Regime de Exclusividade
A implementação da dedicação exclusiva é uma excelente medida do Governo, destinada a pôr termo à promiscuidade entre medicina pública e privada e melhorar a performance do SNS. Que só peca por tardia link
A promiscuidade entre os sectores privado e público, é no entender do professor Manuel Antunes, a principal causa de falta de produtividade dos serviços hospitalares. No actual sistema, cerca de 90% dos médicos estão integrados no sector público e destes a grande maioria faz também parte do sector privado, que funciona como um sistema paralelo, supletivo do Estado. Isto é, o Estado paga os serviços que presta e muitos dos que são prestados pela concorrência, com a agravante de que os concorrentes são os mesmos que prestam os serviços públicos. (Prof. Dr. Manuel J. Antunes, referido pelo Brites) link
Como era de esperar, o senhor bastonário da OM está contra. link
A promiscuidade entre os sectores privado e público, é no entender do professor Manuel Antunes, a principal causa de falta de produtividade dos serviços hospitalares. No actual sistema, cerca de 90% dos médicos estão integrados no sector público e destes a grande maioria faz também parte do sector privado, que funciona como um sistema paralelo, supletivo do Estado. Isto é, o Estado paga os serviços que presta e muitos dos que são prestados pela concorrência, com a agravante de que os concorrentes são os mesmos que prestam os serviços públicos. (Prof. Dr. Manuel J. Antunes, referido pelo Brites) link
Como era de esperar, o senhor bastonário da OM está contra. link
Etiquetas: Politica de Saúde
21 Comments:
O Sr Bastonário até consegue ver uma possível inconstitucionalidade...
Na mouche.
A inteligência e coragem chegou ao Ministério da Saúde.
Mais vale tarde do que nunca.
Será que merecemos este bastonário?
Politica de Investimento no SNS. Um projecto para levar a Saúde a todos os portugueses.
a) Hospital Amadora Sintra EPE
b) Os HUC vão iniciar os transplantes de pulmão a partir de Setembro.
c) Plano de Intervenção em Oftalmologia (PIO) implementado nos hospitais públicos visa dar assistência a mais de cem mil utentes.
d) Inaugurado o Centro Oncológico de Vila Real (COVR), para atendimento de meio milhão de habitantes da região de Trás-os-Montes e Alto Douro.
e) Dedicação exclusiva dos médicos do SNS.
Acreditando que a medida se insere no objectivo de caminhar no sentido da separação de sectores, a decisão é de saudar. No entanto, concordando com o princípio, exclusividade dita "a seco" pouco diz. Que carreira pública vai ser oferecida aos médicos? Que majoração salarial vai haver? Haverá direito a incentivos?
É que, dito desta forma, também se poderá pensar que a medida tem como objectivo tabelar por baixo os salários dos médicos do SNS. Se assim for os privados agradecem.
O bastonário da OM elogiou a actuação da Ministra da Saúde na busca de soluções mais sensatas para resolver os problemas do sector, salientando a existência de melhoria relativamente ao anterior titular.
Existe uma aposta, vê-se qual é o caminho que é de requalificação e de aposta na melhoria
DE 29.07.08
O encantamento do senhor bastonário quebrou-se com o anúncio da medida da dedicação exclusiva dos médicos do SNS.
Medidas sensatas, muito bem,desde que não batam à nossa porta.
Será que merecemos este bastonário?
A questão da exclusividade veio acentuar o clima de crispação que se vive no sector da saúde. Com efeito, esta matéria constitui a “pedra de toque” de muitas das dificuldades e constrangimentos que o SNS tem vindo a defrontar ao longo dos últimos anos. As reacções (habituais) denunciam a má consciência de muitos dos actores que pretendem perpetuar um modelo que privilegia o interesse particular em detrimento dos interesses dos cidadãos. A postura destemperada e despropositada dos dirigentes dos grupos privados revela bem a percepção do risco em que se encontram. Os ataques à Ministra, as tentativas de denegrir e desvalorizar a gestão dos HH’s públicos fazem parte de uma estratégia concertada que visa evitar que os planos delineados no consulado de LFP se desmoronem por completo. Com Ana Jorge está cada vez mais difícil retalhar e “assaltar” o sistema público. Fica assim comprometido o objectivo fundamental de capturar os indispensáveis fluxos financeiros que viabilizem os megalómanos projectos privados. Com efeito os planos de negócios de algumas destas iniciativas empresariais incorporaram, implicitamente, a predação do SNS. A “aventura” empresarial embora tenha sido barrada com o creme das “influências” tem visto os seus resultados, frustrantemente, comprometidos desde que Ana Jorge chegou. Se o desempenho económico e financeiro de muitos destes grupos fosse público e transparente, escrutinado livremente (como acontece na rede pública) e não subsistissem as almofadas de amortecimento dos grupos financeiros que os suportam tudo seria muito diferente. Infelizmente existem, ainda, muitas pessoas que se deslumbram pela aparência de muito dinheiro e de alguns “powerpoints” high-tech. Todos sabemos que o sector privado não sobreviveria sem a muleta do Estado. É por isso que o “ataque” sistemático ao sistema público é um desiderato fundamental. A pior coisa que poderia acontecer aos “negócios privados” seria consolidar um modelo de serviço público eficiente, acessível e humanizado. A estocada final seria dada pela “dedicação exclusiva”. Esta restringiria a possibilidade de cirurgiões que trabalham de manhã no sector público pudessem “oferecer” resposta cirúrgica, imediata, à tarde no sector privado ou de operarem, em unidades convencionadas do SIGIC, doentes gerados em lista de espera nos HH’s onde trabalham. Dificultaria também a prescrição de MCDT’s para as clínicas convencionadas onde trabalham ou têm sociedades. Criaria muitos obstáculos à transferência (em estado de necessidade) de doentes oncológicos (por fim do capital do seguro) para o hospital público de referência. Inibiria o desplante de “acumulações” de responsabilidades geradoras de conflitos de interesses de enorme gravidade nos dois sectores. Tornaria muito difícil o “encaminhamento” dos doentes privados para a administração de terapêuticas dispendiosas. Comprometeria decisivamente o papel de “back-office” dos HH’s públicos bem como o seu inestimável papel na “angariação” de clientes. A “dedicação exclusiva” comprometeria, igualmente, o prestígio adquirido nos HH’s públicos. Actualmente, encontram-se reunidas todas as condições para afirmar uma linha política clara de defesa do serviço público, subordinada a uma matriz de valores de isenção, rigor, profissionalismo e serviço ao cidadão. Separando o trigo do joio. Premiando a ética em detrimento da “comercialização patológica” do sistema de saúde dominada pelo oportunismo, pelo lucro fácil e pela captura do Estado. Desmascarando a “eficiência e a qualidade” marketing-oriented de que são lapidar exemplo a mentira dos baixos preços geradores a médio prazo de elevadas frequências e de prestação de cuidados desnecessários. Se houver coragem política e resistência “às pressões” poderemos chegar a Outubro de 2009 confiantes de que o SNS resistirá.
A notícia publicada ontem pelo Correio da Manhã, sobre uma ideia clara do Governo de discutir um regime de exclusividade com médicos, foi propagada durante todo o dia pelos media, assim como a resposta dos visados: um não e uma promessa de guerra. Avaliada a reacção, a ministra da Saúde recuou de imediato, afirmando ao Diário Económico que a ideia é boa, mas que “no curto prazo [algo que em Portugal pode significar anos] não tem condições para ser aplicada”. Percebe-se porquê – tendo em conta o “mercado”, como lembram os médicos, a ideia não é boa, nem praticável. Um especialista reputado pode ganhar mais num dia de trabalho num hospital privado do que durante todo o mês no público; a exclusividade no SNS rende 1.800 euros brutos. Sugerir que os médicos tenham que escolher – não tendo o Estado condições para competir nos salários – é abrir a porta para deixar sair os melhores para os privados. E liquidar, claro, qualquer resquício de equidade social que ainda possa existir em Portugal.
DE 30.07.08
Não a ideia é clara e faz sentido se enquadrada num processo de negociação de revisão das carreiras dos m,édicos hospitalares. Com a introdução de outros níveis de remuneração variável de acordo com a produtividade. Bem feitas as contas, a margem de ganhos de eficiência, obtidos com esta reforma, daria para fazer face aos aumentos de remuneração do pessoal médico.
É evidente que esta medida iria afectar o sector privado retirando-lhe parte da dita vantagem competitiva.
Esta é que é a verdadeira equação desta medida e não a que o senhor jornalista do DE quer fazer passar nesta notícia.
Moral da História: A medida é boa mas não há estaleca política para a implementar.
Dito de outra forma: Carece de oportunidade.
Repto:
- Acabar com horário 42H DE
- Todos em 35H SDE
- Desfasamento de horários (muito mais difícil de executar; falta de coragem?)
- Afaste-se/despeça-se
Pergunta:
- Que desempenho/produção diminuiria?
- Quais as necessidades de Pessoal Médico "neste" SNS?
Cumprimento "pensador" por sintetizar tão bem os conflitos de interesses entre público e privado. É tudo tão escandaloso que foi o próprio Bastonário que, em entrevista ao Canal 1 da TV, utilizou o termo promiscuidade para defir o estado da "coisa". Bem sei que foi um lapsus linguae que prontamente tentou corrigir argumentando ter utilizado a expressão por ser a forma corrente de as pessoas se referirem a estas poucas-vergonhas (digo eu).
Esgrime-se hoje o papão da fuga de médicos para o privado para fazer abortar a ideia à nascença, quando a realidade é precisamente a oposta. Não se caminhando de forma decidida e sem tibiezas, na separação de sectores, objectivo em que esta medida se deve inserir, os privados acabarão por absorver a maioria dos médicos por inacção do Serviço Público.
O tema da discussão está lançado. E bem lançado. Basta ver as inúmeras reacções, umas mais sensatas dosqueoutras.
A dedicação exclusiva deverá ser o contraponto de uma carreira hospitalar devidmente estruturada e remunerada. A decidir a curto prazo para uma implementação a longo prazo.
Os ganhos de eficiência conseguidos com esta medida, dão para cobrir os novos encargos, como já aqui foi referido.
Estamos perante uma medida angular do novo projecto de salvação do nosso SNS, até agora, tão bem delineado pela actual ministra da saúde.
Uma verdadeira desafio para os empresários do sector privado da saúde que estão sempre a falar em concorrência e qualidade por conveniência.
Prometia ser explosivo, acabou por ser uma bomba de Carnaval. Ontem os médicos foram surpreendidos pela intenção do Governo de os fazer escolher entre o privado e o público.
Os sindicatos refilaram, houve promessas de inconstitucionalidade, os médicos disseram, que assim, não compensava.
A meio do dia, Ana Jorge, disse que, afinal, era só uma ideia sem data nem texto definido. Se a ministra recuou não interessa. Devia era ter gerido melhor a sugestão.
DE 30.07.08
O teste foi bem feito.
O timing da retirada foi também bem aferido.
A discussão vai continuar.
Um grande abertura para a discussão das carreiras médicas.
Quinta feira lá vamos gramar com mais um daqueles textozinhos a defender os privados.
“Não está nada decidido”. Foi assim que a ministra da Saúde, Ana Jorge, reagiu esta terça-feira à notícia de que o Governo quer impor a exclusividade aos médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), explicando que a proposta está “em fase inicial de discussão” e que o País, de momento, não tem capacidade para separar o sector público do privado.
“Não está nada decidido, é uma premissa de discussão”, afirmou a governante, à margem da apresentação do Grupo Consultivo para a Reforma dos Cuidados de Saúde Primário, em Santo dos Cavaleiros, em Loures, quando questionada sobre a proposta do Ministério da Saúde para a revisão das carreiras médicas na Função Pública, avançada na edição de hoje do ‘Correio da Manhã’.
Ana Jorge indicou, no entanto, que o País, “actualmente”, não tem a capacidade necessária para separar o sector público do privado, apesar desta separação ser “desejável”. “Não temos essa capacidade, no entanto a clarificação entre o que é o sector público e o privado seria muito importante”, frisou.
A ministra acrescentou ainda que a proposta governamental foi apresentada a semana passada aos sindicatos e que ainda não foi analisada a “base salarial” do clínicos, pelo que não comentou a hipótese dos vencimentos dos médicos em exclusividade serem maiores.
CM 29.07.08
Parece-me ser este o relato fiel das declarações da ministra da saúde.
Como de costume os jornalistas do DE vêm coisas que ninguém vê.
Digam-me se há recuo nas declarações de Ana Jorge?
A dedicação exclusiva é uma premissa da discussão que ainda não aconteceu.
Vamos aguardar para ver até onde nos leva a discussãocom os sindicatos. Poderá haver más notícias para os privados.
Será que desta vez também vão ameaçar com greves.
Porquê chamar regime de exclusividade?
Ou será aquilo que sempre de discutiu
....a separação das águas
Penso que será nesta altura do campeonato uma tarefa a roçar o impossivel. Só no fim dos 5 anos que de constragimentos de recursos humanos...
Acho imprescindível começar a trabalhar desde já, i. e., integrar as novas gerações de médicos(e outros profissionais de saúde) neste esquema.
Complicado de gerir, sem dúvida.
Mas o que me divertiu foi o "intenso foguetório" para o ar!
Como se o comentário da minstra fosse para ontem.
Há demasiados recalcamentos dentro do SNS, que se tornam demasiados visíveis ao mínimo "bulir" do "status quo".
Assim, quando a devido tempo essas medidas chegarem, o SNS estará gravemente ferido por tricas e ....guerras do alecrim e da manjerona.
Nordeste do Brasil (Canoa Quebrada), numa boa...
Caro e-pá!
Foi realmente um foguetório surpreendente. Com os media a ajudar. Como há muito não se via. Para ser mais preciso: como desde CC não se via.
Realmente um grande ensaio.
A Saudesa não tem direito a nenhuma foto dessas grandes férias?
Um abraço
Confesso que hesitei antes de comentar este post. Este blog é interessante, tem comentários inteligentes (outros nem tanto, mas a vida é assim mesmo) e os intervenientes são tudo menos mal informados. Vale a pena, portanto, e aproveito para dar os parabéns ao ‘Xavier’ pelo empenho neste projecto.
Tenho o hábito de passar por cá de vez em quando, e impus-me a regra de não comentar, mas desta vez não resisti. O gatilho foi o comentário do Cotovia (ou deveria dizer da Cotovia? Não sei, porque os administradores, gestores, médicos e farmacêuticos que por cá escrevem não se identificam, o que é uma pena...) e o ataque aos jornalistas do DE.
Dois comentários apenas, para não ser fastidioso:
1. Há um recuo, e é um recuo enorme, estranho e que deixa muitas dúvidas no ar. Não sei se o Cotovia leu os princípios enformadores da discussão com os sindicatos médicos, mas se leu e for intelectualmente honesto, chegará à conclusão que há um recuo do tamanho de uma casa (se não leu, eu posso mandar-lhe, se quiser). É que os princípios enformadores de uma discussão com os sindicatos para a revisão das carreiras (reuniões, aliás, que já começaram) não são um conjunto de princípios abstractos, são os postes de uma baliza concreta sobre os limites da negociação. O que a ministra da Saúde fez foi dizer que a baliza é muito boa, mas que afinal o que se pretende é apontar para a bandeirola de canto. O que diriam se isto fosse feito por um ministro do PSD?
O Ministério da Saúde diz que “estatui-se o regime de dedicação exclusiva como regra para a carreira médica, deixando de haver possibilidade de escolha, pelos profissionais, do regime em que querem exercer funções”. Haverá dúvidas sobre o que se pretende? A negociação com os sindicatos já começou e portanto, a acreditar no documento, as regras são para impor já, ou seja, assim que a revisão das carreiras entrar em vigor, provavelmente em 2009. Más interpretações? Empolamentos das intenções do Governo? Culpa dos jornalistas? Já sei que acharão que sim, mas não me parece. Sejamos honestos: o texto é claro e não deixa margem para dúvidas, a não ser as que foram expressas pela ministra da Saúde no próprio dia em que o Correio da Manhã publica, e bem, a notícia.
2. Os jornalistas do DE não têm por hábito só ver aquilo que querem ver. Ao contrário de alguns dos habituais comentadores deste blog, que encaram o sector público e o sector privado com uma visão simplesmente maniqueísta e básica (público é bom, privado é mau), nós achamos que o que interessa para as pessoas é o bom serviço, seja ele público ou privado (um exemplo recente: elogiámos a actual ministra da Saúde quando anunciou que ia assinar o protocolo sobre a urgência de Anadia, e elogiámos o antigo ministro da Saúde em vários momentos). Não somos facciosos. Agora, uma coisa é certa e isto, desculpar-me-ão, não é opinião, é um facto: sobre políticas de saúde, o jornalismo do Diário Económico é sério, plural e isento. Como o jornalismo deve ser.
Caro MB
1. - Comecemos pelo texto exemplar do CM:
“Não está nada decidido”. Foi assim que a ministra da Saúde, Ana Jorge, reagiu esta terça-feira à notícia de que o Governo quer impor a exclusividade aos médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), explicando que a proposta está “em fase inicial de discussão” e que o País, de momento, não tem capacidade para separar o sector público do privado.
“Não está nada decidido, é uma premissa de discussão”, afirmou a governante, à margem da apresentação do Grupo Consultivo para a Reforma dos Cuidados de Saúde Primário, em Santo dos Cavaleiros, em Loures, quando questionada sobre a proposta do Ministério da Saúde para a revisão das carreiras médicas na Função Pública, avançada na edição de hoje do ‘Correio da Manhã’.
Ana Jorge indicou, no entanto, que o País, “actualmente”, não tem a capacidade necessária para separar o sector público do privado, apesar desta separação ser “desejável”. “Não temos essa capacidade, no entanto a clarificação entre o que é o sector público e o privado seria muito importante”, frisou.
A ministra acrescentou ainda que a proposta governamental foi apresentada a semana passada aos sindicatos e que ainda não foi analisada a “base salarial” do clínicos, pelo que não comentou a hipótese dos vencimentos dos médicos em exclusividade serem maiores.
CM 29.07.08
2. - Face a esta notícia, o DE. na sua edição de 30.07.08, publicou os seguintes textos
a) Nota da página n.º 2
Prometia ser explosivo, acabou por ser uma bomba de Carnaval. Ontem os médicos foram surpreendidos pela intenção do Governo de os fazer escolher entre o privado e o público.
Os sindicatos refilaram, houve promessas de inconstitucionalidade, os médicos disseram, que assim, não compensava.
A meio do dia, Ana Jorge, disse que, afinal, era só uma ideia sem data nem texto definido. Se a ministra recuou não interessa. Devia era ter gerido melhor a sugestão.
b) texto de Bruno Faria Lopes, página n.º 3
“O Governo mede o pulso aos médicos” link
O ministério da Saúde quis perceber qual seria o estado de alma da classe médica perante uma eventual obrigatoriedade de escolha entre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o regime privado.
A notícia publicada ontem pelo Correio da Manhã, sobre uma ideia clara do Governo de discutir um regime de exclusividade com médicos, foi propagada durante todo o dia pelos media, assim como a resposta dos visados: um não e uma promessa de guerra. Avaliada a reacção, a ministra da Saúde recuou de imediato, afirmando ao Diário Económico que a ideia é boa, mas que “no curto prazo [algo que em Portugal pode significar anos] não tem condições para ser aplicada”. Percebe-se porquê – tendo em conta o “mercado”, como lembram os médicos, a ideia não é boa, nem praticável. Um especialista reputado pode ganhar mais num dia de trabalho num hospital privado do que durante todo o mês no público; a exclusividade no SNS rende 1.800 euros brutos. Sugerir que os médicos tenham que escolher – não tendo o Estado condições para competir nos salários – é abrir a porta para deixar sair os melhores para os privados. E liquidar, claro, qualquer resquício de equidade social que ainda possa existir em Portugal.
c) Texto do MB, página n.º 8
“Saúde deixa cair exclusividade dos médicos”
A intenção do Governo de obrigar os médicos a decidirem entre o sector público e o sector privado para trabalhar não vai sair do papel, pelo menos nos próximos anos. A confirmação foi dada ao DE pela própria ministra da saúde, Ana Jorge, que explicou que “este é o caminho , mas não para já”
A instituição de um “regime de dedicação exclusiva como regra para a classe médica, deixando de haver a possibilidade de escolha de regime em que querem exercer funções” está nos princípios que devem nortear a discussão das novas carreiras médicas.
Ontem contudo, , as reacções foram duras para o Ministério e houve quem lembrasse que também a ministra da saúde, Leonor Beleza propôs o mesmo em 1989 , tendo acabado por recuar.
Dos depoimentos recolhidos: bastonário da OM, Francisco Ramos, Adalberto Campos Fernandes, Pedro Lopes e José Manuel Boquinhas, apenas o primeiro e JMB são frontalmente contra a medida.
Comentário:
a)- Uma vez que o meu modesto comentário terá despoletado a reacção de MB, decidi avançar na resposta às suas críticas magoadas.
b)- Para mim não houve recuo.
Esta situação não é nem de longe nem de perto comparável à vivida por Leonor Beleza.
A ministra não retirou a “dedicação exclusiva” da agenda: “Não está nada decidido, é uma premissa de discussão”.
Face às reacções excessivas de alguns responsáveis sindicais, Ana Jorge, fez bem em fazer arrefecer acto contínuo o tema. Como acontece quando verificamos que o óleo de fritar (batatas) está demasiado quente.
c)"O sistema tem que ter regras claras porque agora permite-se todo o tipo de promiscuidades", refere a preceito Pedro Lopes.
Ana Jorge fez bem em pôr no topo da agenda política a discussão desta medida.
d)È ingénuo pensar que a implementação desta medida se consegue de um dia para o outro. E não se trata de impôr nada, mas sim negociar/negociar/negociar a melhoria das condições de trabalho do pessoal médico. Tendo como contrapartida...
Qualquer avanço que se consiga nesta matéria é positivo e de saudar.
e)Não classificaria este episódio da ministra de recuou, "passo em falso", mas sim de flexibilidade em relação à abertura de um processo complexo e demorado.
f) classificar de recuo, dá jeito. Dá a sensação de falhanço, Encerramento de dossier. O que não é o caso.
O tema quanto a mim foi bem lançado. A expectativa, à partida, da obtenção de grandes e rápidos avanços, tendo em conta a actual conjuntura, é baixa.
Nota final: O comentário do MB, surpreendentemente, encontra-se pejado de "tons magoados", pouco ou nada importantes para esta discussão:
a)O que diriam se isto fosse feito por um ministro do PSD?
E o MB manteria o mesmo título do seu trabalho? Não cairia na tentação de escrever estarmos perante uma medida corajosa...
b)Ataque aos jornalistas do DE. Quais ataques, qual quê!
Se o vosso trabalho não tivesse qualidade, não estaríamos, certamente, neste bate papo. Simplesmente a discussão política é mesmo assim.
c)O facto de elogiarem CC (principalmente) e AJ não lhes conferem credenciais de isenção.
d)O DE é um jornal que leio diariamente (segunda a sexta), versão pdf, com agrado.
O trabalho do MB é do melhor que se faz entre nós. Só que nada é perfeito. Há sempre algo a fazer pelo rigor e isenção.
e)Quanto à querela público/privado da saúde, maniqueísmos e basismos, que dizer? Quando vemos/ouvimose lemos a eng.ª IV, falar das maravilhas do H da Luz com um ano de existência, ao consultarmos os principais indicadores de saúde (alguns entre os melhores da EU), conquista do SNS pós 25 de Abril, apetece-me dizer: já a formiga tem catarro. A performance destas novas unidades é que ainda não saiu do papel.
Cumps
Temos debate!
A Clara tem toda a razão. Temos debate! Seria muito interessante organizar uma tertúlia "ao vivo" com os diferentes colaboradores do SaúdeSA. Apreciei a frontalidade do MB. Apesar de tudo há que reconhecer que o seu trabalho e o do DE é do melhor que temos na área da saúde. No entanto, por vezes, parecem subsistir algumas "grilhetas" de preconceitos neo-liberais relativamente ao papel do Estado no sistema de saúde. Por vezes essas "grilhetas", toldam a desejável independência jornalística. É certo que todos somos "pessoas" e o uso livre da inteligência convive mal com exageros de assépsia intelectual. Parabéns a todos.
Um dos principais compromissos políticos de Ana Jorge é a de estancar a sangria de médicos do SNS para o sector privado.
Fixar médicos ao SNS, através da melhoria de condições de trabalho, nomeadamente da situação remuneratória.
Não está nos planos da ministra abrir guerra aos médicos.
Só vejo a exequibilidade da dedicação exclusiva aplicado de forma gradual, acompanhado da alteração do actual sistema remuneratório de base salarial.
A avaliação da intervenção da ministra só deve ser efectuada no final do processo de revisão das carreiras médicas.
Apesar de algumas reacções exaltadas, constata-se que há abertura nas hostes da classe médica para a discussão da dedicação exclusiva.
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