Sinais preocupantes ...
O triste espectáculo a que temos vindo a assistir, nos últimos dias, com a Linha Saúde 24 ilustra, preocupantemente, a fragilidade do Estado, pondo em causa a sua autoridade e a sua capacidade de regulação.
Como é possível que, em pleno surto de gripe, num contexto em que as próprias autoridades de saúde recomendaram a utilização prioritária deste serviço (pago com o dinheiro público) sejamos confrontados com uma enorme demonstração de irresponsabilidade?
Pouco parecem importar as chamadas perdidas, os utentes por atender, as intermináveis esperas pelo atendimento. Tudo se parece resumir a um exercício de “guerrilha empresarial” no seio da qual os argumentos técnicos, ao invés de serem discutidos, ou negociados são, tentativamente, abafados.
Registemos todos, com muito cuidado, para memória futura que tudo isto se passa com a expressão mínima de uma PPP na saúde, em Portugal.
A lógica autocrática de responsáveis impreparados para gerir “serviço público de saúde” tudo parece comprometer. Até mesmo a imagem corporativa da empresa que os tutela. Afinal quem responde pelos danos gerados no Grupo CGD?
Numa fase de intensa procura do serviço esperar-se-ia sentido de responsabilidade, capacidade de resolução interna dos problemas. Tudo isto em nome do superior interesse dos cidadãos.
Em boa verdade o que se passa é que estas “novas aventuras empresariais” emergem contaminadas por um espírito de mercantil basismo perante o qual parecem soçobrar todos os valores de serviço à comunidade.
Refere a comunicação social: …”Contudo, durante os últimos meses, o ambiente interno tem vindo a agravar-se. Esta semana, a empresa gestora – a LCS, do grupo Caixa Geral de Depósitos – começou a dispensar enfermeiros e oito (sete dos quais fundadores) já receberam cartas de despedimento. Os profissionais acusam a administração de "perseguição" e de "represálias" por terem denunciado "o caos organizativo". Cinco destes são testemunhas a favor da enfermeira suspensa, no seguimento das denúncias feitas à ministra”… A entidade gestora, LCS, emitiu ontem um comunicado anunciando a sua intenção de, nos próximos dias, "avançar com processos-crime" contra os que participaram na manifestação de ontem, à porta do centro de atendimento de Lisboa. Diz a empresa, que "já identificou" os manifestantes que participaram no protesto, que apelida de "acto de vandalismo". No comunicado, a LCS considera que a manifestação de funcionários e ex-funcionários foi uma iniciativa para "impedir o regular funcionamento do serviço de atendimento, através da destruição de meios de acesso às instalações". Os enfermeiros de Lisboa apenas voltaram ao trabalho depois de Francisco George se ter deslocado ao local e ter garantido que os vai receber amanhã.
Dos cerca de 40 funcionários que fundaram o Saúde 24, "apenas resta uma meia dúzia". Uns foram despedidos, outros "saíram pelo próprio pé, porque não aguentavam trabalhar nas condições impostas pela administração", afirma Lúcio Silva. O enfermeiro agora despedido defende que "a empresa se rege por critérios exclusivamente economicistas, que entram em conflito com a qualidade do serviço". O administrador Ramiro Martins justificou à Lusa os despedimentos por "má prestação" laboral. Mas ontem na manifestação Francisco George elogiou "o trabalho exemplar dos enfermeiros".
O que é isto?
Em que país vivemos?
Onde está a autoridade do Estado?
É esta a melhor utilidade do dinheiro público?
Honra seja feita ao Director-Geral da Saúde que teve a coragem de “dar a cara” e afrontar esta situação.
Falta, no entanto, exercer a autoridade, exemplarmente, em nome dos cidadãos sob pena de concluirmos que nem isto o Estado consegue regular…
Como é possível que, em pleno surto de gripe, num contexto em que as próprias autoridades de saúde recomendaram a utilização prioritária deste serviço (pago com o dinheiro público) sejamos confrontados com uma enorme demonstração de irresponsabilidade?
Pouco parecem importar as chamadas perdidas, os utentes por atender, as intermináveis esperas pelo atendimento. Tudo se parece resumir a um exercício de “guerrilha empresarial” no seio da qual os argumentos técnicos, ao invés de serem discutidos, ou negociados são, tentativamente, abafados.
Registemos todos, com muito cuidado, para memória futura que tudo isto se passa com a expressão mínima de uma PPP na saúde, em Portugal.
A lógica autocrática de responsáveis impreparados para gerir “serviço público de saúde” tudo parece comprometer. Até mesmo a imagem corporativa da empresa que os tutela. Afinal quem responde pelos danos gerados no Grupo CGD?
Numa fase de intensa procura do serviço esperar-se-ia sentido de responsabilidade, capacidade de resolução interna dos problemas. Tudo isto em nome do superior interesse dos cidadãos.
Em boa verdade o que se passa é que estas “novas aventuras empresariais” emergem contaminadas por um espírito de mercantil basismo perante o qual parecem soçobrar todos os valores de serviço à comunidade.
Refere a comunicação social: …”Contudo, durante os últimos meses, o ambiente interno tem vindo a agravar-se. Esta semana, a empresa gestora – a LCS, do grupo Caixa Geral de Depósitos – começou a dispensar enfermeiros e oito (sete dos quais fundadores) já receberam cartas de despedimento. Os profissionais acusam a administração de "perseguição" e de "represálias" por terem denunciado "o caos organizativo". Cinco destes são testemunhas a favor da enfermeira suspensa, no seguimento das denúncias feitas à ministra”… A entidade gestora, LCS, emitiu ontem um comunicado anunciando a sua intenção de, nos próximos dias, "avançar com processos-crime" contra os que participaram na manifestação de ontem, à porta do centro de atendimento de Lisboa. Diz a empresa, que "já identificou" os manifestantes que participaram no protesto, que apelida de "acto de vandalismo". No comunicado, a LCS considera que a manifestação de funcionários e ex-funcionários foi uma iniciativa para "impedir o regular funcionamento do serviço de atendimento, através da destruição de meios de acesso às instalações". Os enfermeiros de Lisboa apenas voltaram ao trabalho depois de Francisco George se ter deslocado ao local e ter garantido que os vai receber amanhã.
Dos cerca de 40 funcionários que fundaram o Saúde 24, "apenas resta uma meia dúzia". Uns foram despedidos, outros "saíram pelo próprio pé, porque não aguentavam trabalhar nas condições impostas pela administração", afirma Lúcio Silva. O enfermeiro agora despedido defende que "a empresa se rege por critérios exclusivamente economicistas, que entram em conflito com a qualidade do serviço". O administrador Ramiro Martins justificou à Lusa os despedimentos por "má prestação" laboral. Mas ontem na manifestação Francisco George elogiou "o trabalho exemplar dos enfermeiros".
O que é isto?
Em que país vivemos?
Onde está a autoridade do Estado?
É esta a melhor utilidade do dinheiro público?
Honra seja feita ao Director-Geral da Saúde que teve a coragem de “dar a cara” e afrontar esta situação.
Falta, no entanto, exercer a autoridade, exemplarmente, em nome dos cidadãos sob pena de concluirmos que nem isto o Estado consegue regular…
silly season
Etiquetas: silly season
3 Comments:
"Registemos todos, com muito cuidado, para memória futura que tudo isto se passa com a expressão mínima de uma PPP na saúde, em Portugal..."
Mas, caro silly season, as respostas às suas pertinentes perguntas:
- O que é isto?
- Em que país vivemos?
- Onde está a autoridade do Estado?
- É esta a melhor utilidade do dinheiro público?
são linearmente simples, podem ser respondidas em conjunto:
- O Estado abdicou da sua autoridade, do seu pappel regulador, da actividade fiscalizadora e quer através de empresas públicas, quer através de políticas sectorias e envolveu-se, é parte, neste imbróglio.
Não só em PPP's (saúde, comunicações, etc), como na actividade bancária (regulação do BdP, CMVM, casos como o BNP, do BPP, do BP (?),...), como nos subsídios à actividade agrícola, nas concessões de privilégios a grandes empresas (Furacão, Freeport, etc.)...
- O Estado foi atingido pelo surto gripal. O virus é a corrupção sistémica, o mercantilismo, o laisser-faire...
- O Estado desistiu das suas responsabilidades, excepto da colecta de impostos, para alimentar todo estas esquisitices e singularidades;
- O Estado, mesmo perante a dissipação dos dinheiros públicos provocada pela crise financeira e económica, acredita no mercado;
O Estado ao consegue combater o desemprego, tem medo das consequencias sociais dos despedimentos e os "empreendedores" - mesmo de grupos de capital público (CGD-Linha 24) aproveitam-se;
- O Estado continua convictamente neoliberal e aguarda que a crise parta do mesmo modo como chegou...
Não vai discutir nada, não vai mudar nada...
Quando chegar a bonança, daqui a 1, ou 2 , ou 3, ... anos, continuará prisioneiro do fatídico mercado livre, porque incubou e infectou-se de uma obstinada aversão à regulação.
Assim tem sido, e continuará a ser, mesmo em ano de triplas eleições...
E o novo ciclo político, o que vier - não terá memória...presente, nem futura.
ERRATA:
Onde se lê:
"O Estado ao consegue combater o desemprego, tem medo das consequencias sociais dos despedimentos e os "empreendedores" - mesmo de grupos de capital público (CGD-Linha 24) aproveitam-se;"
Deveria ler-se:
"O Estado não consegue combater o desemprego, tem medo das consequências sociais dos despedimentos e os "empreendedores" - mesmo de grupos de capital público (CGD-Linha 24) - aproveitam-se;".
As minhas desculpas....
Linha Saúde 24 leva Francisco George ao Parlamento para informar os deputados sobre as condições em que esta linha está a funcionar.
JP 14.01.09
E, naturalmente, informar sobre as medidas que a tutela tem programadas para resolver esta situação.
Ou será que nada vai ser feito!
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