A Gota de Água
Há dias, numa entrevista televisiva, Diogo Freitas do Amaral separava os tempos políticos de José Sócrates, como primeiro-ministro, em Sócrates 1 e Sócrates 2 afirmando que se revia no apoio à primeira fase e se afastava por completo da segunda. Tal como Freitas do Amaral milhões de portugueses acreditaram em Sócrates e mobilizaram-se perante o entusiasmo reformista e a determinação da acção política.
A partir de 2009 tudo mudou. A degradação da vida política conheceu níveis nunca antes vistos. Sócrates deixou de lado a política pelo país e passou a apostar tudo na dissimulação e na obsessão coreográfica duma narrativa cada vez mais patológica e destrutiva do interesse nacional.
De então para cá assistimos à performance do grande ilusionista Sócrates que teve como consequência primeira o arrastamento do país para uma situação de humilhação internacional com consequências trágicas para a vida das famílias e das empresas.
Depois de se ter “servido” da obediência servil de Teixeira dos Santos impondo aumentos à função pública de 2,9%, baixando (intempestivamente) o IVA, teimando nos projectos megalómanos, fazendo demagogia com a gratuitidade dos medicamentos, distribuindo “benesses a rodos” pelos amigos sindicalistas, entre tantas outras diatribes vem agora, humilhar na praça pública, o “servo” fiel descartando o Ministro de Estado e das Finanças para poder acenar (covardemente) na campanha eleitoral com um conveniente bode expiatório.
No meio de um lastimável espectáculo com declarações cínicas e desprovidas de carácter dessas (já tão cansativas) figuras que dão pelo nome de Silva Pereira e Vieira da Silva. Aliás a dimensão desta purga fica agravada quando se lança na lama um dos dois ministros com reconhecimento de qualidade (Teixeira dos Santos e Luís Amado) em detrimento do reforço de poder do funcionário do partido, Vieira da Silva, que deverá ficar para a história como o pior ministro da Economia de todo o hemisfério norte.
Já tudo foi dito sobre a natureza temperamental, autocrática e emocionalmente lábil de José Sócrates. Sobre essa matéria mais nada haverá a acrescentar. Este último truque será, no entanto, para milhões de portugueses que votaram PS a gota de água que os levará a parquear o seu voto no refúgio das suas consciências.
Não vale a pena iludirem-se com as sondagens. Sócrates sairá pela porta pequena, arrastando o PS para o pior resultado da sua história, deixando o país entregue à tríade neo-liberal constituída pela troika, por Cavaco Silva e pela coligação Passos-Portas.
A partir de 2009 tudo mudou. A degradação da vida política conheceu níveis nunca antes vistos. Sócrates deixou de lado a política pelo país e passou a apostar tudo na dissimulação e na obsessão coreográfica duma narrativa cada vez mais patológica e destrutiva do interesse nacional.
De então para cá assistimos à performance do grande ilusionista Sócrates que teve como consequência primeira o arrastamento do país para uma situação de humilhação internacional com consequências trágicas para a vida das famílias e das empresas.
Depois de se ter “servido” da obediência servil de Teixeira dos Santos impondo aumentos à função pública de 2,9%, baixando (intempestivamente) o IVA, teimando nos projectos megalómanos, fazendo demagogia com a gratuitidade dos medicamentos, distribuindo “benesses a rodos” pelos amigos sindicalistas, entre tantas outras diatribes vem agora, humilhar na praça pública, o “servo” fiel descartando o Ministro de Estado e das Finanças para poder acenar (covardemente) na campanha eleitoral com um conveniente bode expiatório.
No meio de um lastimável espectáculo com declarações cínicas e desprovidas de carácter dessas (já tão cansativas) figuras que dão pelo nome de Silva Pereira e Vieira da Silva. Aliás a dimensão desta purga fica agravada quando se lança na lama um dos dois ministros com reconhecimento de qualidade (Teixeira dos Santos e Luís Amado) em detrimento do reforço de poder do funcionário do partido, Vieira da Silva, que deverá ficar para a história como o pior ministro da Economia de todo o hemisfério norte.
Já tudo foi dito sobre a natureza temperamental, autocrática e emocionalmente lábil de José Sócrates. Sobre essa matéria mais nada haverá a acrescentar. Este último truque será, no entanto, para milhões de portugueses que votaram PS a gota de água que os levará a parquear o seu voto no refúgio das suas consciências.
Não vale a pena iludirem-se com as sondagens. Sócrates sairá pela porta pequena, arrastando o PS para o pior resultado da sua história, deixando o país entregue à tríade neo-liberal constituída pela troika, por Cavaco Silva e pela coligação Passos-Portas.
Olinda
Etiquetas: bater no fundo, Politica
8 Comments:
Compreende-se que os dirigentes do PSD tenham ficado à beira de um ataque de nervos com uma sondagem eleitoral destas. link
Mas atribuir esse mau resultado à "máquina de propaganda" do PS, como eles se apressaram a justificar-se, revela um enorme despudor político, quando é evidente que actualmente o PSD domina avassaladoramente a comunicação social, a começar pelas televisões, que alimentam uma sistemática campanha de hostilidade contra o PS (como mostrou a miserável cobertura mediática do seu recente Congresso). O que os devia preocupar justamente é que eles não conseguem descolar nas sondagens apesar da sua própria "máquina de propaganda" tentacular...
vital moreira, causa nossa
Politica e interesses
Qaundo se ouve falar os dirigentes do PSD ligados ao mundo dos negócios (e muitos são!) fica sempre a dúvida de saber se quem fala é o político exprimindo as suas ideias sobre o interesse geral ou se é o banqueiro, o gestor, o empresário, o consultor que procuram fazer passar os seus interesses privativos como soluções de validade geral...
vital moreira
Não posso estar mais em desacordo com este post da Olinda, bem escrito, mas gizado para lançar a confusão.
Em política, como no futebol, há ganhadores e perdedores.
Todos conhecemos os erros tremendos cometidos por Teixeira dos Santos.
Depois do que se passou, segundo a Olinda, seria de esperar que JS o nomeasse cabeça de lista, do circulo dos perdedores.
Por favor, tenha dó.
A política não é nenhuma caixa de previdência.
Todos estes equívocos (referir a propósito da discussão deste tema a intervenção do alucinado DFA é o cumulo do desplante) resultam ao fim e ao cabo do ódio que muitos portugueses têm a JS porque este ousou enfrentar o poder das corporações.
A Olinda, por acaso, não é professora? juíza ? jornalista?
Quanto aos resultados das próximas legislativas a Olinda não se preocupe. Os portugueses sabem bem que precisam do PS para sair desta situação dificil em que os liberais ganaciososa nos colocaram.
Soares descreve Passos Coelho como uma “pessoa com quem se pode falar” e volta a criticar Cavaco Silva.link
DE 23.04.11
Soares, preocupado, a lançar pontes de entendimento entre PS e PSD. E a dizer o pior que se pode dizer de um político: Que ele é bom rapaz.
Cara Clara
Confesso que foi com surpresa que li o seu comentário. Habituei-me a ver nos seus comentários lucidez, energia e inteligência.
Mas desta vez…
Lançar a confusão? Porquê? E para quê?
O Xavier tem a “grande responsabilidade” de ter criado e gerir um espaço de liberdade e debate. Devemos-lhe o mérito deste trabalho incessante desde 2004.
Diz a Clara: …” Em política, como no futebol, há ganhadores e perdedores”. É verdade que sim. Mas será que a qualquer qualquer preço? E a ética e o carácter têm falta justificada na política?
Diz ainda a Clara: …” Todos conhecemos os erros tremendos cometidos por Teixeira dos Santos”…?
É bem verdade…E o senhor primeiro-ministro terá andado tão distraído que só agora a um mês das eleições descobriu tal incompetência?
Interpela ainda a Clara: …”Depois do que se passou, segundo a Olinda, seria de esperar que JS o nomeasse cabeça de lista, do círculo dos perdedores”…Pois é cara Clara aqui começamos a ver a linha do mundo que nos separa. Pelos vistos há quem tenha da política a ideia que os fins justificam todos os meios.
Refere ainda: …”Todos estes equívocos (referir a propósito da discussão deste tema a intervenção do alucinado DFA é o cumulo do desplante) resultam ao fim e ao cabo do ódio que muitos portugueses têm a JS porque este ousou enfrentar o poder das corporações”…
Confesso-me socialista, militante, há mais de trinta anos. Vivi empolgadamente o 25 de Abril. Gosto da democracia. Nunca me habituei a insultar aqueles de quem discordo. Acresce que considero DFA uma das personalidades relevantes da nossa vida contemporânea tal como Cunhal, Soares e tantos outros.
Quanto à questão corporativa pergunta a Clara: …” A Olinda, por acaso, não é professora? juíza ? jornalista?”
Não acertou. Podia ser, por exemplo, imaginemos funcionária pública a trabalhar há mais de trinta anos num hospital. Que diferença faria?
Ainda hoje ficámos a saber que, afinal, o défice de 2010 não será nem de 6,9, nem de 7,2, nem mesmo de 8,6 mas, ao que parece, será de 9,1.
Quem levou o país e o PS para um beco sem saída foi José Sócrates 2. Quem vai entregar o país nas mãos da direita mais incompetente e neo-liberal, de um presidente fraco e incapaz e de uma troika financista que nos vai destruir é, sem nenhum tipo de dúvida, José Sócrates 2.
Embora nos custe muito.
A teoria do “desdobramento” de José Sócrates [I e II] alvitrado em recente entrevista televisiva por Diogo Freitas do Amaral e agora acolhido - ao que parece - por muita gente, é mais uma evasão justificativa para novos enquadramentos [posicionamentos] políticos.
Se este tipo de análise se circunscrever aos aspectos da personalidade, então esta preposição é mais recuada. No início de Setembro de 2010, Jerónimo de Sousa, lançava – sem a ressonância actual – esse alerta [desdobramento de personalidade] a propósito da revisão constitucional proposta por Pedro Passos Coelho. link
Haveria, então, uma disputa entre duas personalidades no mesmo ser: José Sócrates I (secretário-geral do PS) e José Sócrates II (primeiro-ministro). A linha divisória entre estas duas personalidades seria (tem sido) a teoria e a prática na defesa do Estado Social.
As recentes teorias de duplicidade relativas a um trajecto político de José Sócrates são como vimos extemporâneas e orientadas para a libertação de compromissos em relação ao futuro.
De facto, a personalidade política remota de José Sócrates nasce no PSD (JSD) e as recentes derivas entroncam-se aí, nas suas raízes. É, mais uma vez, retomando o domínio psicológico, o inconsciente impulso do regresso ao útero (à matriz). E esta fantasia aplica-se tanto a DFA como a JS. São, ao fim e ao cabo, fenómenos regressivos que poderão ter um epicentro comum – o amplo leque do Centro-Direita.
De resto, José Sócrates mais parece uma personalidade dominada pelo pensamento de Ortega y Gasset, di tipo: “eu sou eu e a minha circunstância e se não salvo a ela não salvo também a mim” in Meditações do Quixote (1914).
Sócrates não conseguiu libertar-se das circunstâncias. Freitas do Amaral mascarou-as.
DFA e JS, cada um a seu modo, tentam salvar as aparências. O que é um corriqueiro comportamento político...
Nada que mereça qualquer relevância.
Agradeço os elogios, aliás dispensáveis numa discussão desta natureza. Registo no entanto a sua preocupação em querer parecer simpática.
Diz ser socialista militante, que não sei se é o mesmo que ser do PS.
De qualquer forma o meu ponto de vista é o seguinte. Não houve tempo nem oportunidade para o PS poder descartar José Sócrates antes das próximas eleições. Sócrates é o que é. Mas também não é bem o diabo, como agora os meios de comunicação o pintam.
O nosso adversário é o PSD liberal, nacional pacotilha, de PPC «o banana à frente de um bando de aldrabões.»
É sobre o adversário que devemos desferir as nossas críticas e energia. Atacar JS nesta altura é uma inutilidade.
Só se a Olinda, comungando o verdadeiro espírito militante do Bloco Central, face a este cortejo de desgraças (onde a recém humilhação do Benfica no estádio da Luz também conta), prefira cruzar os braços num desalento de tanto faz. Uns (PS) ou outros (PSD): C'est la même chose.
Numa altura, de crise tão profunda que até o Bloco de Esquerda (esse partido refúgio de esquerdistas desiludidos) parece em estado de insolvência política
«Acabei de saber que a minha colega e amiga Ana Jorge encabeça a lista do PS, às legislativas, pelo círculo de Coimbra.
Para uma nascida e crescida na Lourinhã, licenciada por Lisboa e com exercício profissional sempre na zona da Grande Lisboa, esta escolha só pode ser mesmo resultado do cosmopolitismo da nossa cidade.»
João Rodrigues, via facebook
Ao contrário de Luís Amado e Teixeira dos Santos, a senhora ministra da Saúde parece ter lugar vitalício nas listas do PS.
Porque será?
Enviar um comentário
<< Home