quarta-feira, março 9

Começa mal ...

foto semanário expresso
...Cavaco Silva o seu segundo mandato.
Primeiro
, tendo optado deliberadamente, no conteúdo e no tom, por um discurso divisivo, destinado propositadamente a desagradar à esquerda e a ser aplaudido à direita (que merecidamente lhe não regateou apoio), o Presidente prescindiu de se dirigir a todos os portugueses, preferindo falar para a sua própria área política.

Segundo, desenhando a traços carregamente negros, sem concessões, a actual situação económica e social, Cavaco Silva omitiu intencionalmente assacar a principal justificação à crise financeira e económica vinda de fora -- que aliás afectou outros países tanto ou mais do que o nosso -- e não apoiou nem valorizou os esforços para enfrentar e superar essa inesperada crise.

Terceiro, sem cuidar de observar escrupulosamente o seu mandato constitucional, Cavaco Silva entrou decididamente na defesa de políticas públicas concretas e de propostas programáticas que no nosso sistema política só podem caber aos partidos, no governo ou na oposiçao, e não ao Presidente da República, que não é eleito para governar nem para definir rumos governativos.

Em suma, com este discurso inaugural, o País não fica nem maise esperançoso nem mais mobilizado para enfrentar as dificuldades . O Presidente preferiu apostar no ambiente de pessimismo e de angústia colectiva (mal contrariado por uma retórica de elogio de um "civismo de exigência").
É pena! É nestes momentos que faz falta um Presidente da República de outra têmpera e de outra fibra...
Vital Moreira, Causa Nossa

Faço votos que a malta que está arrasca não se deixe levar na cantiga de Aníbal Cavaco Silva. Como de costume, ACS apenas pretende retirar dividendos em proveito próprio. À pala de um processo de luta justo.
Clara Gomes

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5 Comments:

Blogger tonitosa said...

Se o discurso de ACS fosse de "paninhos quentes" certamente os comentários seriam no sentido de que o PR não assume as suas resposabilidades. Será que Cavaco Silva não disse as verdades? Dizer o que pensa não lhe está vedado e falar verdade aos Portugueses é sua obrigação. Esperemos que medidas que mais e mais sacrifícios exigem dos Portugueses sem sequer se perceberem os seus verdadeiros objectivos, venham a ser vetadas no exercício das suas funções.
Quando o Presidente Sampaio disse que "há vida para além do défice" não faltaram aplausos dos que hoje criticam o Presidente Cavaco Silva. Enfim, esperemos efectivamente melhores dias e dirigentes e políticos mais competentes e que conheçam o País real e não apenas o virtual. E na saúde é essa a amarga realidade, como demonstram os resultados.

1:20 da manhã  
Blogger e-pá! said...

O discurso de tomada de posse do 2º. mandato de ACS, não surpreendeu.
De uma "cooperação estratégica" (anunciada perante um Governo que dispunha de maioria absoluta na AR) e que ninguém entendeu o seu âmbito, passou a uma "magistratura activa" eufemismo que serviu para designar um insaciável apetite para a intromissão em áreas governativas (com um Governo de maioria relativa).
ACS não tem estatura ética (ética republicana, entenda-se) para libertar-se do seu restrito circulo ideológico e, por essa razão, dificilmente servirá o País como factor de coesão e unidade. Por detrás de um arrazoado de palavras em que aligeirou uma carregada retórica económica e financeira (sua área de conhecimento) para se enfronhar em devaneios sobre a complexa "sociedade civil" (onde é um leigo), estão os condimentos do insucesso. Esta deriva, porém, não é inocente. Serve, no momento, os interesses políticos e económicos da sua base social de apoio.
O "discurso de posse" foi uma elocutória miscelânea, mais burilada e mais encadeada mas que está em linha de continuidade com o raivoso e azedo "discurso de vitória", no CCB.
Pôs - com rudeza - fim a uma tradicional “magistratura de influência” substituindo-a por uma "magistratura de confronto", pejada de lugares comuns do Centro e da Direita.
Abandonou o desígnio de ser "presidente de todos os portugueses". Prefere influenciar, à distância, na PR, a sua área política ou, a médio prazo, instituir um modelo paternalista sobre a governação. O futuro o dirá.
Revelou-se um político que aproveita os tempos de crise para furar regras, privilegiar a oportunidade, como é usual fazer-se no "mundo dos negócios"...

Concordo que é um mau começo e, pior, no futuro não ficaremos bem servidos!

10:24 da manhã  
Blogger saudepe said...

Gostávamos de ter visto este discurso na anterior tomada de posse.
Agora peca por tardio e falta de oportunidade.
Já nos habituámos ao calculismo do PR. À sua pequenez e falta de tomates.

9:41 da tarde  
Blogger xavier said...

Vamos fazer amigos

Cavaco Silva, o homem que governou o país durante uma década, apelou ontem à promoção de um grande "sobressalto cívico". link Pedro Passos Coelho, a nossa versão aprumada do extremismo neo-liberal, afirma no prefácio a um livro que compila "ideias" de empresários e gestores que "os jovens têm razão nas suas queixas". link Com o andamento da coisa, ainda veremos José Sócrates na manifestação deste sábado a gritar contra os malandros que ganham 600 euros e têm contrato de trabalho. Devidamente ladeado, como é óbvio, por Rui Pedro Soares, um jovem empreendedor vítima da inveja nacional, e Vitalino Canas, um quadro qualificado que exige estabilidade laboral no seu posto de provedor das empresas de trabalho temporário.

Miguel Cardina, arrastão

9:52 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Para a "esquerda" está defacto difícil de digerir a vitória de Cavaco Silva.
Como pode alguém que esteja a fazer uma boa digestão considerar que uma "magistratura activa" significa intromissão na área governativa? Então, não é dever do PR falar ao País dos problemas que os Portugueses enfrentam? Não é dever do PR "acordar" os Portugueses para uma realidade que nada tem a ver com a verborreia política dos governantes? Não é dever do PR ser interventivo na crítica (ou no apoio, se merecido, como já ocorreu) às medidas que entenda como correctas para o País?
Queremos um Presidente "corta-fitas" do tipo Américo Tomaz?
Não deve o PR expressar-se publicamente (falando aos Portugueses) sobre as políticas do Governo que considera não irem no bom caminho?
Não é verdade que muitos dos que hoje desempenham cargos políticos não conhecem o país real nem sequer têm profissão (a não ser a "política")?
É verdade que outros (quando no governo) fizeram coisas idênticas, mas, também, é verdade que nunca como agora se assistiu a tanta arrogância dos governantes.
E chega de mentira! Chega de enganar os portugueses com as promessas (que já regressaram) de investimentos de milhões e mais milhões nisto e naquilo. Chega de corrupção e chega de mordomias e remunerações astronómicas a gestores públicos que mais não fazem do que forjar resultados para justificar elevados prémios de gestão.
Nota: Infelizmente, o autor destas linhas também não vê que com o PSD/PC a terapia produza melhores resultados.

12:03 da manhã  

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