quinta-feira, fevereiro 25

Não há pequenos-almoços grátis


Segundo o Público de ontem, Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, afirma que a via para a redução dos défices públicos vai ser extremamente dolorosa e que “sacrifícios sobre salários serão inevitáveis". link
Acrescenta aquele economista que muitos países podem levar entre 10 a 20 anos para sarar todas as feridas.
Refere ainda o Público que o nosso Governo se prepara para incluir, entre as medidas a submeter a Bruxelas, o congelamento dos salários da Função Pública, nos próximos três anos, e a limitação do endividamento das empresas que gravitam na órbita do Estado.

Entretanto a Senhora Ministra da Saúde anuncia que “as medidas de contratualização serão acompanhadas pela implementação gradual e progressiva de mecanismos de avaliação da gestão hospitalar, a partir de critérios preferencialmente não financeiros”
Acontece que o Ministério já possui um modelo de avaliação dos CA dos Hospitais EPE onde o peso dos indicadores de sustentabilidade (eficiência global, produção realizada e equilíbrio económico-financeiro) representa 16, 4 % do total.
Só que, vá lá saber-se porquê, o modelo parece ter abortado e, decerto, não terá sido pelo peso exagerado atribuído aos indicadores de sustentabilidade.
A avaliação dos CA, que deveria ter sido posta a funcionar logo que foram criados os Hospitais SA, parece estar, pois, na estaca zero.
O problema é que os défices de alguns hospitais dispararam e, pelos vistos, ninguém tem culpa disso. Muito embora seja comummente aceite a ideia de que gastamos mal o dinheiro de que dispomos.

A Senhora Ministra pode não gostar do FMI. Compreendo-a, perfeitamente, porque eu também não gosto. Pode também não apreciar as medidas de austeridade que o seu Governo vai decretar. Esse é um dilema que vai ter de resolver.
O que não pode ignorar é que não há almoços grátis. Pior do que isso. Os tempos estão tão maus, que já nem os pequenos-almoços o são!
Brites

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