sábado, abril 23

Bater no fundo

…”Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo”…
Eça de Queiróz

O comportamento (deplorável) da administração da MAC é o mais pungente sintoma do desespero que atravessa a generalidade das instituições do SNS. Em circunstâncias normais este órgão de gestão já não estaria em funções. Das duas uma ou teria um pingo de dignidade pessoal e institucional e já tinha apresentado a demissão ou a tutela já teria prescindido, com justa causa, dos seus préstimos.
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No entanto a espuma mediática esconde a verdadeira razão de ser dos factos.
A MAC, tal como a generalidade dos hospitais que integram o SNS, está a ser vítima de um processo irresponsável de cortes orçamentais impostos pela tutela que conduzem a um grave problema de sub-financiamento. Tal quer dizer pura e simplesmente que o dinheiro que recebe não cobre as necessidades mínimas para um funcionamento normal que possa garantir as suas responsabilidades em termos de acesso e de qualidade.

Repare-se que a MAC ainda integra o sector público administrativo não tendo por isso natureza empresarial o que agrava a sua dependência da tutela hierárquica. No entanto (como já vem sendo hábito) a tutela lava daí as suas mãos, branqueia a sua responsabilidade directa no sufoco que impõe às instituições e de caminho faz passar a ideia de que é um problema da gestão enviando diligentemente as inspecções a inspeccionar para que o incauto cidadão fique com a ideia de que os “criminosos” gestores incumprem a bondosa doutrina ministerial.

Este tipo de comportamento qualifica bem quem o pratica.
Pelo meio vamos ouvindo repetir até à exaustão a “lenga-lenga” da boa gestão dos recursos sem comprometer a qualidade vindo de quem de gestão tem tanta experiência como o Dr. Fernando Nobre terá da ética republicana.

Nem uma palavra sobre o descalabro operacional e financeiro do SNS e da sua vertiginosa dívida. De concreto apenas uma ou outra interjeição delirante sobre fraldas voadoras ou pseudo-ofensas relativas a intenções de encerramento de urgências. Como se a actual tutela fosse capaz de fechar fosse o que fosse ou tocar em custos com pessoal.

Medidas enérgicas e reformistas apenas e só jarros de água, desligamento de impressoras, impressão dos dois lados e, mais recentemente, fiscalização fraldária.
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Setubalense

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5 Comments:

Blogger Clara said...

Esta semana, Ana Jorge lá está na Coluna "ALTOS" do Semanário Expresso:

«Apoiou as iniciativas da Inspecção da Saúde junto dos hospitais que pediram apoio à população (evitando que a demagogia campeasse), não se intimidou com as reacções corporativas à "importação" de médicos da Amarica do Sul e vai alargar a fiscalização das facturas dos medicamentos aos exames, à hemodiálise e ao transporte de doentes. Profilática e eficaz.»

Ao desplante a que isto chegou!
A senhora ministra que positivamente desapareceu neste últimos meses... Pensávamos mesmo que estivesse de férias prolongadas ou de baixa na sua casa da Lourinhã, e que o Manuel Pizarro estaria incumbido de assegurar a pasta, aparece classificada nesta coluna de "profiláctica e eficaz". Fruto de preciosas malhas que determinado jornalismo tece.

1:27 da tarde  
Blogger tambemquero said...

«Acabei de saber que a minha colega e amiga Ana Jorge encabeça a lista do PS, às legislativas, pelo círculo de Coimbra.
Para uma nascida e crescida na Lourinhã, licenciada por Lisboa e com exercício profissional sempre na zona da Grande Lisboa, esta escolha só pode ser mesmo resultado do cosmopolitismo da nossa cidade.»

João Rodrgues, via facebook

Ao contrário de Luís Amado e Teixeira dos Santos, a senhora ministra da Saúde parece ter lugar vitalício nas listas do PS.
Porque será?

2:34 da tarde  
Blogger ochoa said...

«Este pedido foi um pouco extemporâneo, não há nenhuma razão, porque não há nenhuma ruptura do funcionamento da MAC»-

Ana Jorge, ministra da Saúde, a propósito do pedido de donativos por parte da Maternidade Dr. Alfredo da Costa(MAC)
DN, 19.04.11

A sonsice da senhora ministra chega a ser revoltante.

3:04 da tarde  
Blogger ochoa said...

«Todos sabemos que, neste momento, Portugal atravessa uma situação difícil sob o ponto de vista orçamental e, se a sociedade civil entender ajudar as instituições com uma pequena dádiva, claro que isso será sempre bem recebido
Jorge Branco, presidente do conselho de administração da Maternidade Dr. Alfredo da Costa, a propósito do pedido de donativos aos utentes. »

JP, 15.04.11

Afinal como é ?
A senhora ministra continua a dizer que está tudo bem !

3:08 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Importantíssima e clarividente a entrevista de Aldalberto Campos Ferreira, hoje 25.04.2011, no jornal Público, pág. 11.
A necessitar de divulgação...

12:09 da tarde  

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