Media again?
Sobre a demissão do presidente do INEM, Luís Cunha Ribeiro, a ministra da saúde, Ana Jorge, nada disse. Nem adiantou sucessor para o cargo.
No lugar de especular sobre o conjunto de razões que poderão estar na base de tal decisão, preferi passar em ronda a nossa comunicação social.
i. «Relação com bombeiros ditou mudança no INEM» DN
ii. «director do INEM afirmou que se demitiu do cargo, ao colocar o lugar que ocupava à disposição da nova ministra da Saúde, desmentindo assim que tenha sido demitido por Ana Jorge.» TSF
iii. «Caiu a segunda vítima do complicado processo de reformas na Saúde Luís Cunha Ribeiro foi afastado da presidência do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM)» JN
iv. «Luís Cunha Ribeiro foi afastado da presidência do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) após ter colocado o lugar à disposição» RTP
v. «Luís Cunha Ribeiro colocou o lugar à disposição e a nova ministra da Saúde, Ana Jorge, aceitou de imediato. Esta demissão foi a sua primeira decisão política, que vários sectores da Saúde consideram ser uma consequência directa das fragilidades do sistema de emergência pré-hospitalar.» Correio da Manhã
i. «Relação com bombeiros ditou mudança no INEM» DN
ii. «director do INEM afirmou que se demitiu do cargo, ao colocar o lugar que ocupava à disposição da nova ministra da Saúde, desmentindo assim que tenha sido demitido por Ana Jorge.» TSF
iii. «Caiu a segunda vítima do complicado processo de reformas na Saúde Luís Cunha Ribeiro foi afastado da presidência do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM)» JN
iv. «Luís Cunha Ribeiro foi afastado da presidência do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) após ter colocado o lugar à disposição» RTP
v. «Luís Cunha Ribeiro colocou o lugar à disposição e a nova ministra da Saúde, Ana Jorge, aceitou de imediato. Esta demissão foi a sua primeira decisão política, que vários sectores da Saúde consideram ser uma consequência directa das fragilidades do sistema de emergência pré-hospitalar.» Correio da Manhã
vi. José Leite Pereira, aprofunda a abordagem em artigo publicado no JN (12.02.08) "Explique-se, senhora ministra" : (...) «Sem explicar o que se passa, a ministra deixa que se pense que, com a sua chegada ao Ministério, optou por um dos lados do conflito, por sinal o que aos olhos da opinião pública parecia o menos bem preparado para as exigências da emergência médica, mas por sinal, também, aquele que se diz ser protegido por um "lobby" fortíssimo.
Ana Jorge tem ainda poucos dias de Governo, o que explica o silêncio a que se tem remetido. Mas a demissão do presidente do INEM mostra que tem já o tempo suficiente para tomar decisões importantes. Há, por isso, que justificá-las. Se alguma coisa há a aprender com o passado recente, isso tem a ver com a necessidade de deixar fluir informação correcta. É muito simples basta explicar e justificar o que se vai fazendo. Nada pior para Ana Jorge do que criar clima para que sobre esta demissão se adensem nuvens negras sobre as razões que a justificaram.
Explique-se, senhora ministra! »
Ana Jorge tem ainda poucos dias de Governo, o que explica o silêncio a que se tem remetido. Mas a demissão do presidente do INEM mostra que tem já o tempo suficiente para tomar decisões importantes. Há, por isso, que justificá-las. Se alguma coisa há a aprender com o passado recente, isso tem a ver com a necessidade de deixar fluir informação correcta. É muito simples basta explicar e justificar o que se vai fazendo. Nada pior para Ana Jorge do que criar clima para que sobre esta demissão se adensem nuvens negras sobre as razões que a justificaram.
Explique-se, senhora ministra! »
Será que os problemas graves de comunicação vão continuar ?
7 Comments:
devido à necessidade de garantir alternativas aos doentes, num panorama em que os bombeiros têm um papel fundamental, que se entende a demissão de Luís Cunha Ribeiro. O presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica foi chamado pela ministra da Saúde no domingo à tarde, tendo-lhe sido comunicado que a carta de demissão que entregou, colocando o lugar à disposição, tinha sido aceite. Ao Diário Económico, Cunha Ribeiro mostrou-se conformado com a decisão da ministra, e garantiu que “tinha posto o lugar à disposição seguindo as regras éticas que mandam que todos os dirigentes na Saúde o façam”. Depois, continua, “a ministra comunicou-me que o pedido estava aceite”. Contactado, o Ministério da Saúde confirma a demissão, mas não faz mais comentários. Segundo apurou o Diário Económico junto de fontes próximas do processo de decisão, a principal razão da saída de Cunha Ribeiro tem obviamente a ver com a reestruturação das urgências, mas principalmente com a difícil relação entre o INEM e os bombeiros. Não é por acaso, aliás, que o presidente dos bombeiros, Duarte Caldeira, presidente dos bombeiros, Duarte Caldeira, se congratulou com a saída do presidente do INEM e até sugeriu a saída de mais responsáveis deste instituto.
DE, 13.02.08
Agora temos: fontes próximas do processo de decisão.
As fontes são dos que ficaram ou já são dos que chegaram.
A comunicação do MS continua um novelo.
Têm, os Bombeiros, sido um parceiro fiável no sistema de emergência médica? São os Bombeiros, com a actual estrutura e hábitos, um parceiro fiável? Duarte Caldeira foi lesto em crucificar Cunha Ribeiro. O que tem feito para disciplinar as suas hostes, e aperfeiçoar o funcionamento interno das suas Corporações?
Não terá também chegado a altura de questionar a actuação dos Bombeiros?
Media again
or
Incoordination yet?
A ministra "herdou", ou ainda não substituiu, a assessora para a Comunicação Social de CC.
A demissão de Cunha Ribeiro sendo apresentada como um mero acto administrativo tem outras implicações cujo epicentro é a constante e desgastante guerrilha entre o MS (INEM) e os actuais dirigentes dos Bombeiros, que se arrasta há dezenas de anos.
Aparentemente, girando à volta de competências e desempenhos o que sendo importante é ultrapassável, no fundo, terá mais a ver com financiamentos e orçamentos.
Aliás, quase, em coro, vários dirigentes de Bombeiros, afirmaram que a demissão de Cunha Ribeiro “só peca por tardia”…
O clima vivido entre o INEM e os BV desde o EURO 2004 é absolutamente insuportável.
Depois, a confusão entre uma rede organizada de urgências pré-hospitalar e acções pontuais de socorro ou atendimento, mesmo que na globalidade atinjam números exorbitantes (85%?)!
E, desses números, infindáveis questiúnculas sobre os financiamentos.
A mais urgente reivindicação é uma inusitada mudança de tutela do INEM do Ministério da Saúde para a Administração Interna ou, pior, passar a ter uma tutela conjunta, primeiro paaso para a inoperacionalidade e descordenação.
Isto é INEM, Serviço Nacional de Bombeiros (SNB) e Protecção Civil (PC), tudo ao monte e fé em Deus…
Penso que a ministra aproveitou a oportunidade para tentar definir âmbitos e competências das Instituições, no seguimento de uma reunião havida a 28 Janeiro de 2008, com Cármen Pignatelli e Ascenso Simões, (secretário de Estado da Protecção Civil) em que se propunha a organização de uma Rede Nacional de Ambulâncias, a definir pelo INEM.
Em Maio de 2007 foi assinado um protocolo entre a Liga dos Bombeiros, a Autoridade Nacional de Protecção Civil e o INEM que, só mostrou fragilidades, de que Favaios e Alijó são exemplos caricatos, mas não paradigmáticos. Na verdade, em mais de metade dos agrupamentos de bombeiros do país não há protocolos (210 em 436). Por alguma razão este é o saldo de 10 anos de buscas de protocolos!
O actual protocolo precisa de ser renegociado ou mesmo denunciado. E o primeiro entendimento necessário é sobre as tutelas.
Mais, os bombeiros contestam a solução SIV - baseada num enfermeiro em articulação com o CODU - e defendem outro tipo de resposta com técnicos de emergência médica (paramédicos) essencialmente ligados às corporações de bombeiros.
O Dr. Cunha Ribeiro, provavelmente, dificultava este entendimento.
Mas não posso deixar de lhe dar razão: a responsabilidade de coordenação da emergência pré-hospitalar deve pertence ao MS, e por inerência, ao INEM.
Caso contrário, podem desaparecer, num ápice, todas as garantias de qualidade necessárias, para a emergência e urgência pré-hospitalar, como foi concebida pela CTPRU.
Vamos ver como a ministra Ana Jorge gere esta questão. De certo modo é a primeira prova de fogo sobre o processo de requalificação das urgências, em curso.
Não se trata de "fechar" ou "transferir".
Trata-se de organizar. De profissionalizar os serviços.
Relativamente às "fontes próximas do processo de decisão" tal facto poderá significar que terá caducado o estatuto do DE, como canal de informação privilegiado do MS.
Quem ganha com a demissão do Dr. Cunha Ribeiro? Desde logo os bombeiros, a avaliar pela reacção do Presidente da Liga: “para o INEM em si, Cunha Ribeiro foi um bom presidente, mas para aquilo que é o serviço do INEM, com a articulação dos bombeiros, com a organização do socorro, aí pode-se considerar que teve um trabalho sofrível”.
Como Duarte Caldeira foi um dos principais contestatários da política de Cunha Ribeiro, não será pouca coisa ouvir, da sua boca, que o demitido Presidente serviu bem o serviço a que presidiu.
O INEM não está fechado sobre si mesmo. Damos dele conta todos os dias. E não era exactamente assim, quando o Presidente demitido foi nomeado por Luís Filipe Pereira.
A imagem que Luís Cunha Ribeiro deixa é de um homem competente, que alargou o CODU a todo o país, aumentou significativamente o número de viaturas médicas e imprimiu uma clara marca de profissionalização ao socorro médico.
O Presidente da Liga dos Bombeiros queixa-se que ele foi apenas “sofrível” na articulação com os bombeiros. Mas não deixa de ser sintomático que, representando Duarte Caldeira uma das partes, no processo de coordenação, se permita, arvorado em Prof. Marcelo, classificar o ex Presidente do INEM.
Antigamente, no tempo da monarquia, quando os Franceses viam aparecer uma estrada, no meio do nada, ou do deserto como diria Mário Lino, acabavam por descobrir uma casinha que o Rei visitava muitas vezes. Por isso, para se perceber certos factos, se recomendava então; “cherchez la femme”.
Hoje, quando os assessores de imagem recomendam aos líderes políticos que exibam os seus novos amores, a expressão é menos frequente. E deu lugar a uma outra mais adequada aos novos tempos; “cherchez l´argent."
Sigamos, pois, o cherne.
Em 11 de Abril de 2006, o DN publicava a seguinte notícia: 'Voluntários' recebem 70 milhões em cada ano.
«As corporações de bombeiros voluntários gastaram, anualmente, pelo menos 70 milhões de euros em pagamentos com pessoal entre 2002 e 2004.
Este montante é o dobro do que foi despendido no período entre 1995 e 1997, justificando-se pela crise de voluntariado que obrigou as corporações de voluntários a recorrerem, cada vez mais, à contratação de pessoal para garantir os serviços de urgência e de combate aos incêndios florestais. Por exemplo, no ano passado, foram contratados 3737 bombeiros durante os três meses de Verão, cujo encargo terá atingido os 10 milhões de euros.
Apesar do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil recusar, desde finais de Janeiro deste ano, o acesso a documentos administrativos contendo os custos detalhados do combate aos incêndios florestais (ver texto secundário), certo é que alguns dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) permitem aferir que as despesas com pessoal estão a atingir montantes elevadíssimos.»
Mais adiante, acrescenta o jornalista:
«Fernando Curto, presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, considera que estes montantes devem merecer uma reflexão política. "Uma estrutura profissionalizada e organizada seria mais barata e eficaz do que uma estrutura assente num sistema de voluntariado que acaba por não o ser", defende.
Tendo em conta que dois terços das receitas dos bombeiros são provenientes do Estado e das autarquias, Fernando Curto defende um maior controlo dos dinheiros públicos. "Os sapadores e os bombeiros municipais necessitam de concurso público para aquisição de viaturas, mas o mesmo não se aplica às associação de voluntários, exemplifica.»
Fernando Curto também se regozijou com a saída de Cunha Ribeiro, considerando que Bombeiros e INEM estiveram sempre de costas voltadas. Ambos os Presidentes, da Liga e da Associação, convergem num ponto: não basta demitir o Presidente do INEM é, também, necessário mudar as políticas. Descodificando, menos INEM e mais Bombeiros (receita “oblige”).
Entre os dois discutirão, depois, se mais Voluntários ou mais Profissionais.
Tudo a Bem da Nação!
Atenção a ministra não mandou recados. Deu ela própria a explicação link
A ministra da Saúde, Ana Jorge, disse hoje que a substituição do presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Luís Cunha Ribeiro, foi um processo "normal" e prometeu para muito breve o anúncio do seu substituto. "O doutor Cunha Ribeiro pôs o seu lugar à disposição e nós sentimos que estaríamos de acordo", disse a ministra, em Ponte de Lima, no decorrer de uma visita a uma unidade de saúde familiar.
JP 13.02.08
E...com a mudança do ministro não muda mais ninguém a não ser o falado pinoni? Tic Tac Tic Tc Tic Tac
Qualquer português que tenha ouvido as gravações, passadas na comunicação social, da conversa entre o call center do CODU do INEM e o telefonista dos bombeiros de Alijó, ficou estarrecido. Os habitantes das grandes cidades e desconhecedores do que se passa no restante país, certamente duvidaram estar-se a falar do Darfur ou dos confins do Afeganistão. Os que conhecem a triste realidade, só constataram que tudo continua como sempre...
A triste realidade é que, na maior parte do território nacional, a protecção civil e assistência pré-hospitalar estão entregues a voluntários, de inequívoca boa vontade, mas sem meios para resposta atempada e eficaz. Principalmente nos meses de verão pode ver-se a revoltante imagem dos bombeiros a fazerem barragem nas estradas aos carros, para pedirem uma "esmola" para comprar umas mangueiritas, pois as que têm estão podres, ou para substituir o UNIMOG oferecido pelo Estado, que já fez a guerra de África e foi oferecido aos bombeiros em vez de ser abatido. Andam aí muitos!
O Estado, que deveria cobrir as necessidades de protecção das populações, descansa nas boas vontades e altruísmo dos voluntários, que dão o físico, e não lhes dá os meios mínimos para actuarem. Uma vergonha!
Claro que os bombeiros de Alijó, como os outros voluntários, não têm possibilidades de manter uma equipa nocturna de resposta imediata. Os voluntários trabalham durante o dia e necessitam naturalmente da noite para descansar. Para ter uma equipa nocturna, teriam de lhes pagar, como é natural. Quem dá o dinheiro?
O voluntariado faz parte das nossas tradições e é um forte contributo para a coesão e sentido de identidade locais, mas deverá ser complementar de um sistema profissional de protecção das populações, obviamente pago pelo Estado. O sistema de Protecção Civil (chamem-lhe o que quiserem) deve ser uma força de segurança como qualquer outra e integrado em rede com todas as outras. Não estou a inventar nada. Em Macau, administração portuguesa, era assim.
Claro que a situação não é nova e escusam as carpideiras políticas do costume de vir chorar. Todos têm culpas!
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