Calar o pagode
Segundo Manuel Teixeira (MT), por agora (2009), feitas as contas, o sistema vai respondendo, graças ao dique de eficiência criado nos últimos anos . link
Mas já para 2010, a ACSS não se compromete. Quer dizer, no próximo ano o dique(sinho) ameaça ruir face à persistente “sub produtividade, às distorções e incapacidade de controlo e de avaliação do nosso sistema de saúde”. E … à crise.
Não pode, pois, ser verdade a ministra da Saúde, Ana Jorge, ter acordado na última semana aumentos remuneratórios da casa dos 40%. Tratar-se-ia, sem novos compromissos relativos ao aumento de produtividade, de uma verdadeira capitulação ao poder dos sindicatos médicos, finalmente postos em sossego. link
“Quando o pagode se cala deve estar a gastar mais dinheiro.”
Razão tem o Medina Carreira.
Mas já para 2010, a ACSS não se compromete. Quer dizer, no próximo ano o dique(sinho) ameaça ruir face à persistente “sub produtividade, às distorções e incapacidade de controlo e de avaliação do nosso sistema de saúde”. E … à crise.
Não pode, pois, ser verdade a ministra da Saúde, Ana Jorge, ter acordado na última semana aumentos remuneratórios da casa dos 40%. Tratar-se-ia, sem novos compromissos relativos ao aumento de produtividade, de uma verdadeira capitulação ao poder dos sindicatos médicos, finalmente postos em sossego. link
“Quando o pagode se cala deve estar a gastar mais dinheiro.”
Razão tem o Medina Carreira.
Etiquetas: Contas Saúde
5 Comments:
Interessante a discussão em torno da comparação de eficiência SNS versus ADSE. Quem terá razão, Mendes Ribeiro ou Adalberto Campos Ferreira?
Digo interessante e não relevante, porque na ausência de estudos comparativos credíveis apenas nos podemos basear em valores absolutos de capitação, como os apresentados por MR, que, enquanto tal, valem o que valem.
O meu “feeling” pende para ACF, por duas razões: Por a ADSE abranger uma população com níveis de rendimento mais elevados (menos doente quantitativa e qualitativamente) e ser mais consumista em termos de meios complementares de diagnóstico e de “cirurgias do bem estar” que o SNS. Um outro aspecto que haveria a ter em conta é o das relações entre a ADSE e o SNS. Serão os custos de tratamento dos doentes abrangidos pelo subsistema e tratados no SNS, pagos na totalidade? Serão do mesmo valor dos facturados pelo sector privado?
Haja pois prudência na leitura fria dos números pois podem estar longe de traduzir a realidade.
Desconheço em pormenor os termos em que a revisão das carreiras está a ser efectuada. Temo que este processo se salde em grave prejuízo do SNS: reforço dos interesses das corporações, manutenção da baixa produtividade dos HH.
Há quem considere o desempenho da rede hospitalar do SNS de forma favorável, em termos dos modelos e práticas de administração.
Se os HH EPE trouxeram alguns escassos ganhos de eficiência ao sistema, as PPP, já se sabe, não são alternativa dada a dificuldade em controlar a execução destes contratos complexos com acréscimo exponencial de custos em burocracia.
A solução, porventura, estará na busca de um outro modelo de exploração para os HH do SNS. Um modelo em que, por exemplo, à semelhança do que acontece em alguns hospitais holandeses, as diversas especialidades e o respectivo ensino, possam ser convencionadas com grupos de médicos.
Em termos de evolução, esta discussão das carreiras cheira-me a passado, a manjedoura do Estado, requinte de ineficiência, impasse na melhoria de acesso e qualidade do nosso sistema de saúde.
Engraçado que quando se fala na revisão das carreiras só se pensa em interesse das "corporações"... Poderíamos pensar o mesmo de lobby dos Administradores Hospitalares…
Porque devemos pagar tanto a um cargo de administrador se ele não se traduzir em melhores indicadores de saúde/eficiência/eficácia da sua instituição?
Onde está essa avaliação feita?
Alguém me pode dar os dados acerca dos gastos totais com as administrações das instituições do nosso SNS? Gostaria de comparar o custo/efectividade disso…
Caso não saibam nós, profissionais de saúde, e no meu caso em particular (enfermeiro), esperamos há anos que nos compensem pela mudança no estatuto académico. Passámos de bacharéis a licenciados mas ao contrário de outros casos, vide professores, nunca foi feita uma actualização salarial. Outros profissionais experimentam a mesma situação…
Agora poderiam perguntar, mas o aumento da qualificação académica pode não traduzir-se em melhores cuidados. Verdade...
Mas já se interessaram em avaliar os indicadores de produtividade para que se possa aferir isso mesmo?
Digam-me porque haverá de qualquer profissional de saúde, enfermeiros inclusive, apostar na sua própria formação (uma vez que as instituições não participam na actualização/upgrade formativo dos seus profissionais) e dessa forma tornar-se um profissional mais capaz, se não existe um único incentivo para que isso aconteça?
A maioria de nós gostaria que nos apresentassem indicadores de produtividade para que pudéssemos ser remunerados de acordo com o nosso trabalho, mas parece que isso não é interessante... É que não estamos a lutar para sermos melhor remunerados mas sim para que sejamos melhor avaliados e consequentemente remunerados de acordo com as nossas acções.
Eu diria que a longo prazo se verificariam os efeitos perversos desta guerra contra as “corporações” mas penso que a curto prazo isso já será possível… Tentem aperceber-se de que a motivação é um factor crucial na implementação de reformas nas organizações prestadoras de cuidados assim como directamente nos cuidados em si.
Vejamos… Para que devo eu fazer formação contínua se não existe forma de me avaliar, ou se essa avaliação não se traduz em absolutamente em nada no meu percurso profissional? Para bem do SNS? Acaso não temos vida? Acaso não temos ambições? Acaso não temos perspectivas futuras? Não devo almejar poder progredir na minha profissão ? Não devo ser remunerado consoante a minha actividade ser positiva? Não sou um ser humano?
"O que esperam ao ter um discurso contra as corporações?" É que não se apanham moscas com vinagre...
mistake, error or nonsense?
Chegado, hoje, do estrangeiro, leio a notícia do "Correio da Manhã" (link).
E, intrigado, pergunto-me:
-Onde, alguém, foi buscar aumentos remuneratórios da ordem dos 40%?
Ou, haverá confusão com a célebre e iníqua proposta das 42 horas/semanais?
É que andando na casa dos "40"... poderá ter havido confusão.
Está ao menos resolvida a questão da contratação colectiva única, proposta pelos sindicatos?
Claro que não!
Então como é possível "avançar" (diria melhor atirar para o ar) com índices remuneratórios?
Ou, estamos a lançar petardos a ver se perturbamos e arrastamos as (já ancestrais) negociações?
Ou, sonhamos e acalentamos com a esperança de um levantamento nacional contra os "ganaciosos" vencimentos da função pública?
Já esquecemos como foram tratados os funcionários públicos neste consulado Sócrates?
A última vez que assisti a uma cena a género foi a da ex-ministra de Cavaco, Leonor Beleza, que exibiu, na AR, a folha de vencimentos de um médico "saturada de horas extraordinárias" confundindo-a como vencimento base.
Nessa altura tinha Costa Freire a seu lado...
Outros tempos! Ou, talvez, não!
Pretende-se no meio de uma profunda crise social e de emprego, em desenvolvimento no País, virar quem contra quem?
É pelo que tenho lido - das normas emanadas do BdP - a atenção fiscalizadora e reguladora está virada (centrada) no futuro para pagamentos indevidos (exorbitantes, acrescento, eu!) a administradores, gestores, assessores, consultores, etc. que trabalham em Instituições ou Empresas Públicas (como são grande número de HH's).
Esta dos 40%, mais parece uma frívola e dissonante tentativa de esconder o sol com uma peneira...
Pelo que me é dado saber a questão remuneratória não está ainda em cima da mesa na discussão em curso com os Sindicatos sobre Carreiras Médicas. Não pode pois passar de uma atoarda essa questão de aumentos de 40%.
Em meu entender a discussão sobre carreiras não é impeditiva de que se encontrem outros modelos de exploração dos hospitais do SNS que vão no sentido de uma melhoria da eficiência, através de processos de contratualização interna, indutores de maior responsabilização e melhor governação clínica. Foi essa, aliás, a ideia que presidiu à constituição de centros de responsabilidade integrados, agrupadores de serviços de acção médica com actividades afins, que, por razões, nunca explicadas, não saíram do papel.
Era mais que tempo que, à semelhança do que sucedeu como os Cuidados de Saúde Primários, fosse criada uma Unidade de Missão para os Cuidados Hospitalares, para discutir sem peias ou preconceitos, a melhor forma de organização interna destas unidades e como integrá-los por forma a poderem responder com eficiência ás necessidades nacionais. É que dificilmente se poderá fugir à definição de uma carta hospitalar se se pretender optimizar cuidados assistências e recursos humanos, dando um todo coerente ao sector hospitalar. Em boa verdade a empresarialização, a desregulação salarial que a acompanhou com a passagem a contratos individuais de trabalho e a carência de profissionais nalgumas áreas, vieram agravar assimetrias assistenciais e introduzir discrepâncias salariais não justificadas, com reflexos negativos na produção hospitalar. Há pois que por cobro a este estado de coisas introduzindo racionalidade no sistema, não podendo os novos modelos de carreiras profissionais ser obstáculo à sua concretização nem servir de desculpa para que outros modelos organizativos sejam encontrados.
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