domingo, maio 4

Avaliar, eis a questão


Curiosa esta discussão sobre a avaliação. link Vejamos as alternativas:
a) não avaliar - resultaria a acusação de falta de responsabilização (calculo que alguns comentadores usariam termos como "regabofe")
b) avaliar, mas sem anunciar a metodologia - resultaria a acusação de partidarite, amiguismo, corrupção, protecção de uns sabe-se lá porque razões.
c) avaliar, com anúncio da metodologia link- acusação de sistema complicado, etc... (ver os comentários anteriores).
Ou seja, querendo-se há sempre um motivo para estar contra.
Dentro deste contexto, estou com o Xavier, não se percebem as criticas. Ao menos com o sistema apresentado tenta-se dar alguma objectividade.
Nas empresas privadas, a vida é mais simples: a equipa de gestão dá retorno ao accionista? se sim, muito bem; se não, muda.
O sistema é de facto mais simples, e aqui também poderia ser aplicado - basta definir retorno para o Estado, algo como ganhos em saúde por euro gasto. Mas calculo que logo venham dizer que a realidade é mais complicada e multidimensional do que apenas este indicador...

Mas a verdadeira prova será feita com a aplicação da avaliação.
lisboaearredores

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8 Comments:

Blogger Joaopedro said...

O Prémio da madrinha Snake

É absolutamente necessário avançar com o modelo de avaliação dos Conselhos de Administração (CA) proposto porque isto continua o mesmo "regabofe" de sempre.
O catálogo de situações é vasto: correligionários do bloco central, amiguismo, protecções várias (opus dei, maçonaria).
Como foi possível por exemplo a nomeação recente de uma administradora para vogal de um CA de um hospital de Lisboa, depois de ter cometido as maiores tropelias no hospital onde anteriormente exercia funções ?

1:39 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Caro lisboaearredores:

Enquanto vou levantando questões sobre a pertinência da avaliação dos CA dos HH’s EPE’s, vou sendo “zurzido” por concepções, já definidas, e que parecem imutáveis.
Não tive oportunidade de discutir este assunto em devido tempo, nem sei se o mesmo foi posto a discussão pública.
Não conheço as posições dos organismos representativos dos diversos grupos profissionais, sobre esta temerária mudança.

Parece-me que chegou o tempo da sua imediata execução.
Há na equipa residual de CC que permanece no MS, um notório e explícito interesse em avançar, já e em força. Não tenho qualquer recordação de alguma referência da actual Ministra a este assunto. De facto, considerado na globalidade este projecto, se houvesse uma demissão política do Governo sobre a Saúde, traduziria, para a Administração Hospitalar, a tomada de Tróia.
Só que, o poder político conhece a história do cavalo intruso. E a avaliação, dissimulada de Helena, não será o instrumento que proporcionará recuar a determinação do poder político de controlar o sector social, entre ele, um dos mais estratégicos: a Saúde.
Continuo a manifestar reservas sobre a oportunidade, a urgência e a oportunidade deste tema, quando existem nos outros grupos profissionais e estruturas funcionais dos Hospitais muito trabalho organizativo para fazer.
Quando falo, p. exemplo, sobe a definição do “acto médico” parece que estou a clamar sobre fantasmas. Não compreendo como se pode fazer avaliações sobre dadas intervenções (podemos estar a restringir-nos em termos de “resultados”), quando numa dada intervenção se ignoram parâmetros como: a) complexidade e diversidade do contexto; b) como se utilizou as informações; c) os dados e os meios fornecidos a todos os grupos (e não necessariamente aos gestores e administradores)
Toda a acção de âmbito social, dentro de um Hospital, envolve vários actores (os trabalhadores da Saúde) que desempenham papeis, interesses, lógicas e utilizam linguagens diferentes.
Não muitas vezes estes trabalhos, ou estas acções, desempenham papeis contraditórios (basta haver má coordenação).
Quando se pretende iniciar um processo de avaliação sobre uma parte deste complexo ambiente – que seja sobre contratualizações, objectivos, programas ou resultados – ou até, sobre Serviços e/ou Departamentos (com alguma autonomia de gestão) não se podem atribuir significados valorativos e específicos a situações parcelares (elementos) sem considerar a globalidade, ou a lógica e a interferência directa ou indirecta dos outros (nomeadamente dos Serviços e Departamentos Clínicos) fora de contratos (programas, por objectivos, ou outros) prévios.
No entanto, em todo o Mundo, verificamos o que se está a passar em Portugal. A avaliação é completamente direccionada para os gestores e administradores, em detrimento:
a) do doente (consta dos parâmetros sem conhecermos o “peso” relativo);
b) dos outros profissionais envolvidos, p. exº., nos programas assistenciais;
c) e, minimizando ou mesmo ignorando, os parceiros institucionais ou comunitários (p. exº: Poder Local, Regional, associações, etc).
Finalmente, um problema major em todo este processo de avaliação. A escolha dos temas de avaliação determina os interesses do grupo, pode enviesar os resultados, prejudicar abordagens mais aptas, desfavorecer a detecção ou a pesquisa de efeitos adversos – nomeadamente sobre os utentes.
No contexto político actual, essencialmente virado para a busca da eficiência dos programas em curso, começa a merecer reservas dos avaliadores.
As alternativas à estreiteza da análise financeira, bem como mecanismos de protecção que podem ser desenvolvidos à volta dos grupos empenhados na sua execução e desenvolvimento, podem aconselhra que todo este processo de avaliação saía para fora das paredes dos campus burocráticos (ARS, incluídas). A eventualidade de existirem processos alternativos de avaliação, mais abrangentes, mais participativos, não me parece de excluir.
A avaliação tenta entrar no contexto público reproduzindo métodos das empresas privadas.
A avaliação de empresas públicas traduz, em primeiro lugar a marca hegemónica do poder central em exercício, mas outros afloramentos de poder – ou de poderes. Sempre em redor da política.
A avaliação essencialmente baseada sobre a análise financeira e dos resultados, não pode evitar tecer cumplicidades com estruturas hierarquicamente superiores de modo “atenuar” pressões políticas ou, até, administrativas.
Quando está em marcha um processo de avaliação com esta complexidade, os avaliadores, isto é, o Estado, que no caso não representa a Empresa, mas os interesses universais para uma determinada comunidade demográfica, tem deter capacidade para tomar em linha de conta a grande diversidade do que está a ser avaliado.
Em Portugal, isso não me parece possível.
Finalmente, no nosso País, não será possível autonomizar o controlo do processo avaliativo ao grupo profissional promotor dessa avaliação., que valorizará (ou desvalorizará) o interesse de determinada intervenção, definirá quais os dispositivos (técnico e humano) para o desenvolvimento de programas (previamente discutidos?) e cairá na tentação de elaborar directrizes à revelia dos outros grupos profissionais.
É aqui que entra a ética.
Veremos se o processo de avaliação dos CA dos HH’s EPE’s não será acompanhado de incentivos para os cumpridores e de prémios para os excepcionais.
A situação so SNS de financiamento púbico com gestão pública é muito complexa e delicada. Para saber isto, não é preciso recuar muito na história. Basta olhar para a confusão instalada sobre a avaliação dos professores.

Provavelmente esta situação determina uma avaliação, também, pública e o fim ds processo de avaliação metendo jogadores e arbitros, simultaneamente.

Finalmente:

Helena concordará com a entrega de Tróia?

1:42 da tarde  
Blogger Tá visto said...

“e-pá” diz >>Quando está em marcha um processo de avaliação com esta complexidade, os avaliadores, isto é, o Estado, que no caso não representa a Empresa, mas os interesses universais para uma determinada comunidade demográfica, tem de ter capacidade para tomar em linha de conta a grande diversidade do que está a ser avaliado.
Em Portugal, isso não me parece possível.

Eu digo, é não só possível como é fundamental para a sustentabilidade do SNS. E não precisamos de inventar a roda, esta é a prática corrente em todos os países comunitários seja qual for o modelo de Saúde em causa (de financiador único, como o nosso; ou de seguradoras). O que se pode discutir é o valor ponderal dos diversos itens, por exemplo: valorizar mais os resultados “outcomes” ou o grau de satisfação dos doentes?
A avaliação é falível? Claro que sim. Mas pior que tudo é a irresponsabilidade que advém de não haver avaliação nenhuma. E, aqui, estamos a falar de uma avaliação interna, exercida pelo financiador Estado sobre o prestador, que, embora sob a capa EPE é a mesma entidade. Para tornar tudo mais credível, haveria a necessidade de esses mesmos resultados poderem ser escrutinados por um avaliador externo que, no nosso caso, deveria ser a Entidade Reguladora da Saúde. Mas, há o senão dessa mesma entidade estar na dependência directa do Governo caindo-se numa situação de “pescadinha de rabo na boca”. Todos nos lembramos da polémica em torno da subordinação da ERS, para assegurar a isenção era pois determinante que tivesse ficado sob a alçada da Assembleia da República.
Por último, dizer que essa mesma avaliação terá de ser estendida de alto a baixo em cada hospital do SNS. Os directores dos organismos intermédios de gestão e os directores de departamento e de serviço, têm de ser envolvidos nos resultados da instituição e nas consequências que possam advir do bom ou mau desempenho. Bem sei que já não há directores vitalícios tipo “grand patron”, mas na prática é ainda um tanto assim.
O SNS, como os demais serviços públicos, não podem ser “albergues espanhóis” onde todos cabem independentemente do mérito. A “balda” só serve os interesses daqueles que procuram nas ineficiências do sector público alimento para desenvolver os seus negócios privados. Foi assim que surgiu a ANF, é pela mesma frincha que espreitam os grupos económicos.

9:10 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Caro e-pá!

Desconheço se o assunto da avaliação foi colocado, ou não, em discussão pública, mas pelo menos estamos nós a discuti-lo aqui!!

É provável que cada cabeça tenha a sua sentença sobre o que deve ser a avaliação do desempenho em hospitais, mais ou menos informada e enformada pela sua actividade profissional.

Mas mais do que condenar o actual sistema lançado (tanto quanto percebi ainda em moldes experimentais), parece-me sobretudo útil concorrer com ideias para a sua melhoria.

Repare que uma das vantagens do sistema proposto é a de proporcionar, desde já, o seu escrutinio e discussão, o que é salutar.

Se este processo de avaliação fornecer informação que se torne publicamente disponível sobre o desempenho dos conselhos de administração, nada impede que se faça uma ponderação diferente dos mesmos indicadores, ou uma leitura diferente dos números, um eventual ranking SAUDESA, mas de alguma forma se tem de dar o primeiro passo.

Cabe-nos a nós, cidadãos, exercer o escrutínio sobre estes processos. Mas espero que concorde comigo que antes um processo imperfeito, onde se possam ir detectando e suprindo insuficiências, do que a ausência de qualquer processo de avaliação.

Até ao próximo post ou comentário,

10:34 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Caro lisboaearredores:

Vamos ver se nos entendemos!
Não tenho nada contra as avaliações, sejam de que tipo forem, desde que preservem o equilíbrio e a equidade entre as instituições, os trabalhadores e os dirigentes.
Se existe grupo profissional que passa largo tempo em avaliações são os médicos.
As minhas reservas são contra os métodos e processos de avaliações.
Quando comecei a minha carreira médica, na minha especialidade, mais de metade dos candidatos a chefe de serviço, não eram admitidos.
Entretanto começaram a degradar-se as carreiras e as condições de trabalho hospitalares, começaram a passar todos, com altissimas notas. Uma reacção tipicamente portuguesa - de "arrebendita".
Quando, nos HH's EPE's se lançam a todo o gaz um processo de avaliação dos CA's, sem que as estruturas intermédias tenham resolvidos problemas de base, primários, o que estamos a fazer?
Avaliações ou vamos medir o tamanho do chicote (figurativo) que põe ou exclui os HH's do topo dos resultados?

O facto de Alberto João ser o presidente do Governo Regional da Madeira - passando pelo difícil teste de avaliação dos eleitores - não me põe a gritar contra a democracia ou contra a autonomia insular.
Mas digo e repito que as condições democrátcas na Madeira são más ou insuficientes. Já o dizia antes da vergonhosa e recente visita de Cavaco Silva e continuo a dizê-lo.
Portanto, sendo literalmente a favor das eleições, tenho de reconhecer que há sempre lugar para regabofes e preversões. Nomeadamente quando formalizamos os actos, perdendo contextos.

Por isso insisto, avaliações do desempenhos dos HH's, envolvendo todos os trabalhadores da instituição, depois de se criarem condições de participação no processo.
Depois, não esquecer o activo e límpido envolvimento das comunidades demográficas circundantes e dos utentes, sem tutelas administrativas ou profissionais.

Avaliação só do CA, vai ser complexo.

11:58 da tarde  
Blogger xavier said...

Caro e-pá! com toda a consideração e simpatia que me merece quero-lhe dizer o seguinte.

O caro amigo continua a "atirar a tudo o que mexe", sobretudo se lhe cheira a AH. Sem cuidar em afinar a pontaria passa o tempo a "atirar ao lado". Senão vejamos:
a) Mistura batatas com pêras. Discute-se a avaliação de gestores e o caro e-pá! vem fazer referências à definição do acto médico?

b)Confunde o objecto:
1º Vai fazer-se avaliação dos gestores, não dos médicos e dos profissionais. E aí o que deve fazer-se primeiro: começar por baixo (pequenos) ou por cima (quem deve dar o exemplo), até para mostrar que a avaliação é para todos e não apenas para o mexilhão?

2º Diz que os EUA e GB fizeram de modo diferente mas não diz o quê. («O modelo que se pretende incrementar é de certo modo decalcado do NHS. Há outros, como por exemplo, o Joint Comission on Acreditation of Hospitals" (JCHA)»). Note-se que a instituição é a JCAHO (Joint Commission on Accreditation of Health Organizations). Não será a avaliação dos resultados dos hospitais? O que é diferente de avaliar os seus gestores. Se conhece os modelos e se incidem sobre gestores então mostre-os aqui na saudesa, seria (finalmente) algo concreto em vez de apenas efabular e discorrer sobre algo que não conhece.

c) Baralha os estatutos e ambientes. «... Equidade interna na Administração Pública» (?) dá a impressão que entrou com pompa e circunstância mas na discussão errada e com argumentos de quem não quer é que haja avaliação, qualquer que ela seja. Avaliar funcionários e dirigentes é, por definição dos ditos, avaliar em ambiente e com estatutos de Administração Pública. Aqui estamos em ambiente de empresa pública (EPE) e é de avaliar os gestores que se trata.

d) Consequências são ora o céu ora o inferno. O caro e-pá! tão depressa insinua que é para dar benesses e distribuir regalias como acusa que é para «despedimentos sumários» em ambiente (conspirativo) partidário, era bom que se definisse, em vez de continuar a disparar ora para a direita ora para esquerda.
Avaliação sem consequências é exercício sem sentido. O objectivo da avaliação é a melhoria contínua (da gestão e dos resultados) mas se não houvesse qualquer risco pouca seria a motivação para empreender e arriscar a mudar/melhorar. Por outro lado quem consegue bons resultados deve ser premiado e quem maltrata os HH públicos deve se afastado - isto não é claro e normal?

e) Ficciona poderes e intenções. Segundo o artigo do TM trata-se de avaliar a gestão, como prescreve a lei das empresas públicas e de forma semelhante à das restantes, para garantir accountability, bom uso do dinheiro dos contribuintes e resultados cada vez melhores nas diferentes dimensões. O e-pá! vem com inventonas de AHs, com falta de auscultação dos restantes grupos profissionais e, até, antecipa «...tribunal de gestores e administradores hospitalares».

Caro e-pá! com toda a estima termino fazendo votos para que faça um esforço de molde a não cair em argumentação ridícula.


Um abraço.

1:29 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Caro Xavier:

Tanto quanto percebi existe uma Comissão para o Estudo da Avaliação dos CA dos HH's EPE's, cujo modelo não estará definido - entrará em fase experimental em alguns Hospitais - e qualquer reparo, qualquer questão, qualquer sugestão, qualquer análise ao ambiente hospitalar (desculpe devo acrecentar empresa); qualquer referência aos problemas doso utros grupos profissionais, são questões "ridículas".
Gostaria de acrescentar que esses Hospitais-Empresas, não serão, o paradigama, de como afirma:
"avaliar a gestão, como prescreve a lei das empresas públicas e de forma semelhante à das restantes, para garantir accountability, bom uso do dinheiro dos contribuintes e resultados cada vez melhores nas diferentes dimensões".

Porque se forem, algo está errado, nomeadamente na produção e resultados...
Caro Xavier: Não transforme assuntos para discutir, em tabus.

9:36 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Caro Xavier:

Uma pequena e breve adenda.

Lamentavelmente, passou-me ao lado aquilo que, parecendo superfluo, queria salientar porque, ou muito me engano, ou vai acabar por tansformar-se no leitmotiv dessa questão.

Cito:

"O objectivo da avaliação é a melhoria contínua (da gestão e dos resultados) mas se não houvesse qualquer risco pouca seria a motivação para empreender e arriscar a mudar/melhorar. Por outro lado quem consegue bons resultados deve ser premiado e quem maltrata os HH públicos deve se afastado - isto não é claro e normal? "

- Claro e limpido para todos os trabalhadores da Saúde.

Porquê, então só aplicável aos gestores?

- Os resultados são só dos CA's?
- As inovações de gestão são só vividas e trabalhadas nos CA's?

"Todos os espíritos são invisíveis para os que não o possuem, e toda a avaliação é um produto do que é avaliado pela esfera cognitiva de quem avalia".
Arthur Schopenhauer in "Aforismos sobre a Sabedoria da Vida".

7:36 da tarde  

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