terça-feira, abril 20

IPO Porto


O Ministério da Saúde vai escolher o Instituto Português de Oncologia do Porto como estudo de caso para saber qual é a receita utilizada pelo IPO do Porto para a recomendar aos hospitais que estão a dar prejuízo.

O IPO foi empresarializado em 2002 tendo apresentado resultados sempre negativos até 2006. Em 2007, o IPO, por um passe de mágica, começou a apresentar resultados positivos na ordem dos vários milhões de euros, tornando-se o hospital do país mais lucrativo.

O que sucedeu? Algum passe de mágica ou apenas engenharia financeira? Génios da gestão ou fraude?

O facto não foi estranho ao então Sectretário de Estado, Dr. Francisco Ramos. Este, no entanto, entendeu nada fazer por lhe interessar demonstrar que os Hospitais EPE davam lucro. A situação continua no entanto a causar estranheza. O Ministério actual quer tirar a situação a limpo. Sobretudo porque sabe que no IPO estão a gastar-se dezenas de milhões de euros em investimentos de rentabilidade muito duvidosa por conta dos milhões que o IPO tem conseguido facturar ao Serviço Nacional de Saúde.

O Ministério da Saúde vai procurar saber a que se deve o brutal aumento do número de quimioterapias desde que estas passaram a poder ser facturadas como GDH’s de Ambulatório. Nesta linha de produção o IPO tem estado a arrecadar vários milhões de euros pelo que deixou de gastar e pelo que passou a facturar.

O resultado de dois estudos de benchemarking envolvendo o IPO do Porto, o IPO de Coimbra e o IPO de Lisboa mostram um desfasamento muito grande entre estas instituições na produção e facturação das quimioterapias.

Auditores da Inspecção Geral de Finanças já conseguiram identicar uma situação que pode explicar o milagre. O IPO do Porto como acontece com todos os hospitais do país, incluindo o IPO de Coimbra e o de Lisboa, distribuía gratuitamente medicação aos seus doentes que não é vendida nas Farmácias. Esta distribuição representa um custo demasidado elevado para os hospitais sobretudo para os hospitais oncológicos. O IPO porém arranjou uma solução singular. Transformou cada comprimido dado aos doentes em quimioterapia e passou a facturá-los ao Serviço Nacional de Saúde como GDH de Ambulatório. Transformou em receita o que antes era um custo. Esta prática tornou-se, para o IPO, numa verdadeira galinha de ovos de oiro como passou a verificar-se a partir de 2007 até agora.

Este critério no entanto não está a ser seguido por outros hospitais nem pelo IPOs de Coimbra e Lisboa, que já procuraram saber junto do Ministério se é correcto o que o IPO está a fazer.
A verificar-se que a situação é correcta todos hospitais estão na intenção de exigir ao Serviço Nacional de Saúde a correcção das contas e o reembolso das importâncias que lhes são devidas.

A curto prazo iremos ficar a saber se o Conselho de Administração do IPO descobriu o ovo de Colombo ou se estamos apenas perante mais um caso de chico-espertismo.

gestãorasca

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2 Comments:

Blogger Tavisto said...

Eu, que não sou gestor, ao ler isto até me arrepio. Se é desta forma que o IPO Porto consegue apresentar lucros de gestão, então batatas. Se nem os mais básicos mecanismos de engenharia financeira conseguem ser detectados por quem compete fiscalizar as contas dos EPE, para que serviu empresarializar os hospitais? Para que serviu substituir uma gestão burocrática, mas de contas sérias, por uma pseudocriativa e falsamente empreendedora?
Onde está afinal a boa gestão? Nos que apresentam despesa decorrente do subfinanciamento, sem o iludir; ou nos que apresentam lucros recorrendo a falsas prestações de serviços? Não terá o Ministério meios para distinguir a boa e a má moeda e actuar em conformidade ou adoram a realidade virtual?

12:36 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

Este país precisa de uma barrela geral.
Isto é um país de saloiada.

5:47 da tarde  

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