Plataforma eletrónica SAP
Recentemente, os Conselhos de Administração dos hospitais do
Serviço Nacional de Saúde (SNS) bem como os respetivos responsáveis pelas
tecnologias de informação receberam um ofício, proveniente da Administração
Central do Sistema de Saúde (ACSS), assinado pelo Secretário de Estado da Saúde
onde consta que “está em curso o desenvolvimento de um projeto visando
implementar uma nova plataforma eletrónica, na área da saúde, que responda às
necessidades da administração direta e indireta do estado, bem como do setor
público empresarial em matéria de procedimentos e registo de contabilidade
geral e analítica, compras, existências, imobilizado, contratos, tesouraria e
orçamento.
Este mesmo ofício determina que “todos os serviços do
Ministério da Saúde e Entidades do SNS” devem suspender “todos os investimentos
em novos desenvolvimentos nos softwares existentes de contabilidade geral e
analítica, compras, existências, imobilizado, contratos, tesouraria e
orçamento.”
Em causa estará a entrega de todos os serviços de informação
do SNS à SAP, uma empresa de software informático com sede em Walldorf, na
Alemanha. Este negócio de milhões será efetuado por ajuste direto, sem qualquer
concurso público.
Esta situação encerra diversas perplexidades que devem ser
esclarecidas. Por um lado, não ser percebe por que motivo o Governo pretende
abandonar liminarmente o sistema de informação atualmente em uso e que provem
do trabalho desenvolvido ao longo de anos propositadamente para a área da
saúde.
Por outro lado, ainda menos claro é o motivo por que se opta
pela entrega, sem concurso, deste sistema de informação do SNS a uma empresa
estrangeira, deitando por terra todo o trabalho desenvolvido ao longo de anos.
O Bloco de Esquerda considera que esta situação carece de
clarificação urgente, a bem da racionalidade e da boa gestão da res publica que
sempre deve presidir à atuação de quem governa.
Atendendo ao exposto, e ao abrigo das disposições constitucionais
e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda vem por este
meio endereçar ao Governo, através do Ministério da Saúde, as seguintes
perguntas:
1. O Governo tem conhecimento da situação exposta?
2. O Governo confirma que o sistema de informação do SNS
será entregue por ajuste direto à empresa alemã SAP? Em caso de resposta
negativa:
- Qual é a plataforma eletrónica (características, custos e
implicações futuras) mencionada no ofício da ACSS, assinado pelo Secretário de
Estado da Saúde, endereçado aos conselhos de administração dos hospitais bem
como aos responsáveis pelas tecnologias de informação?
Em caso de resposta afirmativa:
- Por que motivo optou o Governo por fazer um ajuste direto
com a SAP em vez de abrir um concurso público?
- Qual o valor que o Governo prevê pagar à SAP (por ano e
também o valor total)?
- Quem/que empresa assegurará a manutenção quotidiana do
sistema de informação da SAP? Qual o valor a ser pago por este serviço?
- Quando está previsto que entre em funcionamento o novo
sistema de informação?
- Esta aplicação será utilizada em que unidades do SNS?
- O sistema de informação atualmente existente vai ser
liminarmente inutilizado? Quanto custou o sistema de informação atualmente em
vigor (por ano e também valor total)?
Palácio de São Bento, 4 de abril de 2013.
Helena Pinto e João Semedo link
Para as negociatas não falta o indispensável carcanhol. E o ajuste directo.
Etiquetas: XIX gov
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home