proximidade. Mas o H. de Mirandela tem camas vagas! É certo que é uma unidade de agudos, porém, enquanto os tais CCI não existem não seria de receber ali doentes para continuição de cuidados? E o mesmo se passa com o H. de M. de Cavaleiros.
E também se impõe, na verdade, uma simplificação do processo de inetrnamento em CCI, referida por MD. A actuação dos Serviços Sociais (por imposição dos gestores) é popuco diferente da da ASAE!
A coordenadora da Unidade de Mis-
são para os Cuidados Continuados Integrados, Inês Guerreiro, reconhece que a situação está "caótica" em muitos hospitais, mas responde: isso apenas está a acontecer porque as unidades de saúde não se prepararam para o fenómeno do envelhecimento, das doenças crónicas e do aumento do nível de dependência.
"Não há bodes expiatórios. Os hospitais sempre tiveram dificuldades, sempre houve falta de camas, só que antes mandavam os doentes para casa sem nenhuma referenciação", recorda. "Os serviços sociais tapavam uma lacuna que não devida ser tapada por eles. Agora, os doentes "têm que ser referenciados adequadamente", diz.
JP 05.02.08
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