sexta-feira, outubro 8

Baralhadas

O Estado gastou mais 15% com medicamentos nos primeiros sete meses deste ano do que no mesmo período de 2009.
Os dados divulgados ontem no site do Infarmed, a que o Diário Económico teve acesso, mostram que este crescimento desacelerou (no mês anterior era de 17%), mas continua muito acima da meta orçamental estabelecida pelo Governo - 1% para despesas com medicamento em ambulatório e 2% nos hospitais. Os números agora divulgados também revelam que, até Julho, a despesa com medicamentos vendidos nas farmácias (em ambulatório) subiu 10,5% face aos sete primeiros meses de 2009, enquanto os hospitais a factura cresceu 4,9% (sendo a soma destas duas parcelas 15,4%).
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A despesa com medicamentos vendidos nas farmácias fica perto das expectativas manifestadas pelo secretário de Estado da Saúde, Oscar Gaspar, no início do mês, quando garantiu que, "em termos acumulados, de Janeiro a Julho, a despesa abrandou de 10,9% para 10% e não para 7%", como aquele responsável chegou a avançar.
Este agravamento da despesa significa que o Estado gastou cerca de 1,6 mil milhões de euros em medicamentos nos primeiros sete meses do ano (venda em farmácia e hospitais), destes 400 milhões foram gastos durante Julho, mês em que, de acordo com o Ministério da Saúde, se sentiriam os primeiros efeitos da revisão de algumas medidas para conter a despesa (PEC para a saúde). Por exemplo, o fim da comparticipação total para os pensionistas mais pobres, que Oscar Gaspar considerou ser a grande causa do agravamento desta factura.
DE 07.10.10

Continua a haver peças jornalísticas surpreendentes, ora senão vejamos:

1.º - «dados divulgados ontem no site do Infarmed»
Ontem, portanto, 06.10.10. Ora os dados referidos pela senhora jornalista encontram-se disponíveis no site do Infarmed desde 23.09.10.
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2.º - «A despesa com medicamentos vendidos nas farmácias fica perto das expectativas manifestadas pelo secretário de Estado da Saúde, Oscar Gaspar, no início do mês, quando garantiu que, "em termos acumulados, de Janeiro a Julho, a despesa abrandou de 10,9% para 10% e não para 7%", como aquele responsável chegou a avançar.»

Tentativa de clarificar esta baralhada:
A variação homóloga, da despesa de medicamentos do ambulatório, verificada no período Jan-Jul (10,5%), regista uma redução de 1,4 relativamente à variação homóloga verificada no período anterior, Jan-Jun (11,9%). Uma pequena desaceleração, longe do necessário, para cumprir a meta de crescimento (1%) estabelecida para o corrente ano.
É certo que, Óscar Gaspar, tentou trocar-nos as voltas ao comparar de forma que mais lhe convinha, a despesa do 1.º semestre de 2010 com o 2.º semestre de 2009, e não com o período homólogo, como é prática corrente.

3.º - «mês em que, de acordo com o Ministério da Saúde, se sentiriam os primeiros efeitos da revisão de algumas medidas para conter a despesa (PEC para a saúde). Por exemplo, o fim da comparticipação total para os pensionistas mais pobres».

Acontece que a redução da comparticipação de medicamentos (100% para 95%) dos pensionistas mais pobres de (rendimentos mensais inferiores a 450 euros) foi estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 106-A/2010 de 1 de Outubro
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Nota (posterior): Neste ponto a senhora jornalista tem toda a razão (também eu sinto dificuldade em entender toda esta baralhada): Julho foi o mês em que entrou em vigor o fim da comparticipação total para os pensionistas mais pobres, medida com repercussão na redução da despesa. O diploma que referi acima estabelece a redução da comparticipação do regime especial de 100% para 95%.
O Baralhador mor: A baralhada da política do medicamento traz-nos a todos baralhados. No meio disto tudo, Óscar Gaspar, tem demonstrado gabarito de um verdadeiro campeão da baralhada.

Hajadeus

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