sábado, abril 28

Bomba relógio

Encerramentos poderão obrigar utentes a mudar de hospital Ministério da Saúde ainda não esclareceu quando avança com a reorganização hospitalar, mas as duplicações e sobreposições de serviços vão mesmo acabar. Reforma incidirá também sobre as urgências. Ainda não se sabe ao certo quando avança, mas a reorganização hospitalar estará para breve e com ela o encerramento de serviços, nomeadamente nas urgências e ao nível, por exemplo, da obstetrícia. Estas mudanças poderão obrigar alguns utentes a deixar de recorrer ao seu hospital habitual. "Vamos pôr a reforma hospitalar em prática, mas só depois de ter suporte técnico e de saber como avançamos", disse, no início do mês, o ministro da Saúde, Paulo Macedo. Agora, que já recebeu a Carta Hospitalar da Entidade Reguladora da Saúde, o anúncio deve estar para breve, se bem que o ministro já disse que este tipo de reformas "é algo que demora duas legislaturas a fazer". O governante fez ainda questão de frisar que a "reforma hospitalar não é sinónimo de fechos", embora tenha revelado que esta "terá seguramente encerramentos por via de concentrações e da melhoria de qualidade que isso representa". O que significa que alguns utentes, que são seguidos numa especialidade em determinado hospital poderão ter de mudar para outro que fique perto. Desclassificação de urgências Avançar com fecho de serviços de saúde não é tarefa fácil. Que o diga Correia de Campos que abandonou o lugar em 2008, depois de ter encerrado blocos de parto e urgências em centros de saúde. Agora a reorganização da rede está novamente a levantar polémica. A falha na comunicação por parte do Governo também não está a ajudar. Depois do presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Cunha Ribeiro, ter dito à "Antena 1" que as urgências do Garcia de Orta (em Almada) e do São Francisco Xavier passariam de polivalentes para médico-cirúrgicas, o ministro Paulo Macedo garantiu, no Parlamento, que o Governo não tem qualquer intenção de desclassificar as urgências destes dois hospitais, embora tenha admitido uma "reorganização" nesta área, acrescentando que "não faz sentido termos três urgências de oftalmologia e dermatologia, 24 horas por dia, em Lisboa". Algumas notícias dão também conta que no Centro Hospitalar Oeste Norte (Peniche, Alcobaça e Caldas da Rainha) apenas o hospital das Caldas manterá a urgência médico-cirúrgica. Além disso, a ARS quer encerrar o bloco de partos e a urgência pediátrica em Torres Vedras, concentrando estes serviços nas Caldas da Rainha. Os maiores protestos têm girado em torno do fecho da Maternidade Alfredo da Costa. Depois de uma notícia que dava conta do fecho até ao final do ano, o ministro já veio dizer que isso acontecerá durante a legislatura. As populações e os profissionais não aceitam.
Jornal de Negócios, 26 Abril 2012 . link

O tempo para dar início a esta reforma perdeu-se. Perdeu-o Paulo Macedo. Que fala em duas legislaturas para levar a cabo esta iniciativa. Talvez nem ele saiba como começar. "Apalpou" a MAC. Supostamente, o elo mais frágil. Enganou-se mais uma vez.   A coisa está a correr mal.

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5 Comments:

Blogger e-pá! said...

GATO ESCALDADO...

Seria interessante, melhor, seria politicamente honesto, dar público conhecimento da Carta Hospitalar da Entidade Reguladora da Saúde para que os utentes - e entre eles os profissionais da saúde - poderem acarear esse documento com os ditames da controversa 'reforma hospitalar' proposta pela 'comissão Mendes Ribeiro'.

É que ao pretender encetar um trabalho para 'duas legislaturas' [!], o MS, deve procurar consensos que garantam um suporte para tal preposição.
Como Paulo Macedo, certamente, sabe, antes de concluir estas ciclópicas tarefas, as políticas de longo prazo terão de passar pelo escrutínio dos portugueses (pelo menos em 2015, se não for antes). E os portugueses depois desta legislatura estarão muito mais renitentes em dar 'cheques em branco' a qualquer Executivo futuro.
"Gato escaldado tem medo de água fria"...

6:03 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Já encerrou o serviço de urgência e a urgência psiquiátrica do Hospital Curry Cabral, passando os utentes a ser atendidos no Hospital de São José.

O MS esclareceu na altura que este encerramento se inseriu "no âmbito da reestruturação da rede de urgências da área metropolitana de Lisboa e abertura do Hospital de Loures".

A MAC é a unidade que se segue.

O encerramento através de centralização de unidades e serviços tem menos impacto na opinião pública.
É morte por asfixia.

"A ber bamos..."

7:43 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Agitação na Europa contagia Portugal: “Boa viagem, mas vai sozinho”, diz Seguro a Passos

O PS prepara-se para votar contra o próximo Orçamento do Estado, mudando a agulha no comportamento que o fez votar a favor de um retificativo, abster-se noutros dois e no OE para 2012, apurou o Expresso. Carlos Zorrinho já tinha ameaçado, na quarta-feira, com uma “rutura democrática”; ontem foi António José Seguro a desejar “boa viagem” ao primeiro-ministro num caminho que, na sua perspetiva, Passos escolheu percorrer “sozinho, porque o PS não assina de cruz nenhum documento” — referindo-se ao facto de o Governo apresentar em Bruxelas, na segunda-feira, “documentos importantes” para a elaboração do OE-2013, sem os ter discutido antes com o PS (ver em baixo). “Isto é o Governo a dizer que não precisa do PS para nada”, desabafa um alto dirigente socialista.
“Há uma diferença entre consenso e obediência. O PS tem assumido uma posição responsável e construtiva, mas o país tem assistido ao facto de o Governo malbaratar essa disponibilidade do PS”, afirmou ontem Seguro.
Há dois meses que Passos e Seguro não conversam a sós. Só se têm encontrado no Parlamento, em debates quinzenais visível e crescentemente crispados. Os socialistas têm vindo a tomar nota das sucessivas “desconsiderações” do Governo — a aprovação apressada do pacto orçamental europeu e a recusa do ato adicional proposto pelo PS, bem como o braço de ferro sobre o Tribunal Constitucional, são os casos mais recentes. “Nada do que acontece na AR é isolado em si mesmo. Cada atitude melhora ou piora o clima de confiança”, resume Zorrinho, em declarações ao Expresso. E a confiança é cada vez menor. numa estratégia de envolvimento de Seguro. ‘‘O importante não é saber se há um novo PEC ou se não há. Mesmo que sejam só as grandes linhas orçamentais para o próximo ano, não custava nada chamar Seguro e tirar-lhe o tapete para estas jogadas’’, afirmava um alto dirigente do PSD. E outro admitia que, por este andar, o PS votará mesmo contra o próximo OE.
Não descurar esta frente é, para a maioria, uma prioridade assumida. Embora Passos, assoberbado com uma empreitada que não se cansa de lembrar ser algo “de que não há memória”, não esconda (até pela expressão facial nos confrontos com Seguro) que esperava outra postura e outra responsabilidade do líder do partido que, enquanto Governo, assinou o memorando de entendimento. A convicção em São Bento é que o atual líder socialista “queria apresentar-se como um estadista, mas foi obrigado a descolar para segurar a ala socrática do PS”.
Agora, dizem, ao Governo resta mostrar que continua a contar com o maior partido da oposição, que aceita algumas das suas propostas, e que se não o ouviram previamente sobre o Documento de Estratégia Orçamental que Vítor Gaspar anunciará 2ª feira foi porque esse documento “não traduz nenhuma revisão do memorando, mas apenas mais uma etapa da sua concretização”.
Quanto à possibilidade de os socialistas chumbarem o OE, a resposta é que, “a prazo, quem fica mal no retrato é o PS”. Mas se conseguirem atenuar a rutura tanto melhor, não só pela imagem externa mas também pela coesão interna, sobretudo numa altura em que PCP e BE todos os dias ateiam o rastilho da contestação e o Bloco ameaça pedir eleições antecipadas se for necessário um segundo resgate

expresso, 28.04.12

Mais vale tarde do que nunca...
By.by PSD...

7:46 da tarde  
Blogger Clara said...

O Mendes está prestes a entrar em acção.
Vamos ver quantos directores vão ser nomeados para encerrarem hospitais.

7:49 da tarde  
Blogger Tavisto said...

Num país que preze as suas instituições, qualquer reforma do SNS envolve peritos e discussão pública alargada para ser consensualizada e rapidamente implementada. Por cá nada disso, juntam-se uns tantos apaniguados, faz-se uma proposta em dois tempos para se ir aplicando ao sabor dos interesses instalados. Desta forma, invertem-se as prioridades: discute-se pouco e batalha-se muito. É por isso que Paulo Macedo reclama duas legislaturas para concretizar um arremedo (cortes é apenas o que se anuncia) de reforma hospitalar.

10:53 da tarde  

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