Inquietação
O sector privado contrataca
A campanha que se seguiu ao anúncio do resgate do Hospital Amadora Sintra para o sector Público da Saúde tem sido comandada a partir do DE.
Raro é o dia em que este matutino não publica texto a alertar para o descaminho em que vai a Saúde com a nova ministra (que num acto de irreflectida coragem (?) decidiu recentemente discursar na toca do lobo).
Nesta campanha, os Hospitais EPE, têm sido dos mais visados. Exemplar este título: "Hospitais com menos atenção nos resultados económico-financeiros."
A propósito do novo sistema de avaliação dos CAs dos HHs EPE, o articulista de serviço escreve esta pérola:
"Certo é que a prioridade política mudou: Saúde primeiro economia depois (como se no tempo de CC a ordem de prioridades não fosse esta). No sector há quem se inquiete com a falta de ênfase do discurso político no aspecto económco (já adivinharam de quem se trata), lembrando que foi a preocupação do antigo ministro CC com a boa gestão que permitiu manter ou até subir a qualidade na prestação dos cuidados de saúde (a quem, os referidos investidores inquietos parecem ter ficado eternamente gratos).
Estas pantominices vão continuar. Ou não seja destas inquietações que vive o DE.
4 Comments:
A PROPÓSITO DE INQUIETAÇÕES...
Sobre o "papel" do Estado serviço público de saúde nacional (SNS):
" garante da equidade no acesso aos cuidados de saúde e da importante definição e evolução das boas práticas clínicas".
Ministra Ana Jorge in VII Fórum Saúde, promovido pelo Diário Económico.
Um caminho equilibrado e tranquilo para o SNS.
Agora a inquietação da falta de enfase do discurso político no aspecto económico é mais uma apoquentação ou um sobressalto. E quem lida com seres sabe que sempre acompanhada de "nervosismo".
A pergunta crucial é:
- o sector privado da Saúde aceita desempenhar o papel de complementaridade no SNS, dadas as obrigações constitucionais do Governo?
Portanto, o é só ficar à espera do debitar de argumentações redondas, já que rotunda parece ser a causa.
Porque a bazófia vai começar.
Quando fomos grandes tinhamos como divisa :
"Talent de Bien Faire" (adoptada pela Marinha Portuguesa).
Hoje, para o SNS haverá "talant",i. e., vontade de fazer bem.
Todavia, será melhor olhar o momento pela visão de do Nobel Anatole France:
"Uma coisa sobretudo dá atracção ao pensamento dos homens:
a inquietação.
Um espírito que não seja ansioso irrita-me ou aborrece-me".
Foi essa inquietação que lhe levou a devolver ao Estado Francês a mais alta condecoração - a Legião de Honra - quando a retiraram a Zola.
Ficou sem a Legião, mas morreu com Honra.
É certo e sabido que se PKM critica a forma como o SNS vem sendo gerido, no Saúde SA cai o Carmo e a Trindade.
E no entanto PKM é professor dessa "grande escola" onde muitos dos que o atacam fizeram uma pós-graduação com base na qual se arrogam o direito de terem o exclusivo da competência em gestão de serviços de saúde.
Porque assim é, pergunto: a boa escola recrutou um mau professor? Ou o bom professor está numa má escola? Ou nem uma coisa nem outra?
O que me parece, sobretudo, é que ainda há alguns fundamentalistas defensores de um Serviço Nacional de Saúde onde podem garantir empregos independentemente dos "resultados", porque pagos pelo OE.
E vale a pena focar o que hoje vem nos jornais: o Ministério da Saúde vai pagar 30 milhões de euros por 30 000 cirurgias de oftalmologia.
Sabendo-se que em Lisboa estão mais de 50% dos oftalmologistas, sabendo-se que nos grandes hospitais da capital a média de cirurgias feitas é cerca de um terço das realizadas no resto do país, que medidas foram tomadas para esta falta de produtividade que foi divulgada? Será que com "mais dinheiro" os mesmos médicos, nos mesmos hospitais, já podem fazer mais cirurgias, recebendo à peça, sem que, no cumprimento do seu normal período de trabalho, executem um mínimo aceitável de cirurgias?
Será certamente motivo de interesse comparar a produtividade durante o horário normal de trabalho e no trabalho extra (à peça).
Recuperar o atraso nas cirurgias é certamente urgente e necessário; fazê-lo injectando euros nos hospitais sem garantir(?) a produtividade normal dos trabalhadores envolvidos (os de baixa produção) é premiar os prevaricadores e talvez mesmo, estimular a incumprimento dos deveres profissionais!
E todos sabemos como são encaminhados para os hospitais particulares muitos doentes que são observados (em primeira consulta) nos hospitais públicos e centros de saúde.
E é esta promiscuidade que "envenena" a coexistência do público com o privado, não a existência do privado em si mesma.
A Insuspeita Voz do Governador...
O Governador mostrou-se também preocupado com a possibilidade do Governo procurar aumentar o investimento usando mecanismos que transfiram a despesa pública para o futuro, nomeadamente através do recurso a Parcerias Público Privadas (PPP) ou da utilização de créditos comerciais.
Se "é bom que não exista a tentação de fomentar despesas públicas" é igualmente "bom que não haja a tentação de transferir para o futuro despesa" através de mecanismos que escondam o efeito das decisões nas contas publicas actuais, avisou o Governador.
"Não deve haver uso excessivo de projectos em "project finance" no âmbito de PPP nem a utilização de créditos comercias por parte dos executantes do investimento", disse, apontando que "isso apenas adiaria para o futuro a despesa". O Governador foi mesmo mais longe ao defende que se deve limitar o uso das PPP impondo-lhes um limite em termos de valor: "é importante que não se torne a despesa pública demasiado rígida no futuro"
Sem pretensões algumas, parece-me que Ana Jorge leu o meu comentário anterior...
Mais uma vez o Saúde SA teria então ajudado o Governo!...
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