segunda-feira, outubro 18

It's the market...

foto portal da saúde
O Ministério da Saúde vai lançar em breve uma campanha de informação para reduzir o número de cesarianas e admite adoptar novas medidas para conseguir esse objectivo.link
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Será que o MS e a ERS irão tomar alguma medida contra os principais promotores desta má-prática médica? Será que irão publicitar o nome das unidades de saúde (na sua grande maioria privadas) campeãs na "industrialização" das cesarianas com taxas muito superiores a sessenta por cento (enquanto que no SNS a média ronda os trinta por cento sendo que é para o SNS que são referenciadas a esmagadora maioria das gravidezes de risco)? Será que o MS e a ERS continuarão a permitir que estas mesmas unidades continuem a propagandear-se como centros de excelência quando, na prática, não passam de fábricas indutoras de má prática médica apenas e só porque os seguros de saúde fomentam a venda comercial de cesarianas (clinicamente desnecessárias)?

Dirão os nossos velhos amigos neo-liberais: it's the market stupid, it's the market...

Olinda

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1 Comments:

Blogger e-pá! said...

Olinda:

Este é um problema antigo que, de tempos a tempos, volta à ribalta...

Antes de tecer os meus comentários desejo salvaguardar que acho a iniciativa do MS louvável porque pretende chamar a atenção para descrepâncias de utilização de procedimentos - perante situações, em princípios semelhantes - mas não, exactamente, iguais.
São os problemas inerentes à pseudo-homogeneidade dos GDH's...

Em primeiro lugar, devo dizer que me impressiona, enquanto português, o elevado nº. de cesarianas, nomeadamente, no sector privado da Medicina.
Mas este assunto não é isento de aspectos polémicos.
Novamente, em meu entender, as cesarianas apesar de poderem ser [ou parecer] um procedimento redundante [é preciso definir e ponderar cada caso clínico] não são uma típica situação de má prática médica, essencialmente, porque os médicos ao adoptarem "essas práticas" não atentam contra a dignidade humana e a saúde do doente [bem, a gravidez não é uma doença...]

O que se passa, será, mais propriamente, uma prevaricação deontológica, porque todos os médicos se encontram obrigados a usarem os meios que - segundo os conhecimentos da Ciência Médica -considerem mais adequados para proteger a saúde do doente [ou actuar perante uma determinada situação clínica].
Nunca o médico deve actuar [pactuar] tecnicamente a rogo do doente e muito menos o deve fazer se essa solicitação contrariar a sua convicção científica ou, se quisermos, o consagrado na Ars Medica. É um dos princípios da medicna hipocrática.

O que evidencia este desvio estatístico é o índice de casemix, i. e., a ponderação da produção que reflecte a relatividade de um hospital face aos outros, perante determinadas patologias.
E, finalmente, evidencia o consumo de recursos humanos, técnicos e financeiros.
Ligar [correlacionar] a má prática com conceitos eminentemente estatísticos ou de contabilização de consumos parece-me "forçado" e perigoso. Não será, também, uma má prática de gestão, mas é, com certeza, um mau caminho...

Em meu entender, para além de violação deontológica [nos termos acima referida] se houvesse alguma coisa a que se pudesse aproximar seria do erro médico [que também não é!]. Quando muito um procedimento pouco adequado ou a utilização desproporcionada de meios. Enfim, uma situação quantitativa e não qualitativa.
Mas, de facto, o grande problema [a questão fulcral] poderá ser um outro "mix": Medicina e "mercado da saúde".

De qualquer modo, tendo desempenhado o papel de advogado do diabo, acho - para que não restem dúvidas - que o objectivo do MS é meritório e adequado à situação que, na realidade, está prenhe de inconformidades...

11:00 da tarde  

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