terça-feira, junho 1

Perguntar não ofende…


A propósito das medidas de contenção na saúde deixam-se aqui algumas sugestões de perguntas que poderiam ser colocadas ao MS.

Qual o impacto nos custos globais, no desempenho e na qualidade do SNS:

1. - da criação de um Observatório do Sistema de Saúde verdadeiramente eficaz e independente, apoiado nas Universidades, que fosse capaz de produzir informação e conhecimento (produzindo, publicando e publicitando informação e análise crítica) sobre o Sistema de Saúde e ao mesmo tempo fosse monitorizando (trimestralmente) o desempenho global do sistema e as políticas do governo?

2. - da criação de um Programa de redução efectiva e controlada da Taxa de Infecção Hospitalar?

3. - da criação de um Programa de redução dos internamentos inapropriados e de revisão global das demoras médias hospitalares?

4. - da persistência de graves disfunções na relação entre os Cuidados de Saúde Primários e os Cuidados de Saúde Hospitalares e a Rede de Cuidados Continuados?

5. - do agravamento do número de utentes sem médicos de família?

6. - da criação de um Plano Estratégico para a Utilização Racional do Medicamento plurianual que envolvesse, paritariamente, a Apifarma, a Apogen, a ANF, a Ordem dos Médicos e a Ordem dos Farmacêuticos?

7. - da criação de uma Agência Nacional para a Avaliação das Tecnologias da Saúde?

8. - da criação de um Formulário (contendo os Termos de Referência) para as Boas Práticas de Prescrição nos Cuidados de Saúde Primários?

9. - da implementação efectiva da obrigatoriedade de prescrição por DCI?

10. - do alargamento da quota prescrição de medicamentos genéricos para, pelo menos, 35 % do mercado total?

11. - da revisão dos critérios de formulação de preços e comparticipações ajustando-o às melhores práticas em curso nos países da UE?

12. - da implementação imediata de uma experiência concreta de prescrição electrónica (retomando, por exemplo, a experiência de Portalegre)?

13. - da implementação efectiva de uma Carta Hospitalar de âmbito nacional?

14. - da criação de um Programa de substituição urgente dos Centros Hospitalares com maiores ineficiências estruturais por edifícios únicos e integrados (CHLO, Médio-Tejo, CHC, etc)?

15. - da concentração de Urgências nas áreas metropolitanas?

16. - da concentração, fusão e extinção de Serviços Centrais e Regionais no âmbito do MS?

17. - da criação de um Programa de incentivo ao aumento da taxa actividade de Cirurgia de Ambulatório?

18. - da realização de uma auditoria nacional e independente ao transporte de doentes?

19. - da criação de um Programa de informatização (obrigatória) na relação de todas as entidades convencionadas com o MS?

20. - da criação de um Grupo Profissionalizado na ACSS de apoio, acompanhamento e monitorização à rede empresarial da saúde?

21. - da criação de novos CRI’s, com avaliação prévia de custo-efectividade, que possam substituir serviços ineficientes e suprir carências de actividade?

22. - da criação de um plano muito mais ambicioso e urgente na implementação do Registo de Saúde Electrónico?

23. - da criação imediata de locus regionais e experimentais de prescrição electrónica?

24. - da criação de novas ULS?

25. - da criação de experiências-piloto de ULS com financiamento capitacional?

26. - da progressiva destruição da experiência inovadora da ULS de Matosinhos?

27. - da criação de um Sistema Global de Avaliação de Desempenho profissional e institucional?

28. - da criação de um Sistema Integrado de Informação e de Reporte de acesso público nos diferentes indicadores de actividade e de performance do SNS?

Estas são apenas algumas das (muitas) perguntas que se poderiam fazer para evitar que estivéssemos a perder tempo com uma espécie de política de “marquise” discutindo apenas toners e jarros de água.

Amorim

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7 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

Excelente post.
Acontece que esta ministra não consegue ir além da política de marquise.
A culpa deve ser imputada inteirinha a José Sócrates que a nomeou. Ao que se diz por recomendação expressa de Manuel Alegre.
O trágico da situação é que o SNS é um bem demasiado precioso para estar assim exposto a tamanha incompetência.

9:21 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Ana Jorge negoceia com sindicatos regime especial para médicos aposentados

A ministra da Saúde, Ana Jorge, reúne-se hoje com os sindicatos dos médicos para discutir o regime especial para os médicos aposentados para compensar a corrida dos médicos às reformas antecipadas. O Ministério propõe um regime especial para que os aposentados regressem ao serviço, mas estes terão que suspender a pensão e ficar a ganhar o mesmo até que a aposentação se concretize. Os sindicatos dizem que o regime suscita dúvidas e querem negociar.

DE 31 05 10

Mais este episódio dava para rir se não fosse tão triste.

11:15 da manhã  
Blogger e-pá! said...

O "chorrilho" de perguntas constantes do post - todas oportunas! - mostra como o SNS é, hoje, um imenso "buraco negro"...

Continuamos a insistir na política dos "emplastros", dos “sinapismos”, das “mezinhas”, etc., mesmo quando o "doente" [SNS] já entrou fase comatosa.

De acrescentar que, para além da cascata de questões levantadas, ladeia-se com a "concentração, fusão e extinção de Serviços Centrais e Regionais no âmbito do MS", a "implementação efectiva de uma Carta Hospitalar de âmbito nacional"e um "Programa de substituição urgente dos Centros Hospitalares com maiores ineficiências estruturais por edifícios únicos e integrados" uma questão fulcral [e também estrutural], i.e., a gestão dos recursos humanos no SNS ...

Amanhâ, será – desgraçadamente – tarde.

12:10 da tarde  
Blogger Unknown said...

SOL de sexta, 28/5/2010:

OS GASTOS do SNS no primeiro trimestre de 2010 atingiram valores tão altos que tornam muito difícil o cumprimento de algumas das metas definidas para o sector no primeiro PEC deste ano, aprovado pelo Governo em Março – metas que Ana Jorge repetiu esta semana, na apresentação das suas dez medidas anti-crise.
Só em medicamentos, a despesa do Estado nas farmácias – onde o PEC exigia, para todo o ano de 2010, um crescimento negativo de 1% – já tinha crescido 12%, ultrapassando, no final de Março, essa previsão mais de 47 milhões de euros. Ou seja: o Estado gastou, em medicamentos, nesse período, 417,9 milhões; mas devia ter gasto, segundo as orientações do PEC, 370 milhões.
Ana Jorge, entretanto, anunciou que pretende poupar, pelo menos, 23milhões na factura do Estado com os medicamentos vendidos nas farmácias, até ao final do ano – com a redução do preço dos dois genéricos mais vendidos e das tiras de controlo de glicémia para os diabéticos. Um valor que, na prática, já foi ‘consumido’, tornando quase impossível o cumprimento dessa meta.
Especialistas contactados pelo SOL indicam que, nem com crescimento zero a partir de agora, o PEC será cumprido. E explicam que seria preciso diminuir a despesa do Estado nas farmácias, relativamente ao ano passado, em cerca de 10% até ao final do ano, para que essa recomendação seja cumprida.
Já quanto aos hospitais, no primeiro trimestre de 2010, a despesa em medicamentos cresceu cerca de 8% relativamente ao mesmo período do ano passado. A ministra, seguindo as orientações do PEC, anunciou ter dado instruções aos hospitais para apresentarem um plano onde, entre outras coisas, garantissem que a despesa em medicamentos não ultrapassaria os 2,8% em 2010.
O cenário aqui, no entanto, é semelhante ao da factura das farmácias, segundo as projecções feitas pelos mesmos especialistas: para se conseguir cumprir esta meta, os hospitais têm de assegurar crescimento zero pelo menos nos dois próximos trimestres, para compensar o que a despesa cresceu só nos três primeiros meses do ano.
Segundo soube o SOL, entretanto, o gabinete de Ana Jorge está já a preparar outro pacote de medidas, de carácter mais estrutural, para combater o desperdício no SNS.
No sector do medicamento, é de prever que a ministra avance com mais restrições à entrada de medicamentos inovadores nos hospitais. Só nos primeiros três meses de 2010, os gastos com este tipo de remédios nos hospitais cresceu 27% relativamente ao ano passado (representando já 6% do total da factura do primeiro trimestre).
Já a medida tomada antes das últimas eleições legislativas, de tornar grátis os genéricos para os idosos – e que é, neste momento, considerada como uma das principais razões para o crescimento da despesa do Estado em medicamentos este ano – não deverá ser alterada. Por exigência do próprio primeiro-ministro, que deu a cara por ela.
Na mesma linha, o Ministério não interrompeu as negociações com os sindicatos dos enfermeiros e dos médicos, como confirmou ao SOL fonte oficial, nas quais se discute o novo sistema remuneratório destes grupos profissionais.
As dez medidas do plano anti-crise de Ana Jorge foram recebidas com grande cepticismo no sector.
O economista Pedro Pita Barros, no jornal i, diz que os ‘cortes cegos’ – como impor o mesmo volume de poupança a todos os hospitais (5% nas horas extraordinárias, 2% nos serviços externos e 2,8% nos medicamentos) – são «um modo pouco inteligente de conter a despesa». Jorge Simões, também especialista em economia da Saúde, afirma, no Público, que «o risco da sustentabilidade do SNS volta a colocar-se».
Ao SOL, Adalberto Fernandes considera que estas medidas «têm um carácter meramente simbólico». E defende que este devia ter sido o momento «para encarar de frente a reforma estrutural de que o sistema precisa».
Houve ainda quem lembrasse que os cortes anunciados por Teixeira dos Santos representam 1,4% do PIB, enquanto a redução da despesa prometida por Ana Jorge com o seu pacote (cem milhões de euros) se limita a 0,58% da despesa anual do SNS. GRAÇA ROSENDO

1:28 da tarde  
Blogger Antunes said...

É justificável que o Estado invista no CMIN e, ao mesmo tempo, permita que o Hospital de S. João lance o Hospital Pediátrico do Norte? Isto não é um sinal de megalomania ou de incapacidade de planear a distribuição dos recursos?

O que se passa no Hospital de S. João é, sobretudo, a reformulação requalificação/modernização da ala pediátrica. O número de camas alocadas à pediatria no S. João, quando estiver concretizado o novo projecto, não é maior do que é hoje - o espaço físico alocado a cada cama é que é muito superior. O que vai acontecer no Porto e com o CMIN é o seguinte: onde havia três serviços destinados à obstetrícia, ginecologia e pediatria passará a haver dois. Isto é, a fusão do Hospital Maria Pia, da Maternidade Júlio Dinis e do Hospital de Santo António no Centro Hospitalar do Porto, e da sua componente centro materno-infantil, significa que onde havia dois serviços passará a haver um. Seria impensável para o Porto que o Hospital de S. João fosse espaço único, o que significava que todo o centro da cidade ficava privado de um espaço físico para a saúde materno-infantil. Devo dizer que isso era mau do ponto de vista da saúde e desastroso do ponto da vista do desenvolvimento da cidade.

Não se trata de um sinal de megalomania...

Não, não o investimento na saúde materno-infantil é sempre um investimento adequado. link

JP 31.05.10

Governação da poupança:
É, assim, que se faz a poupança na Saúde.

4:51 da tarde  
Blogger Clara said...

Manuel Pizarro está noutra.

11:35 da tarde  
Blogger Saloio said...

Está noutra e já nem se quer se dá a trabalho de disfarçar. A propósito valia a pena discutir no SaudeSA o cheque-dentista. Mais uma maneira "criativa" de delapidar o dinheiro público

11:54 da tarde  

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