A Divina Comédia
ALTOS : Ana Jorge, ministra da Saúde
«Apoiou as iniciativas da Inspecção da Saúde junto dos hospitais que pediram apoio à população (evitando que a demagogia campeasse), não se intimidou com as reacções corporativas à "importação" de médicos da Amarica do Sul e vai alargar a fiscalização das facturas dos medicamentos aos exames, à hemodiálise e ao transporte de doentes. Profilática e eficaz.» "Altos e Baixos” João Garcia, Semanário Expresso, 22.04.11
«Apoiou as iniciativas da Inspecção da Saúde junto dos hospitais que pediram apoio à população (evitando que a demagogia campeasse), não se intimidou com as reacções corporativas à "importação" de médicos da Amarica do Sul e vai alargar a fiscalização das facturas dos medicamentos aos exames, à hemodiálise e ao transporte de doentes. Profilática e eficaz.» "Altos e Baixos” João Garcia, Semanário Expresso, 22.04.11
Infelizmente o espectáculo está quase a terminar. Ficam, no entanto, algumas notas trágico-cómicas deste (triste) consulado. Primeiro a utilidade das assessorias dispendiosas cujo valor se viu ressarcido pela capacidade de acomodar umas setas para cima nas publicações do grupo Impresa.
Depois o engenho da narrativa gizada:- “Apoiou as iniciativas da Inspecção da Saúde junto dos hospitais que pediram apoio à população (evitando que a demagogia campeasse)”.
A expressão do cinismo sonso pós-moderno. O que aconteceu foi que a senhora ministra“encomendou” as inspecções para sacudir a água do capote denegrindo a imagem da instituição e dos seus dirigentes escamoteando a grave responsabilidade no sufoco orçamental a que está a submeter a MAC e a generalidade dos hospitais do SNS.
Inventou a parábola das fraldas voadoras violentamente ironizada por Marcelo Rebelo de Sousa que, a esse propósito, disse e bem que quem precisava de voar não seriam exactamente as fraldas.
A expressão do cinismo sonso pós-moderno. O que aconteceu foi que a senhora ministra“encomendou” as inspecções para sacudir a água do capote denegrindo a imagem da instituição e dos seus dirigentes escamoteando a grave responsabilidade no sufoco orçamental a que está a submeter a MAC e a generalidade dos hospitais do SNS.
Inventou a parábola das fraldas voadoras violentamente ironizada por Marcelo Rebelo de Sousa que, a esse propósito, disse e bem que quem precisava de voar não seriam exactamente as fraldas.
No jogo das setas aparece outra pérola:
- “não se intimidou com as reacções corporativas à "importação" de médicos da Amarica do Sul”.
É claro que nada como esta acção de propaganda para esconder a responsabilidade na maior vaga de reformas de que há memória nos CSP, no maior número de portugueses sem médico de família, no caos absoluto instalado nos ACE’s. Imbuída do vício da propaganda mentirosa acena com a importação de meia dúzia de médicos sem formação repescados nas sobras dos sistemas de saúde de alguns países da América latina. Tudo isto vendido como luta corajosa contra as corporações vindo de quem alienou a independência política do MS aos sindicatos assinando de soslaio e à socapa acordos a três dias das eleições em 2009 e ACT’s já em 2011 depois do governo demitido.
- “não se intimidou com as reacções corporativas à "importação" de médicos da Amarica do Sul”.
É claro que nada como esta acção de propaganda para esconder a responsabilidade na maior vaga de reformas de que há memória nos CSP, no maior número de portugueses sem médico de família, no caos absoluto instalado nos ACE’s. Imbuída do vício da propaganda mentirosa acena com a importação de meia dúzia de médicos sem formação repescados nas sobras dos sistemas de saúde de alguns países da América latina. Tudo isto vendido como luta corajosa contra as corporações vindo de quem alienou a independência política do MS aos sindicatos assinando de soslaio e à socapa acordos a três dias das eleições em 2009 e ACT’s já em 2011 depois do governo demitido.
Finalmente o retoque final:
-“vai alargar a fiscalização das facturas dos medicamentos aos exames, à hemodiálise e ao transporte de doentes”.
Depois de ter sido responsável pelo maior buraco na despesa com medicamentos com a gratuitidade de medicamentos pré-eleitoral que gerou a maior fraude de que há memória no SNS aparece agora armada em justiceira da negligência e da incompetência.
Apesar do tempo político escassear e considerando que está garantido o poiso parlamentar para garantir a reforma ficam aqui algumas sugestões para setinhas a “encomendar” nas próximas edições de um semanário amigo:
- Maior dívida a fornecedores do SNS de que há memória.
- Maior número de saídas de médicos do SNS de que há memória.
- Maior número de portugueses sem médico de família de que há memória.
-“vai alargar a fiscalização das facturas dos medicamentos aos exames, à hemodiálise e ao transporte de doentes”.
Depois de ter sido responsável pelo maior buraco na despesa com medicamentos com a gratuitidade de medicamentos pré-eleitoral que gerou a maior fraude de que há memória no SNS aparece agora armada em justiceira da negligência e da incompetência.
Apesar do tempo político escassear e considerando que está garantido o poiso parlamentar para garantir a reforma ficam aqui algumas sugestões para setinhas a “encomendar” nas próximas edições de um semanário amigo:
- Maior dívida a fornecedores do SNS de que há memória.
- Maior número de saídas de médicos do SNS de que há memória.
- Maior número de portugueses sem médico de família de que há memória.
Setubalense
Etiquetas: Ana Jorge, bater no fundo
6 Comments:
Os profissionais de Saúde, indústriais e comerciantes de fraldas andam deveras intrigados, depois da recente revelação da senhora ministra da saúde sobre a existência de fraldas voadoras nos hospitais do SNS. link
Espantosa ideia, consideram alguns.
Basta pensar nas enormes vantagens para os doentes em termos comodidade e fluidez de circuitos hospitalares.
Nem todos parecem, no entanto, entusiasmados com esta mais valia. Os transportes de bombeiros, por exemplo, preparam uma manifestação de protesto frente às instalações do MS na João Crisóstomo.
Mariano Gago, por sua vez, prepara uma comunicação ao país sobre esta espantosa invenção da senhora ministra da Saúde e o grande contributo que ela poderá dar às nossas exportações.
Há também quem manifeste a sua preocupação em termos da preservação do ambiente, recusando aceitar a utilização de tal geringonça nos hospitais.
Seja como for, o êxito desta extraordinária comunicação ao país da senhora ministra está garantido ao destrair, uma vez mais,a nossa atenção do enorme desastre das contas da Saúde.
Aparentemente Mário Soares gostaria de ver repetido o compromisso pré-eleitoral de 1983 entre o PS e o PSD, de acordo com o qual o próprio Mário Soares e Mota Pinto se comprometeram antecipadamente numa coligação pós-eleitoral de ambos os partidos, quem quer que as ganhasse.
As condições são porém muito diferentes. Primeiro, tratou-se então de formar um governo de largo suporte político e parlamentar para negociar e implementar o futuro acordo de saneamento financeiro com o FMI. Agora, o acordo já estará concluído e politicamente assumido pelos dois partidos antes das próximas eleições. Segundo, ao contrário do que se pensa, as clivagens políticas entre os dois partidos são hoje mais fundas do que eram então, não se afigurando que o PSD esteja disponível para abdicar da sua nova agenda liberal do "Estado mínimo". Terceiro, nem Sócrates nem Passos Coelho são Soares e Mota Pinto, que se estimavam mutuamente (Mota Pinto tinha mesmo sido ministro independente de um governo de Soares), ao contrário do que sucede agora, como revela o inaceitável veto do líder do PSD ao líder do PS.
Governos de grande coligação ao centro, cancelando a natural dialéctica alternativa entre os dois partidos de governo do nosso sistema político, favorecendo uma lógica de "loteamento" do aparelho de Estado entre ambos e deixando a oposição nas mãos dos partidos mais radicais, só podem ser defendidas como soluções excepcionais e transitórias, com um mandato muito claro, seja para responder a um situação de emergência, seja para superar os bloqueamentos estruturais no nosso sistema político (justiça, sistema eleitoral, administração territorial, etc.).
Vital Moreira, causa nossa
Inteiramente de acordo.
Vamos para eleições. Depois, mediante as votações obtidas, logo se verá.
O que mais me preocupa em termos da situação do nosso país é a Justiça. Seguida de perto do problema da isenção do nosso jornalismo.
De acordo com informação da FNAM. desde Janeiro 2010 o SNS perdeu 986 médicos por reforma. Destes 540 são médicoa de família.
Afinal que política de saúde é esta?
À beira do precipicio
Fraldas voadoras...
Surpresa na Crise da MAC, com reacção posterior a conta gotas (a reboque).
Anúncio de mexidas de última hora nas taxas moderadoras.
Serviços em ruptura, nomedamente dos CSP.
Notícias fecha não fecha de serviços de urgência pediátricos.
Uma ministra incompetente e desacreditada que no lugar de governar faz pantominices.
Os liberais de pacotilha não poderiam encontrar melhor cenário para entregarem o SNS à gestão privada dos amigalhaços.
Não sou, como os meus comentários terão deixado entender, um fã nem sequer admirador desta política de saúde. Não fui da política de CC nem sou da política de AJ. Falo da política e não dos políticos/ministros. Ana Jorge, apesar de tudo, mais ponderada e menos auto-convencida que CC.
Mas que nos hospitais, e não só, há fraldas voadoras, há. E certamente que o que está em causa não são apenas fraldas; provavelmente nem serão as fraldas o produto que mais voa. E nem sequer se trata de desvio de material clínico no sentido que foi dado às fraldas. Mais importante que isso será evitar desperdício e uso indevido. E qualquer pessoa atenta verifica que o desperdício existe e que o uso indevido é frequente. E isto, também, porque frequentemente, quem devia fornecer os materiais adequados o não faz! E quem deve zelar para que tal não aconteça está-se nas tintas. Ou "não tem tempo" para cuidar de "pequenos"(?) pormenores.
E como alguns produtos são de uso comum - nos hospitais e nas clínicas/consultório privados - direi que para bom entendedor meia palavra basta.
Louvor aos homens/mulheres "honestos" que felizmente ainda são a maioria.
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