Profissão ou Missão ?
fotos NYTimes
Não vou falar das políticas, das normas, dos regulamentos, do corporativismo que condicionam os médicos hospitalares, nomeadamente, da falência das carreiras médicas.
Nem da crise que se acopulou com o crescimento do sector privado e as inevitáveis transferências para instituições mercantis que se assemelham a HH's.
Vou tentar exteriorizar o "estado de alma" desses médicos nos últimos anos, onde as mudanças foram céleres e marcantes. Nem sequer vou dividir a "carga" por outros grupos profissionais.
Vamos tentar "sentir" o médico dentro do Hospital.
Os médicos hospitalares claudicaram com a crise orçamental que se instalou depois de Guterres ou do fim dos subsídios europeus a rodos.
Aí, terão começado a pisar terrenos pantanosos. Depois veio a "tanga". Tudo ajudou.
A passagem dos HH's SPA, para HH's SA's, no tempo de LFP, introduziu uma lógica nova, que se pode considerar pouco coerente, no comportamento destas instituições, como pilares do SNS (Os CPS viviam momentos difíceis).
Então, começaram a "cair como tordos" conceitos que enformaram a profissão, durante anos e anos, como a estabilidade, as certezas, a liderança, etc.
O conceito de empresa, entretanto introduzido, causou a deterioração das relações interpares. A ruína das carreiras médicas - situação que se foi instalando - ajudou no trambolhão.
Dissiparam-se laços profissionais importantes que, num ambiente de empresa, são absurdos. O médico hospitalar deixou de ver ao seu lado o colega que deontológicamente tem de preparar e formar para passar a ver o concorrente (actual ou futuro, tanto faz). A formação foi perdendo, dia a dia, qualidade. Os custos desta perda são incalculáveis...
Há um mecanismo de contaminação do espirito quando saímos da coisa pública, pertença de todos, para o espirito empresarial (mesmo em empresas públicas). Esta conspurcação não era notória, mas estava lá e passou a ser preponderante.
A "vivência hospitalar", subsidiária de uma grande interajuda, das trocas de informações e conhecimentos das pequenas cumplicidades nos erros de desempenho (que os há), perderam sentido, significado.
Os HH's, onde pouco ou nada se investiu, como foi dito por diversos comentadores aqui no blog, teve a sua derrocada. Um desmonoramento essencialmente humano. O edifício está lá e até pode estar pintado de fresco. Mas a cultura humanitária, morreu. Foi substituída por trejeitos tecnocráticos.
Os médicos hospitalares (e doutras áreas) sentiram-se envolvidos e atingidos pela devastação provocada pelo Governo na função pública.
Eram, essencialmente, funcionários públicos. Auferiam remunerações dentro desse estatuto. Faziam trabalho por fora para aumentar o seu pecúlio semanal ou mensal. Habituaram-se a isso.
Hoje, fala-se muito de dedicação exclusiva como o deus ex machina dos problemas assistenciais, mas nunca houve propostas concretas e objectivas nesse sentido, nem - penso eu - dinheiro suficiente para aplicar nessa mudança.
Leonor Beleza que, devemos reconhecer, meteu a mão na DE, escaldou-se sem melhorar a eficiência. A finalidade era outra: dividir os médicos hospitalares. Conseguiu.
A última grande luta dos médicos sumiu-se com a sua demissão.
Hoje há muito poucos médicos que se orgulhem do seu HH.
Andam à tarefa, perdidos, sem referências, "matando" umas urgências aqui e acolá, como se diz na Madeira, levam uma vida à "remissa".
Por fim, com LFP, os médicos hospitalares mais informados recearam a demolição do SNS.
Com CC - necessariamente diferente de LFP - não existiu a capacidade de reconquistar a confiança, de lançar - nos HH's - um projecto público integrado, aliciante.
O controlo orçamental passou, grande parte do tempo, a sovar os médicos. Doeu. Envelheceram com o sistema. Anquilosaram as capacidades de adaptação.
Hoje vagueiam como se tivessem regressado a um nomadismo extemporâneo e anseiam pela sua aposentação (a tempo ou prévia).
Vai ser necessário, na minha convicção, construir muito de novo, de raiz. Destruiu-se muito em pouco tempo. Isso deixa mossa, abala. Não há "milagres"!
Nem da crise que se acopulou com o crescimento do sector privado e as inevitáveis transferências para instituições mercantis que se assemelham a HH's.
Vou tentar exteriorizar o "estado de alma" desses médicos nos últimos anos, onde as mudanças foram céleres e marcantes. Nem sequer vou dividir a "carga" por outros grupos profissionais.
Vamos tentar "sentir" o médico dentro do Hospital.
Os médicos hospitalares claudicaram com a crise orçamental que se instalou depois de Guterres ou do fim dos subsídios europeus a rodos.
Aí, terão começado a pisar terrenos pantanosos. Depois veio a "tanga". Tudo ajudou.
A passagem dos HH's SPA, para HH's SA's, no tempo de LFP, introduziu uma lógica nova, que se pode considerar pouco coerente, no comportamento destas instituições, como pilares do SNS (Os CPS viviam momentos difíceis).
Então, começaram a "cair como tordos" conceitos que enformaram a profissão, durante anos e anos, como a estabilidade, as certezas, a liderança, etc.
O conceito de empresa, entretanto introduzido, causou a deterioração das relações interpares. A ruína das carreiras médicas - situação que se foi instalando - ajudou no trambolhão.
Dissiparam-se laços profissionais importantes que, num ambiente de empresa, são absurdos. O médico hospitalar deixou de ver ao seu lado o colega que deontológicamente tem de preparar e formar para passar a ver o concorrente (actual ou futuro, tanto faz). A formação foi perdendo, dia a dia, qualidade. Os custos desta perda são incalculáveis...
Há um mecanismo de contaminação do espirito quando saímos da coisa pública, pertença de todos, para o espirito empresarial (mesmo em empresas públicas). Esta conspurcação não era notória, mas estava lá e passou a ser preponderante.
A "vivência hospitalar", subsidiária de uma grande interajuda, das trocas de informações e conhecimentos das pequenas cumplicidades nos erros de desempenho (que os há), perderam sentido, significado.
Os HH's, onde pouco ou nada se investiu, como foi dito por diversos comentadores aqui no blog, teve a sua derrocada. Um desmonoramento essencialmente humano. O edifício está lá e até pode estar pintado de fresco. Mas a cultura humanitária, morreu. Foi substituída por trejeitos tecnocráticos.
Os médicos hospitalares (e doutras áreas) sentiram-se envolvidos e atingidos pela devastação provocada pelo Governo na função pública.
Eram, essencialmente, funcionários públicos. Auferiam remunerações dentro desse estatuto. Faziam trabalho por fora para aumentar o seu pecúlio semanal ou mensal. Habituaram-se a isso.
Hoje, fala-se muito de dedicação exclusiva como o deus ex machina dos problemas assistenciais, mas nunca houve propostas concretas e objectivas nesse sentido, nem - penso eu - dinheiro suficiente para aplicar nessa mudança.
Leonor Beleza que, devemos reconhecer, meteu a mão na DE, escaldou-se sem melhorar a eficiência. A finalidade era outra: dividir os médicos hospitalares. Conseguiu.
A última grande luta dos médicos sumiu-se com a sua demissão.
Hoje há muito poucos médicos que se orgulhem do seu HH.
Andam à tarefa, perdidos, sem referências, "matando" umas urgências aqui e acolá, como se diz na Madeira, levam uma vida à "remissa".
Por fim, com LFP, os médicos hospitalares mais informados recearam a demolição do SNS.
Com CC - necessariamente diferente de LFP - não existiu a capacidade de reconquistar a confiança, de lançar - nos HH's - um projecto público integrado, aliciante.
O controlo orçamental passou, grande parte do tempo, a sovar os médicos. Doeu. Envelheceram com o sistema. Anquilosaram as capacidades de adaptação.
Hoje vagueiam como se tivessem regressado a um nomadismo extemporâneo e anseiam pela sua aposentação (a tempo ou prévia).
Vai ser necessário, na minha convicção, construir muito de novo, de raiz. Destruiu-se muito em pouco tempo. Isso deixa mossa, abala. Não há "milagres"!
E-Pá!
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