quarta-feira, abril 3

Palavras para quê?


A notícia de hoje do Diário Económico veio dar razão àqueles que, desde há muito tempo, alertaram para a mentira orçamental das contas da saúde. É muito fácil criticar os governos anteriores com um discurso do género “descobrimos a cana para o foguete”. Desde o primeiro orçamento deste governo se percebeu que o exercício político consistia numa desorçamentação extrema e absurda fazendo cavalgar a ideia de um imenso despesismo e de uma grande incompetência gestionária. O tiro saiu pela culatra aos “estrategas” políticos deste governo. 
Cedo se percebeu o agravamento das tendências de endividamento e de sufoco operacional traduzidas em gritantes dificuldades de acesso e de qualidade. A tolerância, nunca vista, da comunicação social foi ajudando a tapar o sol com a peneira. Ao mesmo tempo uns teóricos irrealistas sem nenhuma experiência do terreno ou alguma prova dada no concreto inventavam uns estudos à medida proclamando ganhos potencias de larguíssimas centenas de milhões de euros para ministro e pagode iludir.
Em dia de moção de censura, baixinho e de soslaio é anunciada a capitulação de uma estratégia orçamental meramente administrativista, cega e sem nenhum resultado concreto na despesa estrutural. Para cúmulo ainda mandaram o ex-ministro Luís Filipe Pereira liderar mais um grupo de trabalho para entreter o mais possível a decisão sobre o Hospital Oriental. Aqui assim falamos de gestão danosa – política e económica. Não convém a muitos lobbies fazer o novo hospital porque será reduzir em mais de metade o ganho de muitos interesses e, além disso, comprometeria a sobrevivência dos agónicos operadores privados.
Bem vinda seja a moção de censura ao governo mais incompetente, mais incapaz e mais bluffista da história da Democracia.

Carlos Silva
--------------------------------------------- 
Hospitais vão receber balão de oxigénio de 862 milhões de euros 
Diário Económico, Catarina Duarte o3.04.13

Governo vai aumentar capital dos hospitais e libertar verba para pagar dívidas aos fornecedores. 
Os hospitais empresa (EPE) vão receber este ano um balão de oxigénio no valor de 862 milhões de euros. O Ministério da Saúde prepara-se para aumentar o capital dos hospitais EPE que têm fundos próprios negativos em 430 milhões de euros, sabe o Diário Económico.
Por outro lado, serão transferidos para os hospitais outros 432 milhões de euros destinados ao pagamento de dívidas vencidas a fornecedores. O aumento de capital funcionará, no fundo, como um perdão de dívida, através da extinção dos créditos que estas entidades têm junto do Fundo de Apoio ao Sistema de Pagamentos do SNS, por uma contrapartida de um aumento de capital do Estado nestes mesmos hospitais. Esta medida abrangerá os hospitais com fundos próprios negativos, que são mais de metade dos 33 centros hospitalares existentes hoje no país.
A operação não afectará o valor do défice orçamental porque, de acordo com as regras de Bruxelas, é considerada uma operação sobre activos e passivos. Porém, este tipo de operações financeiras têm um impacto negativo na dívida pública. O Fundo de Apoio aos Pagamentos do SNS foi criado em 2006 com um montante de 200 milhões de euros, mas foi sendo reforçado ao longo dos anos. O fundo é formado por capital público e capital subscrito pelos próprios hospitais EPE. O objectivo era emprestar dinheiro aos hospitais de forma a que estes pudessem garantir os pagamentos atempados aos fornecedores. 

Etiquetas: