quinta-feira, junho 16

Manuel Antunes

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Chapeau” ao Professor Manuel Antunes pela coragem de dizer no local onde disse e pela forma como o fez. Uma figura da área do PSD que os liberais de pacotilha deveriam ouvir. Ora aqui está uma das personalidades que nunca será Ministro da Saúde em Portugal…

Responsável dos HUC defende fim da "promiscuidade" entre público e privado link
«O cirurgião e professor universitário Manuel Antunes defendeu esta sexta-feira o fim “da promiscuidade” entre os sectores público e privado na Saúde, e a redução progressiva do pessoal, em especial de médicos, avança a agência Lusa.
“Nunca será possível resolver o problema da falta de produtividade e da qualidade de atendimento dos hospitais quando cada um dos sectores não for individualizado e profissionalizado”, afirmou, ao participar, em Coimbra, no X Congresso Nacional das Misericórdias Portuguesas.
Manuel Antunes, igualmente director de serviço nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), salientou que actualmente três quartos dos médicos estão no sector público e a maioria destes também no privado.
“Não é lógico nem aceitável que os mesmos agentes controlem a prestação no sector público e no sector privado num sistema em que a oferta gera a procura e não ao contrário, como no resto do mercado”, referiu.

Sendo um dos problemas do SNS o seu elevado orçamento, Manuel Antunes defende um aumento do uso de medicamentos genéricos, dos actuais 20 por cento para “pelo menos 50 por cento”, e a “redução progressiva do pessoal”.
“O Estado não pode continuar a garantir emprego aos profissionais de saúde, especialmente aos médicos”, frisou, lembrando que os custos com pessoal representam metade do orçamento da Saúde.
O médico defende ainda que os médicos devem estar no Serviço Nacional de Saúde (SNS) em dedicação exclusiva, considerando ainda que “o actual sistema de convenções fere o princípio do mercado, em que a qualidade gera a procura, porque os mesmos agentes controlam simultaneamente a oferta e a procura”.
“Aos agentes do Estado não deve ser permitido o acesso a convenções ou a qualquer forma de prestação de serviços ao sector público enquanto participantes do sector privado”, acentuou.
Esta separação de sectores – acrescentou - poderá ajudar a resolver também um dos problemas crónicos do SNS, que é as listas de espera, aumentando o tempo de utilização dos blocos operatórios e as consultas externas.
“Actualmente é quase impossível gerir o Serviço nacional de saúde numa perspectiva de eficiência - eu tenho muita pena do ministro que por aí vem porque na situação actual vai tornar-se mesmo impossível - além do mais o sistema assenta num quadro legislativo incoerente, ambíguo, cheio de remendos e é extremamente despesista, burocrático, lento e ineficiente”, observou.

Na sua perspectiva, “interesses corporativos, tanto internos como externos, e a própria inércia do sistema, têm impedido a implementação de reformas cada vez mais desesperadamente urgentes”.
“A questão essencial a que é necessário urgentemente responder é se devemos viabilizar o SNS, ou encontrar alternativas, e neste caso se estamos preparados para isso”, sublinhou.
Manuel Antunes defende que “nas actuais circunstâncias de desenvolvimento sócio económico do país o SNS deverá manter-se como a pedra angular da sistema de saúde”.
Recorda que em países em que sector privado se tornou preponderante, e o sistema público deixou de ser universal, como os EUA ou o Brasil, são os socialmente menos privilegiados que têm maiores dificuldades de acesso aos cuidados de saúde.
O X Congresso Nacional das Misericórdias Portuguesas, que começou quinta-feira em Coimbra, encerra ao final da tarde de sábado em Arganil.»

Olinda

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1 Comments:

Blogger e-pá! said...

A "separação de águas", abordada pelo Prof. Manuel Antunes, é uma questão crónica, recorrente, relativa aos recursos humanos, no SNS. Porém, não é um problema exclusivo da área médica, i. e., interessa a todos os sectores profissionais, nem sequer uma situação impar em múltiplos sectores da sociedade (vide incompatibilidades dos deputados, p. exº.).
Há várias vertentes (éticas, produtivas, qualitativas, formativas, etc.) na interpenetração e/ou acumulação de actividades públicas e privadas.
Mas existe também um outro aspecto que não pode ser escamoteado. A vertente retributiva. E que o Prof. Manuel Antunes passa sistematicamente ao lado. Porque será?

Valha-nos o facto do Prof. Manuel Antunes afirmar: "nas actuais circunstâncias de desenvolvimento sócio económico do país o SNS deverá manter-se como a pedra angular da sistema de saúde".
Só que a sua concepção de SNS poderá não ser exactamente a constitucional...

1:38 da manhã  

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