quinta-feira, novembro 11

O Futuro

As virtudes do “Mercado” e das “Parcerias”

Hospital está a ficar sem medicamentos e já não paga a médicos

A empresa que gere o Hospital de Valpaços, a Lusipaços, lançou um grito de alerta público sobre a iminência de encerramento da unidade, na sequência do conflito que mantém com a Santa Casa da Misericórdia local, a proprietária do hospital, avança o Jornal de Notícias.

"Na semana passada já não tínhamos produtos farmacêuticos básicos e fundamentais, como antibióticos, e há médicos sem receber há meses", admitiu ao JN um dos sócios da Lusipaços, o espanhol José Ignácio Lopes. Na origem da asfixia financeira estará o alegado incumprimento da Misericórdia na transferência regular das verbas relativas ao Sistema Nacional de Saúde (SNS) para a Lusipaços. Apesar de ser privado, o hospital de Valpaços funciona como se fosse público, graças ao acordo que a Misericórdia mantém com a Administração Regional de Saúde. E, por isso, é na conta da Santa Casa que são depositadas as comparticipações do Estado relativas aos doentes do SNS. "Não sei se o atraso é da Administração Regional de Saúde se é da Misericórdia, o que sei é que não estamos a receber com a periodicidade de antes", garantiu ao JN José Ignácio, revelando que, no final de Setembro, a dívida da Misericórdia à empresa ascendia aos 1,1 milhões de euros.
O JN tentou ouvir o provedor da Misericórdia sobre o conflito, que, para já sem sucesso, está a ser mediado pelo presidente da Câmara. No entanto, Eugénio Morais não quis comentar o assunto, remetendo explicações sobre as "ilegalidades" da Lusipaços para ocasião "oportuna".

Imaginemos, um tempo, já não muito distante no horizonte político em que o sistema de saúde se transformará num imenso “mar de parcerias”: público-público, público-privado, público-social… Nesse tão próximo tempo ouviremos, exaustivamente, os neoliberais de pacotilha zurzir (e bem) no desgoverno socialista e na premente necessidade de resolver através do “mercado” os problemas deixados pela ministra que escreveu o epitáfio do SNS.

Nesse tempo veremos multiplicadas quezílias, querelas, conflitos e disputas. Tão só porque o “mercado” introduzirá concorrência. Sobretudo concorrência pelo financiamento público. Teremos uma infinidade de “rankings” em que nos dirão que uma qualquer casa de saúde no Entroncamento faz hérnias melhores e mais baratas que o último dos resquícios hospitalares públicos que ainda subsistir. Nesse tempo a ADSE será ainda mais eficiente por ter conseguido excluir de qualquer cobertura assistencial a totalidade dos funcionários públicos doentes. Nesse tempo existirão em Portugal 14 milhões de pessoas com seguros de saúde (embora 13 milhões sejam de cartões de desconto em clínicas low-cost).

Olinda

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3 Comments:

Blogger tonitosa said...

Excelente comentário.
Será interessante saber-se quem está em falta com os pagamentos.
Poderá até haver razões para não pagar à Lusipaços, mas não pode brincar-se com a saúde. Qual actuação tem que ser rápida e estar prevista no acordo de parceria.

12:48 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Mais uma "insustentabilidade"... para alegrar a festa!
Outras virão...

10:21 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Ana Gomes pediu hoje uma remodelação governamental. A eurodeputada socialista salientou a importância de o Governo liderado por José Sócrates proceder a mudanças no Executivo, considerando que este “é o momento para o fazer, de forma a ganhar fôlego para a execução do Orçamento e para relançar o crescimento económico e a criação de emprego”.link

JP 12.11.10

8:50 da tarde  

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