Saúde, público & privado
O que vou dizer pode parecer uma heresia, mas quem mais se aproximou da figura de Moisés foi uma personalidade política de direita de nome Leonor Beleza. Todos nos lembramos que foi durante o seu mandato que surgiu o regime de exclusividade, obrigatório para as direcções clínicas, directores de serviço e médicos em formação. E, também, de o trabalho em exclusividade poder ser condição obrigatória no perfil dos concursos de provimento.
Bem sei que eram outros tempos e que a direita não tinha no terreno alternativa credível ao SNS, como hoje já não acontece.
Bem sei que eram outros tempos e que a direita não tinha no terreno alternativa credível ao SNS, como hoje já não acontece.
Todo o ganho para a profissionalização do SNS foi rapidamente revertido por Arlindo de Carvalho, por pressão da Ordem dos Médicos, durante o segundo mandato de Cavaco Silva, como forma de conseguir a “paz social” na saúde e procurar assegurar a sobrevivência política do governo.
Maria de Belém procurou retomar a linha da dedicação exclusiva ao sector público mas foi rapidamente anulada nos seus propósitos. Verifica-se desde então uma política errática, mas com uma aposta clara no reforço do papel dos privados e na competição entre sectores, com os grupos económicos a procurarem contratar os melhores profissionais a tempo inteiro (o que o público não conseguiu fazer está a fazê-lo o privado). A nada ser feito em contrário, antecipo como resultado final um Serviço Público prestador residual na área hospitalar e, como consequência, no papel financiador do Estado (Bruxelas agradece).
Como sabe meu caro “e-pá”, uma linha estreita separa a direita da esquerda governante (PS) em termos de política de saúde; penso mesmo que actualmente é muito mais o que os une que aquilo que os divide.
Tá visto
Maria de Belém procurou retomar a linha da dedicação exclusiva ao sector público mas foi rapidamente anulada nos seus propósitos. Verifica-se desde então uma política errática, mas com uma aposta clara no reforço do papel dos privados e na competição entre sectores, com os grupos económicos a procurarem contratar os melhores profissionais a tempo inteiro (o que o público não conseguiu fazer está a fazê-lo o privado). A nada ser feito em contrário, antecipo como resultado final um Serviço Público prestador residual na área hospitalar e, como consequência, no papel financiador do Estado (Bruxelas agradece).
Como sabe meu caro “e-pá”, uma linha estreita separa a direita da esquerda governante (PS) em termos de política de saúde; penso mesmo que actualmente é muito mais o que os une que aquilo que os divide.
Tá visto
Etiquetas: Parcerias da Saúde
4 Comments:
Caro Tá visto:
Cito: "Como sabe meu caro “e-pá”, uma linha estreita separa a direita da esquerda governante (PS) em termos de política de saúde; penso mesmo que actualmente é muito mais o que os une que aquilo que os divide."
Em termos de políticas sociais no aspecto global, podemos - em detrimento do indispensável esclarecimento e discernimento político - estar de acordo.
E, convenhamos, noutras áreas políticas, nomeadamente, nas económicas.
Neste momento, felizmente ainda existe uma substancial diferença entre o posicionamento político do PS , do PSD e CDS, quanto ao SNS.
Será um campo residual, onde também infelizmente todos os dias recuamos.
No campo das soluções é que o terreno não estão tão limpido (nomeadamente contaminado por soluções neo-liberais).
Ainda hoje assistimos ao deprimente espectáculo protagonizado entre a Ministra e o Ministério das Finanças sobre a questão do contracto com a ADSE e o Hospital da LUZ.
E o que diz sobre Leonor Beleza é, como suspeitou, uma completa heresia.
Leonor Beleza foi quem mais atacou os médicos, de braço dado com o compincha Costa Freire e, pior do que isso, quem mais dividiu os médicos (com o regime de exclusividade) e criando dentro dos HH's e no seio dos médicos, enquanto corporação, uma situação de iniquidade que ( podemos dizê-lo) perdura. E a finalidade política, posso garantir-lhe, não era o fortalecimento do SNS. Se há alguém que deva agradecer-lhe será a ANF.
Teve, porém, uma virtude. Foi a única Ministra que conseguiu unir de forma determinada os médicos contra a política de Saúde e, obrigou, Cavaco Silva a procurar a tal "paz social". Absolutamente, fictícia.
Mas isto é um assunto longo, com muitos personagens e mais episódios...
:)
Não!
Em regime de out-soucirng.
(Até as funções de autoridade, veja-se lá...)
Não querendo forçar o diálogo, lembro ao amigo "e-pá" que o National Health Service proposto em 1948 por William Beveridge não teve na altura o apoio da congénere Inglesa da Ordem dos Médicos. Todos nos recordamos também da frontal oposição da Ordem de Gentil Martins à criação do SNS e de outras diatribes.
Invocar o sentir das corporações como barómetro da qualidade da política de saúde é pois frequentemente enganador.
Com certeza!
Mas onde coloca - no espectro político nacional - Gentil Martins?
O SNS foi o fim das concepções elistas de Gentil Martins e o começo da "socialização" da medicina, cujo paradigma foi, já depois da criação do SNS, o Serviço Médico à Periferia, como "porta de entrada" para uma carreira médica pública.
Esta situação, decorrente da criação do SNS, como sabe, "pegou de estaca".
Agora a história do público & privado da Saúde em Portugal - que não se confina só aos médicos - tem muito que se diga, que conversar...mas nunca defendi que fosse espelho de qualquer situação.
Os comportamentos dos cidadãos sobre as questões sociais, as solidariedades, os compromissos, ia a dizer que começam nos bancos e nos recreios das escolas e têm pouco a ver com as futuras profissões. Começam na educação e terminam em opções políticas (com certeza diferentes, todas legítimas).
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