sábado, setembro 20

EUA, crise do neoliberalismo

George Bush, hoje no telejornal, disse ter hesitado em deixar funcionar o mercado, mas depois de ouvir os peritos, decidiu intervir com firmeza.
Foi assim que aconteceu o “take over” do Estado (80% do capital accionista) sobre a seguradora AIG, que terá custado 85.000 milhões de dólares aos contribuintes americanos.
Acontecimento inusitado na pátria do neoliberalismo.
Isto depois de anos a fio de especulação com dinheiro dos fundos de pensões dos trabalhadores, perante o olhar complacente da entidade reguladora .
O certo é que foi necessária a intervenção do Estado para evitar mal maior, o colapso do sistema financeiro corroído por longos anos de especulação e fraudes.
Será que o mercado dos EUA, depois de ultrapassada mais esta crise, ainda vai voltar a ser o que era?
Por cá, os nossos neoliberais de pacotilha metem dó.

5 Comments:

Blogger e-pá! said...

Caro Xavier:

Esta crise financeira não seria - caso não afectasse primordialmente os EUA - da competência do FMI?

12:41 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Nesta altura muitas história vêm ao de cima sobre as empresas envolvidas na crise.

Esta sobre a AIG vale a pena ser lida.

AIG: Farewell, My (Not-So) Lovely?
The collapse of AIG over the course of just a few days may be astonishing, but in some respects, it is not surprising. A few years ago, AIG stock sold for $100. Today, it's listed at $1.54. AIG is all about risk: much of it reasonable, but a significant portion of it fatally flawed. Remember David Halberstam's "The Best and the Brightest" - the story of how very bright men, led by Robert MacNamara, led this nation astray into the swamps of Vietnam? Now the very bright folks at AIG are up to their necks in an another repulsive form of the Big Muddy.

Our colleague Joe Paduda has a personal story to tell about AIG: he once worked for the behemoth insurer and was asked to sit in on a meeting of the executive staff, all of whom reported to the legendary Hank Greenberg. (We blogged a strange attempt to clean up Hank's public image here.) Hank had one question for everyone sitting around the conference table: how much money has your division made? No excuses. No stories about value added. No details about lives made better or risks averted. Hank wants to see the bucks! Grown men quaked as the time came to make their presentations.

As the owner of 12 percent of AIG, Hank just took a very expensive bath. He lost more money this weekend than all the readers of this blog will collectively make in their lifetimes.

So how did this happen? How did the biggest insurer on the planet suddenly run out of money?

Risk Transfer for Dummies
One of AIG's business units sold credit protection against the possibility of default in a variety of assets, including, of course, sub-prime mortgages. (Why were so many astute business people so anxious to lend money to folks they knew could not pay it back? What am I missing here?) AIG has lost at least $18 billion over the last three quarters. And according to some reports, they continued to understate the scale of the losses as recently as last week. Like their compatriots at the now-defunct Lehman Brothers, they kept paddling their canoes up de Nile.

The irony is that AIG has plenty of money. Unfortunately, it's tied up in the form of reserves, spread across their multi-faceted insurance operations. It's money set aside to pay claims. It appears that New York state is allowing AIG to access some of these reserves for cash flow. (Presumably, this will not impact AIG's ability to pay claims...) This will fall far short of the approximately $75 billion that AIG needs to survive the crisis.

Thus we have the bizarre prospect of a mostly profitable company going belly up because of the losses in one of its divisions. It's too bad Hank was forced out of the company by the now departed Elliot Spitzer. I would love to have been at a recent roundtable of company executives, answering Hank's one and only question.

The derivatives whiz pulls on the collar of his $400 shirt and sweats into his coffee mug. He mutters almost inaudibly, "$75 billion."
Hank lights up like a pinball machine: "You made $75 billion?"

Derivatives whiz whispers: "Lost."

Hank turns the color of an uncooked lobster: "Lost? You lost $75 billion?" Hank reaches across the table to throttle the whiz, but something seizes his body from within and sprawls him across the table. He is trying to talk, but no words are coming out of his mouth. A coffee colored foam dribbles from his lips.

It looks like a medical crisis, but no one moves. They just sit in their chairs, looking down at the table and straightening the lapels on their $2,000 suits...

OK, I'm no Raymond Chandler. But then again, not even Chandler could come up with a story as full of greed and self-deception as that of the once mighty AIG.

Jon Coppelman

1:31 da tarde  
Blogger tambemquero said...

O departamento do Tesouro norte-americano publicou ontem à noite uma ficha explicativa do plano governamental de 700 mil milhões de dólares (483 mil milhões de euros) que está a ser negociado com o Congresso para salvar o sector bancário nos Estados Unidos.

Segundo um comunicado do departamento, o plano dá ao secretário do Tesouro, Henry Paulson, a autoridade, em concertação com o presidente da Reserva Federal (FED), Ben Bernanke, “para adquirir activos incertos” dos bancos ligados a empréstimos hipotecários, tal como “outros activos, desde que necessário, para estabilizar efectivamente os mercados financeiros”.

Este poder, concedido ao Tesouro norte-americano por um período de dois anos, deixa ao Governo plenos poderes para fixar a data e a amplitude das aquisições, cujo preço será fixado “segundo os mecanismos do mercado na medida do possível, como o caso dos leilões invertidos”, no limite global de 700 mil milhões de dólares.

Apenas estão envolvidos os activos emitidos até 17 de Setembro, a última quarta-feira, dia da tempestade nas bolsas mundiais que obrigou o Tesouro a elaborar este plano.

Tesouro e Fed pedem amplos poderes

Tal como para a natureza dos activos envolvidos, a administração norte-americana garantiu plenos poderes para determinar quais as instituições financeiras que podem beneficiar deste plano, embora sem excluir os fundos de investimento de risco.

“As instituições financeiras que participam (neste programa) devem realizar operações significativas nos Estados Unidos, a menos que o secretário (do Tesouro) não determine, em concertação com o presidente da Reserva Federal, que uma definição mais ampla é necessária para estabilizar eficazmente os mercados”, refere o plano.

Os activos serão geridos por gestores privados sob a direcção do Tesouro, que terá plenos poderes sobre a sua gestão, e que terá três meses até apresentar contas pela primeira vez ao Congresso, após o que só deverá fornecer relatórios semestralmente.

Por fim, o produto da venda dos activos, num prazo não fixado, será incluído no orçamento geral do Governo Federal.
JP 21.09.08

Comentário:
O dinheiro dos contribuintes para fazer calar longos anos de fraudes e corrupção.
É este o grande balanço do neoliberalismo.

1:43 da tarde  
Blogger tambemquero said...

(...) Se víssemos a França ou a Itália a fazer algo de semelhante diríamos que estavam malucos".

Contudo, dada a gravidade da crise económica, no mundo político muitos pensam que o desvio da Administração Bush da ortodoxia conservadora em política económica não tem nada de surpreendente. Pelo contrário, democratas e republicanos consideram que esta abordagem pragmática se deve apenas à necessidade de lidar com uma situação extraordinária em que se conjugam factores como a quebra do crescimento a nível global, a instabilidade no Paquistão e no Afeganistão, a guerra no Iraque a as ambições nucleares do Irão.
"Bush teve de enfrentar as mais duras realidades, incluindo a falta de apoio político e problemas intratáveis", considera Fred Greenstein, da Universidade de Princeton. "Isso obrigou-o a actuar mais como um pragmático que adopta soluções variadas do que como um político missionário obcecado com a ideologia".
Também John Gardner, que trabalhou como consultor de Bush até 2004, pensa que as recentes decisões da Administração na área económica foram menos condicionadas por alterações ideológicas do que pela necessidade de reagir a acontecimentos extraordinários. "Não sei se o que está a acontecer hoje tivesse acontecido em 2002 ou 2003 se a reacção não teria sido idêntica", sublinhou. "A Reserva Federal e o Departamento do Tesouro dispunham já há algum tempo das ferramentas que agora estão a utilizar face à pressão dos acontecimentos. Julgo que nenhum presidente aceitaria um colapso do sistema financeiro tendo instrumentos para agir".
Um outro republicano, Vin Weber, no passado muito próximo de Gingrich, concorda: "Nem nós nem os democratas apreciam a ideia de recorrer ao dinheiro dos contribuintes para estabilizar o sistema ou defendem muito mais regulação", mas neste momento não havia outra coisa a fazer, concluiu. O mesmo foi dito sexta-feira por Bush na Casa Branca.
"O nosso sistema de liberdade empresarial baseia-se na convicção de que o Governo só intervém nos mercados quando é mesmo necessário", disse o Presidente. "Ora, face ao impacto da crise na vida quotidiana dos cidadãos, a intervenção do Governo tornou-se vital". Esta ideia foi depois reforçada por um dos conselheiros económicos da Casa Branca, Keith Hennessey: "As consequências da inacção eram claramente piores, eram muito mais severas, do que quaisquer preocupações com as consequências de uma intervenção. Este Presidente sempre foi renitente no que toca à intervenção pública nos mercados, pelo que apenas fez o que tinha a fazer quando isso foi absolutamente necessário".
JP 21.09.08

Bush virou socialista.
Ou as contradições da ideologia neoliberal.Ou como os neoliberais saem arrasados desta crise.

2:01 da tarde  
Blogger e-pá! said...

A segunda morte de Friedman


A ideologia neoliberal vai ter de fazer ajustamentos.
Será a 2º. morte de Milton Friedman e a orfandade (económica) dos Chicago-boys.
Mas o liberalismo económico e político tem grande capacidade de renovação e um instinto de sobrevivência felino.
De momento, é necessário deixar assentar a poeira. Depois, se verá.

O “plano Paulson” não é salvar a economia americana, muito menos a mundial.
O principal objectivo de Paulson é salvar a banca americana (e os seus banqueiros).

Os activos imobiliários “tóxicos” vão ser mais uma vez (re)valorizados e, deste modo, vão adulterar, compondo artificialmente, os balanços bancários.
Esta operação de ilusionismo endividará, ainda mais, os EUA. Resolvem os problemas das dívidas insolventes que ameaçavam os bancos, com novas dívidas e assim sucessivamente.

Entretanto, a repartição do rendimento nacional irá desequilibrar-se, piorando a situação dos que têm menores rendimentos, dos reformados.
As desigualdades sociais vão acentuar-se.
A situação na Saúde, área que nos interessa particularmente, pode ser, em grande medida, afectada,
Programas como o Medicare, Medicaid, os HH’s dos veteranos de guerra, assim como, benefícios dos funcionários públicos e outros subsídios à cobertura de seguros privados, podem ser postos em causa, apesar dos programas anunciados quer por McCain, quer por Obama. É que, também por lá, as necessidades são incomensuráveis, mas o dinheiro é finito. Tal situação, em termos de saúde, será dramática, nomeadamente, para os idosos.

Quando a situação for insuportável o liberalismo refundará, numa das suas múltiplas Universidades, uma nova teoria económica, sem trair os ideais do liberalismo, talvez disciplinado o "mercado" sem o regular e o felizardo criador, contemplado com o Prémio Nobel.
E, assim vai o Mundo.

Como se chamarão os discipulos da inevitável nova teoria económica liberal?
- Os pós-liberais?

10:31 da tarde  

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