ANA MANSO, das cíclicas asneiras ao linchamento…
Ana Manso, além de figura ‘histórica’ do PSD e
da política nacional – exerceu funções de deputada pelo círculo da Guarda de
1999 a 2009 – é, também, uma ‘velha conhecida’ dos Hospitais portugueses.
Desde a sua iniciação em 1980 nos Hospitais da Universidade
de Coimbra como administradora, não parou de circular por Hospitais: Castelo
Branco, Fundão, S. Francisco Xavier, Amadora/Sintra e Guarda. Para além deste
movimentado ‘rodízio’ ainda exerceu funções em Administrações Regionais de
Saúde (Castelo Branco) e o seu longo braço chegou até ao Oriente (consultora do
Centro Hospitalar de Macau).
Sempre foi – ao longo de toda a sua já longa ‘carreira’
essencialmente política - uma figura envolta em polémicas. Provavelmente, este
recente percalço, desccalçou-a, e encerrou - pela porta pequena - a sua vida
pública.
Na sua gestão da ULS da Guarda avolumaram-se as
‘irregularidades’ que passam pela escandalosa nomeação (seguida de demissão) do
marido como auditor interno da estrutura que presidia link
até ao misterioso caso de
suspeita de envolvimento num ‘desaparecimento de cadáver’ .
Hoje, apresenta-se como
‘vitima de um linchamento político’ num nebuloso processo que movimenta as
estruturas partidárias regionais, como se adivinha nas declarações da comissão
política distrital do PSD (Guarda) num programa de rádio. link.
Facto que é revelador dos mecanismos ‘usuais’ do Ministério da Saúde inerentes
às nomeações para cargos de direcção nas estruturas do SNS. Este problema não
começou com as nomeações para as ACES…
Para além dos aspectos controversos da actuação de Ana Manso
na ULS da Guarda (ao longo de 11 meses) o que parece estar, neste momento, a
aflorar são os primeiros rebates de uma obscura (não discutida) reforma
hospitalar e, ainda, questões de política de saúde regionais (integração de
serviços e unidades), bem como o seu reflexo local (próximas eleições
autárquicas)
link
A recente criação da USL da Guarda não pode deixar de ser
considerada como um primeiro passo na ‘política de integração de cuidados para
melhorar o acesso’ (Relatório Mendes Ribeiro, págs. 113 a 126) link.
Todavia, todo o processo 'integrador' foi colocado sobre a pressão de
‘economias de escala’ - mas não acaba aí. Tem condicionantes políticas que, de
quando em vez, afloram.
A USL tendo promovido a integração do Hospital da Guarda, do
Hospital de Seia e de 12 Centros de Saúde distritais, visou dar uma dimensão (escala) que se
mostrasse capaz de salvaguardar autonomia funcional e, evidentemente, política
(distrital).
Hoje, os problemas colocam-se numa concepção mais alargada e
ultrapassando a dimensão distrital desembocam na regional (mesmo sem o País
estar regionalizado).
E aí o Centro Hospitalar da Cova da Beira (H. da Covilhã e
do Fundão) funcionará como um pólo agregador (e ameaçador) das unidades
hospitalares que integram a USL da Guarda, manifestando uma evidente capacidade
de colonização regional (Beira Interior).
Ana Manso, concomitantemente com uma administração da ULS
verdadeiramente desastrosa, foi colocada (ou colocou-se) no centro de uma
tempestade provocada por concepções 'integracionistas' ou de fusão que a
ultrapassaram e anularam a capacidade de manobra do seu suporte político
(Comissão Distrital do PSD).
O ‘linchamento político’, que até poderá ter existido, não
foi uma execução paroquial. Tem a ver com ‘ajustamentos’ regionais (políticos e
partidários).
A evolução da reforma hospitalar aportará – a breve trecho –
mais e melhores dados. O perfil do futuro presidente da USL não deixa de ser
significativo.
Finalmente, o caricato desta situação – os dramas têm sempre
um aspecto caricatural – é ter sido o inefável Ministro Relvas a ‘promover’ o
afastamento de Ana Manso por considerar ‘insustentável’ a sua situação como
presidente do conselho de administração da ULS da Guarda link. Definitivamente este Ministro não deve viver acima das suas possibilidades. E estamos em crer que o inefável Relvas não tem espelho em casa…
E-Pá!
Etiquetas: E-Pá
2 Comments:
Nem li. Discordo em absoluto do título. Linchamento? Ora essa. A Sr.ªnão tinha nenhuma noção do que fazia. E foi arrogante até ao fim.
Uma política/gestora com deficit moral vê-se demitida pela mão de um superministro do mesmo partido sem réstia de moral.
Paulo Macedo decide bem mas deve sentir algum desconforto pelo insólito político.
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