Incompetência
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Telmo
…”Incompetência é a inabilidade de alguém de desempenhar adequadamente uma determinada tarefa ou missão.
A incompetência é o factor determinante do Princípio de Peter, que dita que em uma organização hierárquica os funcionários tendem a ser promovidos até chegarem a um cargo para o qual são incompetentes, e então lá permanecem.
Embora esse fenómeno seja largamente encontrado na sociedade e um factor significativo de ameaça ao seu funcionamento adequado, ainda é relativamente pouco estudado”…
Ora aqui está uma oportunidade, perante tanta matéria de facto, de se desencadearam múltiplas e interessantes linhas de investigação.
Depois de andarem meses (em surdina) a prometer aos sindicatos gloriosas carreiras, com novos enquadramentos orçamentais, de prometerem (durante anos) introduzir mecanismos de avaliação, nomeadamente, às administrações hospitalares, de darem medicamentos de graça, de garantirem que os medicamentos não aumentariam, de atribuir um médico de família a todos os portugueses, de garantir que os médicos reformados voltavam, de congelarem todo o tipo de reformas estruturais, de garantirem controlo da despesa, de ignorarem o problema da dívida, de prometerem hospitais em cada concelho (porque gostam muito da proximidade) como por exemplo nas Caldas, nas Caldas da Rainha e em Alcobaça, de desistirem de qualquer tipo de planeamento estratégico abrindo, por exemplo unidades de hemodinâmica em Leiria vão-se agora arrastando, penosamente, num patético exercício de contradições insanável.
No centenário da República deveremos todos reflectir sobre as consequência do Estado ser servido por personagens de valor mínimo, sem dimensão nem qualidade para responder pelas exigências da governação. No que diz respeito à saúde ficará registado nos livros da história um período que corresponde ao maior embuste político de todos os tempos no qual o serviço nacional de saúde foi destruído pelo partido político que o criou.
O Dr. Salazar tinha a teoria de que os ministros que escolhia deveriam ser ricos e bem instalados na vida. Presumia ele que assim não se deixassem corromper e que, tenderiam a ser mais competentes e isentos no exercício de funções porque teriam sempre destino no momento da partida. Talvez tivesse razão. Nada pior que o país estar nas mãos de gente sem destino…
A incompetência é o factor determinante do Princípio de Peter, que dita que em uma organização hierárquica os funcionários tendem a ser promovidos até chegarem a um cargo para o qual são incompetentes, e então lá permanecem.
Embora esse fenómeno seja largamente encontrado na sociedade e um factor significativo de ameaça ao seu funcionamento adequado, ainda é relativamente pouco estudado”…
Ora aqui está uma oportunidade, perante tanta matéria de facto, de se desencadearam múltiplas e interessantes linhas de investigação.
Depois de andarem meses (em surdina) a prometer aos sindicatos gloriosas carreiras, com novos enquadramentos orçamentais, de prometerem (durante anos) introduzir mecanismos de avaliação, nomeadamente, às administrações hospitalares, de darem medicamentos de graça, de garantirem que os medicamentos não aumentariam, de atribuir um médico de família a todos os portugueses, de garantir que os médicos reformados voltavam, de congelarem todo o tipo de reformas estruturais, de garantirem controlo da despesa, de ignorarem o problema da dívida, de prometerem hospitais em cada concelho (porque gostam muito da proximidade) como por exemplo nas Caldas, nas Caldas da Rainha e em Alcobaça, de desistirem de qualquer tipo de planeamento estratégico abrindo, por exemplo unidades de hemodinâmica em Leiria vão-se agora arrastando, penosamente, num patético exercício de contradições insanável.
No centenário da República deveremos todos reflectir sobre as consequência do Estado ser servido por personagens de valor mínimo, sem dimensão nem qualidade para responder pelas exigências da governação. No que diz respeito à saúde ficará registado nos livros da história um período que corresponde ao maior embuste político de todos os tempos no qual o serviço nacional de saúde foi destruído pelo partido político que o criou.
O Dr. Salazar tinha a teoria de que os ministros que escolhia deveriam ser ricos e bem instalados na vida. Presumia ele que assim não se deixassem corromper e que, tenderiam a ser mais competentes e isentos no exercício de funções porque teriam sempre destino no momento da partida. Talvez tivesse razão. Nada pior que o país estar nas mãos de gente sem destino…
Telmo
Etiquetas: Ana Jorge, Politica de Saúde
11 Comments:
A quase totalidade dos médicos que trabalham no SNS vai sofrer cortes salariais na sequência do novo plano de austeridade anunciado na quarta-feira. Há mais de 26 mil clínicos a trabalhar no sector público e, de acordo com as tabelas salariais para 2009 e 2010, só os médicos não especialistas auferem menos de 1500 euros e, por isso, estão isentos de cortes em 2011. Dirigentes sindicais acreditam que esta medida possa ditar a saída de médicos mais especializados, nomeadamente para o sector privado.
Mário Jorge Neves, dirigente da Federação Nacional dos Médicos, disse ao DN que "quase todos os médicos que estão no serviço público vão ser alvo de cortes, estão a contrato individual de trabalho ou de funções públicas", avança. O bastonário, Pedro Nunes, relembra que "mesmo os internos são afectados, porque ganham acima de 1500 euros". De fora, talvez fiquem apenas "os internos do primeiro ano (ano comum), ou seja, os que ainda não estão a especializar-se", acrescenta Mário Jorge Neves, porque estão no limite de 1500 euros.
As medidas anunciadas para a área da saúde, que visam uma poupança de mais de 500 milhões em 2011, somam-se às apresentadas recentemente na área do medicamento, que vão reduzir os gastos em 250 milhões de euros.
O sindicalista está preocupado com o corte salarial, mas não por temer mais saídas, que apenas se deveram às penalizações deste ano nas reformas antecipadas. "Isso só se verificou nessa altura e as pessoas têm de ter condições para se reformarem. Temo é que os médicos possam ir para o privado".
Apesar de considerar que estas unidades não são a galinha dos ovos de ouro, o médico calcula que "os médicos mais diferenciados sintam mais essa apetência". Os cortes mais elevados poderão sentir-se mais nos médicos em regime de exclusividade ou mais bem colocados na tabela salarial.
"Apesar de a exclusividade afectar mais os médicos de família, já que 70% a têm, são os da área hospitalar que são mais recrutados no privado. Com estas reduções salariais, os privados terão maior poder negocial para contratar especialistas em anestesia, medicina interna, ginecologia e obstetrícia, oftalmologia, cirurgia plástica, otorrinolaringologia, entre outras", exemplifica. Nestas áreas, o sector privado também se está a ressentir da carência de especialistas, considera Mário Jorge Neves.
Pilar Vicente, do mesmo sindicato, ressaltou ainda que, "mesmo os internos, fazem muitas horas extraordinárias", também elas alvo de redução com as novas medidas, porque são calculadas em função do salário-base. Ao mesmo tempo, o Governo anunciou novos cortes. Depois do corte de 5% anunciado em Maio, o Ministério da Saúde esteve indisponível para esclarecer se haverá novas reduções, que irão afectar serviços essenciais como as urgências. Além do corte dos preços dos exames e análises clínicas em prestadores convencionados, que permitirão poupar três milhões em 2011, esperam-se novas medidas quando for apresentado o Orçamento do Estado.
DN 02.10.10
No rescaldo das trágicas declarações do Primeiro-Ministro sobre a situação financeira do País e das medidas que o Governo decidira tomar para equilibrar as contas públicas, dizia-me um colega com responsabilidades na administração hospitalar: Tenho andado até aqui a tentar convencer os colegas que anteciparam reforma a desistir do seu intento, a partir de ontem deixei de ter argumentos para o fazer.
O “day after” ao dia 29 de Setembro vai ter (também) pesadas consequências para o SNS. Os devaneios das pseudo políticas empresariais dos últimos anos, de que são exemplos:
- A transformação dos hospitais em entidades publicas empresariais, com maior autonomia e liberdade de gestão mas sem acrescido aumento de responsabilidade das administrações.
- A competição entre instituições a ter primazia sobre a complementaridade da rede hospitalar.
- A substituição das carreiras profissionais da administração pública por contratos individuais de trabalho com pagamento avulso.
- O recurso a dispendiosos programas de recuperação de listas de espera como forma de compensar a baixa produtividade.
- O “gentle agreement” à entrada (em peso) dos grupos económicos na saúde com envolvimento do próprio sector empresarial do estado (CGD).
- As promíscuas parcerias público-privadas.
- O inesgotável sorvedouro dos subsistemas de saúde, ADSE emparticular,
terão em muito contribuído para o actual deficit das contas públicas sendo difícil de manter na actual situação de penúria financeira. Nestas circunstâncias, querer manter-se um SNS com cobertura universal, equitativo e de qualidade, exigirá um profundo repensar das situações atrás mencionadas, objectivo que está para além das capacidades da actual equipa ministerial. É pois urgente encontrar-se protagonistas em João Crisóstomo capazes de acomodar o SNS às novas realidades do País.
Sócrates tem que remodelar já!
Os duros sacrifícios porque vão passar todos os portugueses serão inutéis caso o Governo persista em manter abéculas destas.
Expresso: O objectivo é baixar os gastos com medicamentos e meios de diagnóstico (exames). Podem também estar a caminho novas mexidas nas comparticipações
Silva Lopes: “Estou de acordo, mas acho que esta medida não vai produzir muitos efeitos em termos de redução de despesa. Não terá uma dimensão significativa. A saúde é um sector fundamental, mas também é um sector onde há menos controlo da despesa. Infelizmente, a exiguidade dos recursos vai exigir que no futuro se faça uma grande reforma no âmbito do SNS”.
Expresso 02.10.10
Apenas ansioso, porque deprimido não posso
A falta de seriedade de alguns dos nossos actores político-corporativo-sindicais é espantosa. Em qualquer outra circunstância, num país normal, um responsável político (ainda por cima licenciado em Medicina) que tivesse o despudor de debitar tal barbaridade estaria liquidado. Entre nós meia dúzia de promessas e conluios corporativos com sindicatos e ordens tornam irrelevante que se diga que racionar o acesso a anti-depressivos (prescritos por médicos) é uma justa punição para “falsos” deprimidos, putativos prevaricadores adictos de remédios mal prescritos por médicos irresponsáveis.
É nisto que Portugal se afunda. Os dirigentes sindicais pouco mais fazem do que repetir as velhas “cassetes” e para se fazerem notados cultivam uma linguagem vulgar suportada em sound-bytes, grosseiros qb, para garantirem o duplo efeito de serem notícia, de intimidar os “políticos” verdinhos e de fazer rir a malta. No que se refere à OM entre muitas viagens (pagas pela generosidade das quotas principescas impostas aos médicos), uma disputa sanguinária pela conservação dos lugares, das mordomias e do “usufruto das relações internacionais” vamos vendo o (ainda) bastonário a espaços debitando umas boutades (inspiradas na sua educação sindical) fazendo da discussão de coisas sérias um arrazoado de impropérios de nível baixo mas, sobretudo, muito ruidoso.
Esta pessoa e sua trupe, tem mesmo que ser corrida e rápido! Antes que seja tarde demais (ou..?)!
Em entrevista à agência Lusa, a presidente da Fundação Champalimaud reconheceu que o SNS "tem activos fantásticos de realização em Portugal" nas últimas décadas, mas que, porém, "é preciso melhorar".
"Devemos muito mais caminhar em termos de reformas e melhorias do que propriamente revolucionar", afirmou Leonor Beleza, que foi ministra da Saúde entre 1985 a 1990, quando Cavaco Silva era primeiro-ministro.
Questionada sobre a que reformas e melhorias se referia, Leonor Beleza disse "tornar muito mais eficaz aquilo que se faz"
"Portanto, uma guerra sem limites contra o desperdício, pela fixação de regras claras em que todos os parceiros saibam com que regras estamos a funcionar", acrescentou.
Defendeu ainda uma discussão "serena" em torno do Serviço Nacional de Saúde, baseada em dados efectivos, minuciosos e pensados em função do cenário macroeconómico.
No entanto, alerta, a discussão não pode ser apenas em torno da dimensão financeira.
"As pessoas estão a envelhecer e os recursos necessários vão ter de ser cada vez maiores. Os perfis das doenças que se estão a mostrar como as que vão dominar daqui para a frente têm de ser tidos em conta porque são doenças complicadas e caras de tratar. É com realismo que podemos melhorar e não revolucionar", insistiu.
Leonor Beleza diz ainda que gostava que as pessoas que sabem muito sobre o assunto se envolvessem na discussão e "não se resguardassem tanto", explicando as "balizas" do que pode e deve efectivamente ser feito.
"Gosto menos que desatemos todos a falar numa base de defesa ainda não muito racionalizada", defendeu.
JP 03.10.10
O regresso de LB às intervenções sobre o SNS.
A antiga ministra da Saúde Leonor Beleza defende uma "guerra sem limites" contra o desperdício no Serviço Nacional de Saúde (SNS), afirmando que o caminho passa por reformas e melhorias e não por uma revolução.
Em entrevista à agência Lusa, a presidente da Fundação Champalimaud reconheceu que o SNS "tem activos fantásticos de realização em Portugal" nas últimas décadas, mas que, porém, "é preciso melhorar". "Devemos muito mais caminhar em termos de reformas e melhorias do que propriamente revolucionar", afirmou Leonor Beleza, que foi ministra da Saúde entre 1985 a 1990, quando Cavaco Silva era primeiro-ministro. Questionada sobre a que reformas e melhorias se referia, Leonor Beleza disse "tornar muito mais eficaz aquilo que se faz""Portanto, uma guerra sem limites contra o desperdício, pela fixação de regras claras em que todos os parceiros saibam com que regras estamos a funcionar", acrescentou. Defendeu ainda uma discussão "serena" em torno do Serviço Nacional de Saúde, baseada em dados efectivos, minuciosos e pensados em função do cenário macroeconómico. No entanto, alerta, a discussão não pode ser apenas em torno da dimensão financeira. "As pessoas estão a envelhecer e os recursos necessários vão ter de ser cada vez maiores. Os perfis das doenças que se estão a mostrar como as que vão dominar daqui para a frente têm de ser tidos em conta porque são doenças complicadas e caras de tratar. É com realismo que podemos melhorar e não revolucionar", insistiu. Leonor Beleza diz ainda que gostava que as pessoas que sabem muito sobre o assunto se envolvessem na discussão e "não se resguardassem tanto", explicando as "balizas" do que pode e deve efectivamente ser feito."Gosto menos que desatemos todos a falar numa base de defesa ainda não muito racionalizada", defendeu.
Lusa
À direita do espectro político, parece haver ainda pessoas com bom senso relativamente às reformas de que carece o SNS. Embora não o afirme de forma clara, pode ler-se nas entrelinhas que LB não subscreve as teses de Passos Coelho para o sector. Pelos alertas que deixa, a ex-ministra parece querer denunciar que a entrega ao sector privado da principal componente de prestação de cuidados de saúde não só consumiria maiores recursos financeiros como comprometeria a universalidade do sistema de saúde.
Seria bom que PPC se aconselhasse com personalidades como Leonor Beleza, Paulo Mendo e Albino Aroso, sobre questões de Saúde antes de se pronunciar sobre coisas que mal conhece.
Bloco de Esquerda alerta para risco de novo PEC
A preocupação do Bloco de esquerda advém do facto de o “buraco” do BPN ter criado uma dívida de 4500 milhões de euros que apenas será atenuada pela venda do banco por 200 milhões de euros, caso se encontre comprador, o que até agora não foi possível.
Ou seja, um encargo que é “equivalente” ao plano de austeridade e que Francisco Louçã abordou referindo as semelhanças ao caso da Irlanda que, de repente, por causa da nacionalização de um dos seus bancos, viu-se abraços com um agravamento do défice orçamental de 10 por cento para mais de 30 por cento do PIB.
“A diferença pode ser escondida por pouco tempo nas contas da Caixa Geral de Depósitos, mas nunca deixará de ser paga pelos contribuintes”, refere-se na nota distribuída. Para já, desenvolveu Louçã, o peso do encargo obrigou a CGD a ter de vender as suas instalações e a pagar uma renda por algo que era público.
O alerta foi deixado na conferência de imprensa para anunciar as grandes linhas de um plano financeiro alternativo às medidas adicionais do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) do Governo. O plano com todos os detalhes só conhecido durante as jornadas parlamentares do partido, a 18 e 19 de Outubro próximo. Mas, como defendeu Louçã, será um programa que não terá efeitos recessivos como o do Governo e que permitirá relançar o crescimento económico e o emprego.
Os grandes números desse programa alternativo prevêem um corte na despesa pública de 3150 milhões de euros, pouco inferior ao do Governo (3400 milhões), sobretudo graças à eliminação de despesa fiscal com benefícios fiscais, corte em “institutos fantasma” e escolha de embalagem do medicamento pelo doente.
Na receita fiscal, o Bloco de Esquerda consegue aumentar o esforço do Governo ao dizer ser possível obter 1950 milhões contra 1700 milhões do plano Governo. A receita seria conseguida com os impostos a cobrar sobre a Portugal Telecom - que nada pagou de impostos com a venda da Vivo no Brasil, porque as sociedades gestoras de participações sociais estão isentas de tributação – sobre a banca e sobre as mais-valias bolsistas.
Essas diferenças, permitiriam ainda um aumento do investimento público em mil milhões de euros, contra um corte directo em 2011 de 510 milhões, a que se somam mais 1500 milhões de cativações, tal como é proposto pelo Governo.
JP 03.10.10
Pelos vistos o filme de terror vai continuar por vários anos
Mitos e Labirintos
Três mitos correntes e um labirinto. O governo teria agido tarde e tal se reflectiria na dureza das medidas tomadas na semana transacta. Não, o Governo controlou sempre o ‘timing’, não se sangrou em saúde, pois sabia quanto custariam as medidas, e quão difícil era encontrar um esboço de consenso social. Tivesse o PSD adoptado outra atitude sobre os impostos, tudo teria sido mais fácil e rápido. Deixou-se ir a reboque de declarações peremptórias, irreflectidas e irrealistas, atou a si a pedra ideológica da sua proposta constitucional, atrasou-se no consenso. Quando verificou o pânico que estava a causar nos mercados, quando o Presidente repetidamente o chamou à razão, só então descobriu a fórmula salvadora da abstenção no OE de 2011. Quem duvide, leia a imprensa internacional dos dias seguintes às medidas, para perceber a importância negativa da falta de acordo político, na subida do ‘spread’ da dívida soberana.
O segundo mito, que circulou em editoriais foi o de o Governo ter “roubado ao Presidente o protagonismo de uma mediação”. Pura fantasia, que ignora o calendário político. A Comissão fez sair a 29 o pacote de medidas financeiras e 29 foi o último dia possível para o anúncio chegar aos mercados. Terminadas as audiências presidenciais e certamente beneficiando delas. Pretender dividir o Presidente e o Governo nesta crise é pretensioso e falso. O Presidente agiu como lhe cumpria. O Governo cumpriu como devia. A reunião do Euro grupo de 30 de Setembro acolheu com visível alívio “as ambiciosas medidas adicionais de consolidação, para 2010 e 2011, adoptadas pelo Governo Português”.
O terceiro mito é o da “ausência de uma política real para sair da crise”. Pois é. Bem gostaríamos que o prazo do ajustamento orçamental fosse alargado até 2015; que o Fundo Monetário Europeu já estivesse a ser criado e não apenas a ser objecto de recomendação para estudo; que as sanções fossem mais incentivos que penalidades para maldição da vítima. Aqui se dividem socialistas e direita europeia maioritária. Estreitando os graus de liberdade dos governos ditos periféricos. Retirando-lhes margem política. Ainda por cima com o principal partido da direita nacional a congregar tropas para uma revisão constitucional, cuja urgência ninguém entende e cuja demarcação ideológica não revela utilidade para a “saída da crise”. Com este acidente de percurso, qual é então a “política real” do PSD para sair da crise? A sua melhor política será, agora, a que acalme os mercados.
Finalmente o labirinto e os seus construtores, Bloco e PCP, neles perdidos. Manifestações, protestos, “luta de classes”, toda a velha parafernália retórica sem ideias, ruidosa sem harmonia. Se o velho partido não surpreende, o novo parece ter perdido a frescura. Se assim continua, mais contará o principal que o sucedâneo.
CC, DE 04.10.10
Bloco apresenta plano contra «efeito recessivo» da austeridade
Partido propõe redução de 3.150 milhões através da eliminação de benefícios fiscais aos planos poupança reforma, seguros de saúde e corte em institutos
O fim de benefícios fiscais e o corte nos institutos e empresas fantasma, bem como o pagamento de taxas sobre mais-valias e transferências para «off-shores» são propostas do Bloco de Esquerda para contrariar o «efeito recessivo» das medidas de austeridade.
«O Bloco de Esquerda assume a inteira responsabilidade perante o país de se apresentar portador de uma resposta concreta, de uma alternativa mobilizadora, que permita sanear as contas públicas e, sobretudo, orientar a economia para a sua prioridade - a criação de emprego», afirmou este domingo o líder do BE, Francisco Louçã, numa conferência de imprensa em Lisboa, para apresentar os princípios do plano financeiro proposto pelo partido «para o país sair da recessão», escreve a Lusa.
À redução de 3.400 milhões de euros na despesa defendida pelo Governo ¿ que passa pelo corte nos salários, segurança social e saúde ¿ o BE propõe uma redução de 3.150 milhões de euros, através da eliminação de benefícios fiscais aos planos poupança reforma e seguros de saúde e o corte em institutos, empresas municipais e consultorias jurídicas.
A aplicação do «princípio do englobamento dos rendimentos para equidade fiscal», a imposição de um mínimo de 90 por cento do pagamento do IRC e a escolha pelo doente da embalagem do medicamento ¿ com poupanças para as famílias e para o Estado ¿ são outras propostas dos bloquistas para reduzir a despesa.
Através de medidas, como o aumento de dois pontos percentuais do IVA, o Estado espera um crescimento da receita de 1.700 milhões de euros, enquanto o Bloco sugere mais 1.950 milhões de euros de receita, através da taxação de mais valias sobre as sociedades de capital de risco e as SGPS, bem como sobre as transferências para paraísos fiscais.
O BE quer ainda cobrar à Portugal Telecom impostos sobre «a mais-valia» da venda da Vivo à Telefónica, estimando um valor de mil milhões de euros.
Quanto ao investimento, «o programa do Governo prevê uma redução de 500 milhões de euros em 2011 e, nos próximos anos, uma redução global de 1.500 milhões de euros do investimento», o que, para o BE, «é um dos factores mais graves para acentuar a recessão».
O Bloco quer, com estas propostas, garantir recursos «para um programa ousado de investimento, que possa trazer a economia da recessão para o relançamento, do seu abismo para o princípio de uma recuperação sustentável», explicou Francisco Louçã, propondo um crescimento de mil milhões de euros para 2011 e dois mil milhões para o ano seguinte.
Afinal no labirinto em que Correia de Campos vê como perdida a esquerda à esquerda do PS parece não haver apenas retórica sem ideias. Bem vistas as coisas, há mais opções para a redução do deficit que as recentemente anunciadas pelo Governo.
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