quinta-feira, outubro 14

Sustentabilidade do SNS

Luís Filipe Pereira link
"É preciso perceber a nossa capacidade para continuar a financiar o SNS, a 100%. É importante também lembrar que a sociedade portuguesa não consegue crescer há dez, onze anos. Ora, sem crescimento, é impossível manter a situação actual. Dou um exemplo; desde 1995 e até ao ano de 2010, os custos do SNS subiram de 3,1 biliões de euros para 10 biliões de euros, ao mesmo tempo que o crescimento do país estagnou. As pessoas devem ter estes factos bem presentes".

António Correia de Campos
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"O problema da sustentabilidade financeira põe-se em relação ao SNS como em relação aos sistemas mais liberais do mundo. Os EUA apostaram num modelo ultra-liberal que provou ser insustentável, já que consumia 15% a 16% do PIB. Se olharmos para França, por exemplo, onde a Segurança Social paga parte substancial das despesas com saúde, encontramos dificuldades financeiras para acompanhar o aumento das necessidades da população, as transformações verificadas ao nível das patologias e a evolução tecnológica".
Não se deve encarar o aumento de custos como uma fatalidade, irremediável. "A análise comparada dos países da OCDE mostra que as nações mais desenvolvidas cresceram muito na sua despesa com Saúde, nas décadas de 70 e 80, mas que desaceleraram na década de 90 e daí em diante. Se, no início, estes países cresciam entre 5% a 7% ao ano, hoje crescem a 2,5%, ou 3%. Portugal, até 2005, cresceu em matéria de despesas de saúde a uma taxa anual nunca inferior a 5%. Contudo, desde esse ano a subida foi sempre menor. Ou seja, o sistema chegou a um ponto de maturidade, deixou de precisar de tantos novos serviços, unidades e hospitais. Temos, hoje, a clara noção de que é possível conter a despesa .

JMF, 24-09-2010

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1 Comments:

Blogger e-pá! said...

As duas faces da moeda...

Nestas duas tomadas de posição [LFP vs CC] - independentemente da boa gestão dos recursos públicos que será consensual - torna-se cada vez mais público e notório e, portanto, fracturante, a profunda dissidência entre o conceito economicista [mercantil] da saúde e a sua existência [e persistência] como prestação social, neste estadio do nosso desenvolvimento económico, fundamental.

Esta é a discussão política que os próximos confrontos eleitorais vão trazer ao de cimo. Ao redor deste confronto de princípios doutrinárias vão surgir todo o tipo de aberrações [manipulações] neoliberais.
Mas o problema da sustentabilidade do SNS deve ser, intransigentemente, colocado ao nível dos princípios. E as "soluções" derivarem daí.

Se nos envolvermos em malabarismos estatísticos ou dados enviesados desviamos o combate pela manutenção - no essencial - do Estado Social para a sarjeta das especulações e dos números. Aí, as concepções económico-financeiras tentaram sobrepor os "seus" [já visíveis] interesses [o dito pragmatismo] aos princípios, eminentemente, políticos.
Devemos, portanto, partir desses princípios [políticos] para moldar [encontrar] soluções sustentáveis. E não ao contrario!

8:29 da manhã  

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