segunda-feira, agosto 8

Banco de Medicamentos

É vexame;
É indignidade moral e ética;
É politicamente criminoso;
É civilizacionalmente inaceitável que concidadãos meus apenas se possam tratar com medicamentos cujo prazo de validade esteja a terminar.
Num mundo onde se estraga, se desperdiça e se utilizam tão irracionalmente os medicamentos, faltava-nos voltar ao tempo da famosa "Mitra", legislar o estatuto de pobre e recuperar o estatuto do indigente.
Como cidadão, mas também como farmacêutico, rejeito e repudio tal inicativa. Há recursos para que todos tenham acesso aos medicamentos. Há recursos para manter a equidade no acesso. Há espaço para a racionalidade terapêutica. Há muito espaço para a obtenção de ganhos de eficiência quer dentro da mesma substância activa, quer dentro do mesmo grupo fármaco-terapêutico.
Que diabo se passa connosco ? perdemos a capacidade crítica ? Estamos dispostos a conviver com paradigmas da idade média ?
Será que nos não conseguimos indignar colectivamente ?

Francisco Batel Marques,Faculdade de Farmácia Universidade de Coimbra

«Reconhecendo as dificuldades no acesso dos mais idosos aos cuidados de saúde, queremos permitir a distribuição de medicamentos, que nunca estiveram no circuito comercial, através das capacidades já existentes nas instituições sociais. Para isso promoveremos que os medicamentos existentes na indústria farmacêutica - e que por causa das regras legais 6 meses antes do seu prazo de validade já não podem entrar no circuito comercial - possam ser utilizados pelos mais idosos, garantindo a sua distribuição através dos locais próprios e credenciados nas instituições sociais, com salvaguarda das regras legais de segurança. Trata-se de combater o desperdício de medicamentos em perfeitas condições terapêuticas e de segurança, permitindo a idosos e às instituições o acesso a medicamentos de que de outra forma se veriam privados. É a isso que chamamos o Banco de Medicamentos.
Estimamos poder, numa fase inicial, assegurar a distribuição de 30 000 a 35 000 embalagens.»
Programa de Emergência Social
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4 Comments:

Blogger e-pá! said...

"Caritarismo" ou caricatural?

A indignação do Prof. Batel Marques é pertinente, justa e oportuna.

De facto, partilho da opinião de que "...Há recursos para que todos tenham acesso aos medicamentos...".

O "bodo" que se esconde por detrás do Banco de Medicamentos, tal como foi concebido, deveria - pura e simplesmente - envergonhar-nos...

Ver a política pública de solidariedade social assente num processo de miserabilismo galopante, questiona a capacidade do actual Governo para enfrentar as graves situações sociais que já estão presentes na sociedade e tendem a agravar-se. Em pouco tempo (50 dias), caiu a máscara que escondia um miserável e piedoso "caritarismo"...

1:07 da tarde  
Blogger Clara said...

Estou de acordo com a indignação do professor Batel.
Este Governo está a empurrar-nos para o mundo das trevas em vez de melhorar a nosso modelo social.
Com este Governo: pobre dos pobres.
Estagnação da economia, devido às políticas de austeridade, mais esta politica ultra reaccionária destinada a fracturar o nosso sistema de solidariedade
social, Portugal vai atrsar-se anos luz em relação aos países da UE.

10:19 da tarde  
Blogger Clara said...

Restos, esmolas e sobras

A política social - sim, não nos iludamos, é mesmo de política que se trata - deste Governo resume-se em três palavras: restos, esmolas e sobras.
O que aqui está em causa não é nem uma boa intenção mal concretizada, nem um conglomerado de medidas avulsas e provisórias para responder a uma emergência.
É uma política no sentido pleno do conceito:
a) porque exprime uma visão reaccionária do mundo e da sociedade;
b) porque desenvolve uma linha de acção orientada para a protecção da minoria privilegiada e, especialmente, para a perpetuação das desigualdades que afectam a maioria; e,
c) porque incorpora um objectivo de legitimação de um poder orgânico da minoria privilegiada, isto é, no limite, de um poder não democrático, não contingente.
E o que é que a velha direita conservadora, reaccionária e confessional – que estes jovens governantes tão ingénua e alegremente representam – tem dificuldade em compreender?
Pois, justamente, o conceito simples, moderno e democrático da virtude sem testemunhas.

Afonso, Câmara Corporativa

10:25 da tarde  
Blogger tonitosa said...

A TAP e as Privatizações

Aqui está uma notícia do DE que poderá complementar o "post" de 1 de Agosto, aqui no Saúsa:

"A cumprir-se o acordo com a ‘troika', 2010 ficará para a história como o último ano em que a TAP apresentou o relatório e contas do exercício oito meses depois deste ter terminado. De acordo com o documento agora divulgado - e que, segundo as novas regras, terá de ser conhecido 45 depois do fim do exercício -, a companhia aérea fechou o ano com prejuízos de 57,1 milhões de euros e capitais próprios negativos de 264,8 milhões. Uma situação de falência técnica que já levou Fernando Pinto a dizer repetidas vezes que a empresa precisa de ser capitalizada."

3:19 da tarde  

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