Tempos difíceis
pinto da costa
Estou certo que a melhoria dos indicadores económicos do conjunto dos hospitais EPE e SPA poderia ter superado largamente os resultados conhecidos se, a par das novas regras de gestão, tivesse havido uma outra organização interna dos serviços de acção médica, através da criação de centros de custos; e uma nova política salarial valorizando o desempenho de grupo e individual, à semelhança da que está a ser implementada na carreira de Medicina Familiar. É bom lembrar, que estes resultados foram alcançados durante um período de ataque cerrado ao funcionário público em geral, de congelamento de escalões, com carreiras profissionais ameaçadas e de futuro incerto e crescente assédio do sector privado aos profissionais dos hospitais públicos.
O que pensa Ana Jorge sobre isto? Estará disposta a investir numa nova organização do Hospital Público? Não o sabemos. O teor do discurso no VII Fórum da Saúde é porém preocupante quanto ao papel que reserva aos diversos sectores da Saúde.
A Ministra diz que:
“O sector privado é, sem dúvida, um parceiro, um estímulo, um motor essencial a uma relação de competitividade saudável com vista à melhoria no acesso e qualidade dos bens de saúde oferecidos à nossa população. Mas cabe ao Estado um importante papel, que, certamente, todos aqui reconhecerão: o de garante da equidade no acesso aos cuidados de saúde e da importante definição e evolução das boas práticas clínicas”
Então o papel de motor é atribuído ao parceiro e, o Estado, a quem compete garantir da equidade no acesso e zelar pelas boas práticas clínicas, vai a reboque da competitividade do privado? A Drª Ana Jorge falou de improviso e saiu-lhe assim ou, tal como o seu antecessor, aposta na ambiguidade, evitando afirmar com clareza qual o papel que o Governo entende dever ser o do Estado e o dos Privados na prestação de cuidados de saúde?
Ana Jorge tem tido um discurso errático, dando uma no cravo outra na ferradura, e em política a ambiguidade é o pior dos males.
PS – No mesmo dia em que no âmbito do processo Apito Dourado o Tribunal de Gondomar fez a acareação de Pinto da Costa e Carolina Salgado, o Presidente do FCP foi à Assembleia da República, a convite de um conjunto de deputados, participar num jantar comemorativo da vitória no campeonato. Se isto não é instrumentalização e pressão ilegítima de uma parte de um órgão de soberania sobre um outro, então em política aquilo que parece já não é.
Vivemos tempos difíceis como de forma clarividente diz “falarverdade”.
Tá visto
O que pensa Ana Jorge sobre isto? Estará disposta a investir numa nova organização do Hospital Público? Não o sabemos. O teor do discurso no VII Fórum da Saúde é porém preocupante quanto ao papel que reserva aos diversos sectores da Saúde.
A Ministra diz que:
“O sector privado é, sem dúvida, um parceiro, um estímulo, um motor essencial a uma relação de competitividade saudável com vista à melhoria no acesso e qualidade dos bens de saúde oferecidos à nossa população. Mas cabe ao Estado um importante papel, que, certamente, todos aqui reconhecerão: o de garante da equidade no acesso aos cuidados de saúde e da importante definição e evolução das boas práticas clínicas”
Então o papel de motor é atribuído ao parceiro e, o Estado, a quem compete garantir da equidade no acesso e zelar pelas boas práticas clínicas, vai a reboque da competitividade do privado? A Drª Ana Jorge falou de improviso e saiu-lhe assim ou, tal como o seu antecessor, aposta na ambiguidade, evitando afirmar com clareza qual o papel que o Governo entende dever ser o do Estado e o dos Privados na prestação de cuidados de saúde?
Ana Jorge tem tido um discurso errático, dando uma no cravo outra na ferradura, e em política a ambiguidade é o pior dos males.
PS – No mesmo dia em que no âmbito do processo Apito Dourado o Tribunal de Gondomar fez a acareação de Pinto da Costa e Carolina Salgado, o Presidente do FCP foi à Assembleia da República, a convite de um conjunto de deputados, participar num jantar comemorativo da vitória no campeonato. Se isto não é instrumentalização e pressão ilegítima de uma parte de um órgão de soberania sobre um outro, então em política aquilo que parece já não é.
Vivemos tempos difíceis como de forma clarividente diz “falarverdade”.
Tá visto
Etiquetas: Tá visto
9 Comments:
Fumar ou não fumar?
A propósito do episódio dos membros do governo que "fumaram" na viagem para a Venezuela, achei imensa piada ao seguinte comentário à notícia sobre o assunto colocada no site da "sapo".
Aqui o reproduzo, com a devida vénia, esperando que o JS e MP não se decidam(?), nunca, a seguir este conselho.
"• A. Potugal
A questão é muito simples:
A proibição de fumar não visa, também, proteger a tripulação dos aviões?
Não são eles cidadãos como quaisquer outros no seu local de trabalho, quando estão a bordo?
Porque não abriram os fumadores a porta e não foram fumar para a "varanda" ou para a "rua"?".
PS.: A necessidade de José Sócrates fumar pode muito bem ter a ver com a "intranquilidade" face à mais que provável candidatura de Manuela Ferreira Leite nas legislativas de 2009.
Esta questão do fumo do Sócrates é ridicula, ilustrativa da hipocrisia nacional e de até onde pode ir a campanha descarada de perseguição do Jornal Público ao primeiro ministro.
Como refere Constança Cunha e Sá no seu artigo de hoje do JP, pergunta-se: quantas vezes até hoje os jornalistas compartilharam a sala de fumo do avião com o primeiro ministro?
Centenas de vezes.
Porque só agora resolveram denunciar a situação?
Qualquer dia, à falta de matéria, estamos a falar do design duvidoso das cuuecas do primeiro ministro.
A forma fundamentalista como está a ser conduzida esta campanha antitabágica conduzirá forçosamente, dentro em breve, ao incumprimento generalizado da lei.
Eu que deixei de fumar há um bom par de anos, estou a encontrar de novo justificação para voltar a fumar.
Estes medíocres estão a fazer de Portugal um país da treta!
Ministra da Saúde confirma ruptura com os privados
Ana Jorge enfrenta o sector num Fórum do Diário Económico.
Os privados são essenciais à eficiência do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Neste ponto, todos são unânimes – ministra da Saúde e grupos privados – e foi com esta ideia que Ana Jorge abriu ontem o VII Fórum Saúde, organizado anualmente pelo Diário Económico. Garantindo não ter nada contra a concorrência do sector privado, a ministra fez, no entanto, uma importante ressalva: “Se é verdade que a relação com o sector privado é benéfica a vários níveis, não é menos verdade que sobrepô-lo ao serviço público pode levar a uma demissão do Estado das suas responsabilidades.” Além disso, salienta Ana Jorge, o sector público já provou que pode ter resultados muito positivos e ter uma boa gestão. De acordo com os dados oficiais, os hospitais com gestão empresarial tiveram uma melhoria de nos seus resultados, registando no ano passado um défice de 114 milhões de euros, ao mesmo tempo que os hospitais do sector público administrativo já registaram um resultado positivo do exercício de 2007 de seis milhões de euros.
Os grupos privados aguardavam com expectativa as explicações da ministra. Afinal, desde que chegou ao Ministério da Saúde, Ana Jorge já terminou o contrato de concessão do hospital Amadora-Sintra à José de Mello Saúde, já retirou a gestão clínica ao modelo das parcerias público-privadas e criticou o Ministério das Finanças por ter proporcionado aos funcionários públicos um acordo com o Hospital da Luz, através da ADSE.
Os privados, portanto, aguardavam. E Ana Jorge não fugiu ao tema: “O serviço público bem gerido dá bons resultados”, disse a ministra, retomando o discurso com que José Sócrates anunciou a decisão de retirar a gestão clínica do modelo das parcerias público-privadas. Mais: para a ministra da Saúde, “beneficiar o sector privado face ao público é demitir o Estado das suas responsabilidades”.
A resposta dos privados, claro, não se fez esperar. É que se os resultados do sector público estão a melhorar, isso deve-se também ao desenvolvimento do sector privado, que obriga os hospitais públicos a serem mais bem geridos e mais eficientes. “O Estado deve os melhores resultados, pelo menos em parte, à concorrência dos privados. É a concorrência que estimula os aumentos de eficiência e esta pressão não pode ter fim, senão voltamos a ficar ‘moles’”, sublinhou Isabel Vaz, presidente da Espírito Santo Saúde. “Já não precisam dos privados?”, indignou-se. “Então os processo de melhoria param no tempo?”, questionou.
No que diz respeito a perspectivas futuras, o administrador da Hospitais Privados de Portugal, José Miguel Boquinhas, do grupo Caixa Geral de Depósitos, frisou que, nos próximos tempos, a concorrência entre o sector público e o sector privado deverá “estar sempre a aumentar”.
“Os novos hospitais públicos já estão a construir quartos com uma cama ou duas, há que ter isto em conta”, frisou o antigo secretário de Estado da Saúde e presidente do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental. Além disso, e para fazer face ao aumento dos custos com a Saúde, Boquinhas lembra que o Estado pode optar por reduzir os benefícios fiscais com a Saúde, para além de outras medidas que poderiam baixar a factura do Serviço Nacional de Saúde.
Para o presidente do Amadora-Sintra, Rui Raposo, o hospital que vai voltar à gestão pública no princípio de 2009, o crescimento do sector privado nos últimos anos deve-se pura e simplesmente à insatisfação dos doentes com o SNS: “a insatisfação força as pessoas a gastarem mais dinheiro na procura de cuidados no sector privado”, disse Rui Raposo, para quem o Estado deve centrar-se na função de “regulador” do sistema.
DE 15.05.08
Comentário: Não foi bem isto que a ministra disse.
Talvez o articulista do DE pretenda neste seu texto especular sobre o que a ministra quis dizer.
Este Povo não é solidário. Deleita-se com a escorregadela do PM em vez de se regozijar com a Sua decisão de deixar de fumar. Agora que o PM assegura maior longevidade física (a longevidade política é garantida pelo PSD) e menor custo para o SNS não ouvi ainda comentários entusiasmados por parte de quem o criticou veementemente antes do pedido de desculpas. Esta "tropa" nunca se contenta.
Quanto a Pinto da Costa, acho também que o convite dos deputados "portistas" não é isento quanto às questões de Justiça pendentes. É, claramente, uma forma de dar, em lugar políticamente importante e determinante, palco a alguém por quem poucos poriam a mão no fogo. E o discurso de Pinto da Costa não desmereceu. Esteve à altura de quem o convidou e dos motivos por que foi convidado: rasteiro.
Quanto a Pinto da Costa, de notar o mau exemplo do secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, aos abraços a PC no camarote presidencial do Estádio do Dragão.
Não é por acaso que somos um país de malandros!
O omnissapiente Paulo Kuteev- está nervoso. Pasme-se que até já tece loas por Ana Jorge. Depois de endeusar e diabolizar Correia de Campos vem agora discorrer sobre o pântano. Não será certamente sobre o pântano do carácter. O mais certo é pensar que está perante uma janela de oportunidade de se vir a constituir num líder da resistência aos avanços do sector público. Assim uma espécie de Che Guevara do neo-liberalismo prefigurando-se como o porta-voz dos (oprimidos) interesses privados que estão a ser ofendidos pelos”estrategas” do governo. Vem com a rábula habitual da abundância de evidência sobre a gestão clínica privada. Ficamos à espera que em vez de escrever mais colunas arredondadas nos traga relatos dessa tão boa evidência. Volta a falar da maquilhagem das contas da saúde (tão perturbadoras quanto irritantes para a sua estratégia e para os interesses que serve) não discorrendo sobre qual o efeito da cosmética contabilística no sector privado da saúde. Introduz uma nota de humor ao insinuar uma espécie de faro de perdigueiro na avaliação da qualidade dos gestores (certamente com muita pena de nunca ter gerido nada a não ser a sua ziguezagueante carreira pessoal). No fundamental esta prédica revela o estertor desesperado do oportunismo (esse sim circunstancial) de alguém que vive atormentado pela nostalgia de regressar a um grupo privado da saúde (e de lá não sair empurrado).
Porquê, só agora resolveram denunciar a situação?!
A resposta é muito simples: porque acabou o estado de graça do primeiro ministro e do governo.
E não há "constanças" que lhes valham!
O primeiro ministro tem que ser "exemplar" e se as críticas são exageradas (face à falta cometida) é bom recordarmos que ele próprio e o seu Partido não deixaram de criticar membros de governos anteriores quando eram oposição.
Aos que tentam branquear este comportamento incorrecto de JS e MP deemos recordar que "tão ladrão é o que vai à vinha como o que fica a vigiar".
AS IDEOLOGIAS ESCONDIDAS
Em interessante Editorial, assinado por Pedro Marques Pereira, sob o sugestivo título "O pecado do lucro" no DE, em referência ao recente Fórum Saúde, volta-se a discutir e a confrontar as performances do sector público e do privado, na área da Saúde.
Como lembrou o Prof. Pedro Pitta Barros, um dos maiores especialistas na matéria:
"Independentemente da ideologia, seja no público ou no privado, são sempre as populações a pagar a factura – através dos seus impostos, seguros de saúde ou contribuições para subsistemas.
Se o privado conseguir executar os mesmos serviços com maior eficiência, todos ganham, incluindo o sector público, forçado a tornar-se eficiente para competir."
Na verdade, começa a ser incomodativa, para não dizer redundante, a legião de cientistas ou de especialistas na matéria que, de maneira directa ou indirecta, proclamam a indiferença da ideologia, quando não a morte da ideologia.
Qualquer sociedade necessita de ser representada. Ideologicamente representada.
Agora, este discurso "neutro" sobre ideologias visa confortar a autoridade dos administradores e dos especialistas, dos gestores e dos técnicos é, por mais paradoxal que pareça uma ideologia.
Para citar Alain Benoist, um filósofo contemporâneo, mas fundamentalmente um crítico do liberalismo, do mercado livre, etc., mas acima de tudo, um ideólogo do paganismo: “vivemos hoje na ideologia da mercadoria, ou seja aquele momento onde a linguagem publicitária se tornou o paradigma de todas as linguagens sociais”.
Na verdade, nem toda a população num sistema público (onde pevaleça o mínimo de politica social) paga a factura de igual modo.
Porque, todos sabemos que, os portugueses com baixos rendimentos – pelo menos nos impostos directos – têm uma factura ou isenta ou “amenizada”. Não tem seguros de saúde ou, se os usufruem, é na condição de trabalhadores de empresas com seguros colectivos e os integrantes de subsistemas só no caso da função pública e de empresas públicas ou com capital público.
Neste último caso são vitimas de ataques que têm a mesma origem ideológica que a negação de ideologia. Isto é o "equilitarismo" em confronto ou em confusão com a equidade ( … a Direita francesa adora esse número).
Portanto são as populações que pagam. Mas nem todas da mesma maneira. No sector público há, ou deve haver, um factor de regulação derivado da política social.
“Se o privado conseguir executar os mesmos serviços com maior eficiência” é um puro apriorismo, Não foi submetido a qualquer prova que demonstrasse a sua evidência. Assim, o suponhamos e o ouvimos na discussão da gestão do H. Amadora-Sintra e dos futuros HH ppp’s. Assim parecem demonstrar os resultados disponíveis dos HH’s epe’s, entretanto conhecidos.
Mas mais falaciosa é a ilação de que estes ganhos puxam pela eficiência do sector público. Os ganhos conseguidos pelo sector privado ou são para re-investir se isso for estratégico em termos de reprodução dos lucros, ou para incorporar em reservas, ou vão para aos bolsos dos accionistas. Nunca aplicados para fazerem de “lebre” do sector público.
Aliás, é cada vez mais evidente para os portugueses, que o SNS finalmente acordou para o facto que terá de ser mais eficiente para sobreviver. Os sector privado está tão interessado no estímulo da competição como eu na chuva que caiu há 100 anos.
Se o SNS não se dotar de uma gestão eficiente e simultaneamente não conseguir bons resultados, quer quantitativos, quer qualitativos, o visível será a sua derrocada.
E o desfecho será – como todos sabemos – a sua absorção pelo Sector Privado da Saúde. Não o pecado do lucro, mas o triunfo do lucro.
O estímulo, derivado da concorrência, face aos anunciados sucessos da gestão privada, será a apropriação capitalista dos bens públicos (sociais, inclusivé).
Para isto convém que não existam ideologias. "À balda" dá mais jeito.
Mas o engraçado são os novos pruridos, tentando substituir os pregões de que tudo o que é público é mal gerido, deve dar prejuízo, ser o descalabro.
Evita-se falar do lucro. Não convêm que se note. É preciso escondê-lo dos olhares concupiscentes como fazem os cristãos em relação aos pecados da vida.
Nos tempos pós II Guerra Mundial considerava-se os lucros, os ganhos monetários ou de eficiência terríveis desvios da doutrina socialista.
Hoje, o verdadeiro socialista sabe que o grande “pecado”, o defeito, é ter perdas.
Mas os socialistas chegaram aí porque a ideologia, isto é, a necessidade de manter as conquistas sociais para aí os empurraram
.
Por isso, negar a ideologia é, também, entrar na senda do pecado.
Ao fim e ao cabo, Prof. Pitta Barros, os tais desaparecidos ideólogos são, como imaginou o pensador Henry Mencken:
“um idealista é alguém que, ao perceber que uma rosa cheira melhor que um repolho, conclui que ela também dará uma sopa melhor…”
Simples.
Ena...tanta gente com costela de lampião ou de lagarto com dores de cotovelo...
Pinto da Costa pode ter muitos defeitos...o maior será o de, com a sua liderança e carisma que imprime às equipas do FCP, incomodar tanta gente...
Mas que querem, é a vida ...
Enviar um comentário
<< Home