Médicos tarefeiros
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) gastou mais de 34 milhões de euros com a contratação de médicos tarefeiros para prestar serviços nas Urgências, a maior parte contratados pelos hospitais a empresas, entre Janeiro e Setembro de 2009.
Este valor supera em quase 20 milhões de euros os custos com os contratos de tarefeiros em 2008, que se ficaram pelos 14,6 milhões.
Médicos e gestores temem que estes valores aumentem ainda mais este ano por causa das reformas antecipadas dos clínicos e da consequente falta de médicos.
CM 13.04.10
Este valor supera em quase 20 milhões de euros os custos com os contratos de tarefeiros em 2008, que se ficaram pelos 14,6 milhões.
Médicos e gestores temem que estes valores aumentem ainda mais este ano por causa das reformas antecipadas dos clínicos e da consequente falta de médicos.
CM 13.04.10
Assim vai o SNS. Sai-se por uma porta reformado, entra-se por outra a receber x vezes mais que o salário base. E não haverá nada a fazer? Será socialmente justo que quem se reforma com antecipação possa continuar a desempenhar a mesma actividade profissional no público ou no privado? Não se pode considerar esta atitude como um comportamento anti-social? Não será isto uma forma de burla qualificada?
Alguém me explica o que é um estado de Direito.
Alguém me explica o que é um estado de Direito.
tavisto
5 Comments:
Pobre futuro... e ainda há que pense que os enfermeiros ganham muito!!
Seria interessante divulgar os gastos com os médicos em incentivos nas USF, em horas extraordinárias fictícias, em bónus para trabalharem no "interior", em bónus para cumprirem horários, enfim...
Talibã das Beiras: Sempre ao mais alto nível.
Cerca de 30% das urgências dos hospitais são já asseguradas por médicos pagos à hora. Trata-se da única solução para evitar a ruptura dos serviços, mas segundo os especialistas a situação afecta a qualidade do atendimento e tem custos financeiros extra. Contudo, a tendência para a contratação destes médicos, a maioria a empresas de prestação de serviços, irá continuar a crescer. "Está a aumentar. Na maioria das unidades do interior mais de metade dos médicos das urgências são de empresas", garante ao DN Mário Jorge Neves, da Federação Nacional dos Médicos. Carlos Arroz, do Sindicato Independente dos Médicos, adianta que os dados que dispõem apontam para uma média de 30% de urgências asseguradas por tarefeiros. "É lamentável", considera o sindicalista, alegando que são problemas como este que afastam profissionais do SNS. É que os tarefeiros podem ter efeito desestabilizador. "O facto de os contratados para fazer urgências ganharem mais do que os colegas do quadro do hospital, muitas vezes com mais formação, desestabiliza", diz Pedro Lopes, presidente da Associação de Administradores Hospitalares.
O processo de reorganização hospitalar será semelhante ao que está a ser aplicado nas unidades de saúde familiar: quanto maior for a produção, mais ganham os profissionais de saúde
Fonte do Ministério da Saúde
DD 12.04.10
O MS a criar suspense.
Estamos cá para ver...
Mas se não há acordo quanto à grelha salarial dos médicos onde se irá buscar o dinheiro para ligar o salário à produção? Como é que isto se vai enxertar num processo em fase avançada de discussão da carreira médica?
É com curiosidade e, por que não, esperança que se aguardam as propostas da comissão de revisão do trabalho hospitalar.
Não obstante a existência de um outro conjunto de factores que têm contribuído para o lento definhar do SNS, o peso que os médicos tarefeiros (e enfermeiros e técnicos superiores de saúde ainda que em peso bastante menor) têm ganho na prestação assistencial hospitalar constitui a machadada final na minha credulidade na sustentabilidade do SNS.
Apesar da importância das implicações financeiras do recurso a tarefeiros sobre o SNS, nem considero estas as mais graves consequências. O problema é bem mais grave.
Em regra, estamos perante profissionais que tapam buracos, 1 ou 2 dias por semana, que não reportam perante a hierarquia técnica e organizativa das instituições e que não raras vezes se limitam a empurrar a solução para os profissionais dos quadros hospitalares. A função maior de médico assistente, entendido como o profissional que acompanha e se responsabiliza pelo episódio do utente desde a sua admissão à sua alta, desvanece-se, eclipsa-se.
E esta é, ou deveria ser, no meu limitado entender de gestor, uma das traves mestras do SNS. Carinhosamente chamo-os de mercenários da saúde.
Perde-se na qualidade assistencial, perde-se na motivação dos quadros de pessoal, perde-se financeiramente. Espero que se venha a provar que se ganha algo.
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