CIT, génese de todos os males
... «Depois de Paulo Fidalgo ter mencionado um estudo da Delloite em que se conclui, segundo disse, que a «estruturação de saberes parece não caber» na forma como os hospitais são financiados e organizados actualmente, José Roquette afirmou não concordar com essa conclusão. E indicou que «o que está a acontecer é que os hospitais EPE destruíram completamente as carreiras com o contrato individual de trabalho». Da mesma forma, Pedro Nunes chamou a atenção para o facto de este tipo de contrato ter sido «aparentemente» a «solução para todos os problemas» e agora ser a «génese de todos os problemas»...
Entretanto, o documento sobre a reestruturação das carreiras médicas só será apresentado no fim do ano, conforme confirmou o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Pedro Nunes .
Entretanto, o documento sobre a reestruturação das carreiras médicas só será apresentado no fim do ano, conforme confirmou o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), Pedro Nunes .
TM 23.06.08
2 Comments:
Mais surpreendentes que as palavras do Director Clínico do Hospital da Luz são as de Maria de Belém. Aqui se transcrevem como constam na notícia:
As críticas de Maria de Belém Roseira
Foram vários os “recados” que a presidente da Comissão Parlamentar de Saúde, Maria de Belém Roseira, deixou na intervenção que fez no jantar-tertúlia. Apesar de a crítica mais directa ser à Entidade Reguladora da Saúde, ao dizer que este organismo “tem um problema de identidade”, pelo que “quem não sabe o que é, não sabe o que faz”, a própria Ordem dos Médicos não foi poupada. Manifestando a opinião de que “ninguém faz regulação na Saúde, nem no público, nem no privado”, a responsável afirmou que “a Ordem tem aqui um papel crucial”, no que respeita à “capacitação técnico-científica” dos profissionais. Até porque, frisou a antiga ministra da Saúde, “a OM é uma associação pública, o que quer dizer que tem poderes delegados do Estado”. E concretizou: “O que a OM faz, fá-lo porque tem competências para o fazer e tem de as exercer a par do Estado.”
Mas nem o próprio Estado escapou às críticas da deputada. E porque, na sua opinião, assistiu-se ao surgimento de uma sector privado que “cresceu à custa de recursos públicos” sem que tivessem sido negociadas contrapartidas. Esta “distracção”, acusou Maria de Belém Roseira, constitui um “crime económico”.
Se em nada surpreendem as críticas aos putativos órgãos reguladores, depois de Campos e Cunha ter posto a nu as causas da sua ineficácia pouco mais haverá a acrescentar, já etiquetar de crime económico a forma como os privados se vêm apropriando dos recursos públicos no seu afã de se substituírem ao SNS, causa um espanto de “abrir a boca”. Não porque seja uma atoarda, mas por vir de quem vem; de uma personalidade com elevadas responsabilidades políticas (militante do Partido no Governo, ex-ministra e Presidente da\Comissão Parlamentar de Saúde).
Então mas o Estado está em autogestão? Não foi precisamente durante a governação da "coisa pública" pelo PS que o sector privado mais ousou cavalgar sobre o Serviço Público de Saúde sem que uma voz de aviso à navegação (Manuel Alegre e António Arnault, à parte) se ouvisse vinda do Partido no Governo?
É que se há crime tem de haver vítima, essa está identificada, e criminosos; esses quem são? Quem, em nome de todos, se comprometeu com os privados a entregar-lhes fatias crescentes dos cuidados de saúde? E que contrapartidas haveria a negociar? Ressarcir o erário público por cada profissional cuja formação, paga por todos, os privados lhe subtraem? Taxar as mais valias que os privados vão arrecadando à custa da nossa saúde? Vender por bom preço a ADSE às seguradoras em vez de a ir liquidando ao permitir-se o “opting out”?
Recomendaria pois à Drª Maria de Belém que em vez de uma linguagem hiperbólica procurando, admito, mandar mensagens para o seio do seu partido, se empenhasse de forma mais aberta na defesa do SNS juntando-se ás vozes críticas que, sobre esta matéria, se vão ouvindo de forma crescente no seio do seu Partido. É que se alguém tem andado distraído quanto ao “take-over” dos privados sobre o SNS é precisamente o governo do Partido Socialista.
Independentemente de posições onde partilhamos de uma diametral oposição, a asserção do José Roquete é certeira:
"o que está a acontecer é que os hospitais EPE destruíram completamente as carreiras com o contrato individual de trabalho».
Nada mais verdade. Seguiu-se o caminho mais fácil, desarticulou-se os Serviços e Departamentos e construiu-se um “monstro” técnico-científico onde faltam duas coisas fundamentais: articulação e integração.
Deixo de fora, porque é ainda mais gravoso, destruiu-se toda a estrutura de formação pós-graduada.
Vão faltar médicos em diferentes perspectivas. Na numérica e o que é mais clamoroso na qualidade.
A Delloite que parece actuar em Portugal como líder de Country Managing Partner, tem como dirigente Luís Magalhães, um homem do sistema financeiro.
Apoia afanosamente as reuniões do Beato da lavra do Sr. Carrapatoso e do Sr. Bagão Felix (Compromisso Portugal) e pode ser exímia na construção de carreiras e na sua articulação com o outsourcing (sua obsessão)
Além disso, usa repetitivamente uma linguagem de feirante: o sucesso! Cansativo.
O SNS, para seu descrédito, não tem uma estrutura típica ou característica de empresa.
Felizmente, Ana Jorge, sabe o que são carreiras médicas e conhecerá aquilo que deve ser mudado, mas nunca destruído.
Nunca pensei nos tempos mais próximos subscrever afirmações de José Roquete. Mas a situação é incontornável, para não dizer desastrosa.
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