Racionamento encapotado de medicamentos
O bastonário da Ordem dos Médicos acusa o Ministério da
Saúde de estar a fazer “racionamento encapotado” de medicamentos.
José Manuel
Silva explica que em causa está, por exemplo, a aprovação de novos remédios,
nomeadamente para o cancro. link
“O que nós temos assistido é a atrasos inexplicáveis, que
são claramente uma forma de racionamento encapotado, na aprovação de alguns
fármacos”, acusa o bastonário, que dá como exemplo “o caso de um fármaco para
as metástases dos cancros da próstata que está a ser utilizado nalguns hospitais
e noutros não”.
José Manuel Silva sublinha que “há hospitais que apresentam
muito bons resultados e até são considerados como um dos melhores, mas são tudo
parâmetros estatísticos e administrativos que estão a ser analisados”. No
entanto, alerta, “a qualidade das terapêuticas e a utilização ou não de
determinadas terapêuticas não é feita”.
Em entrevista à Renascença, o bastonário denuncia também
que, por causa da crise e da austeridade a que está sujeito o Sistema Nacional
de Saúde, há hospitais a recusar fazer tratamentos a doentes transferidos de
outras unidades de saúde onde esses tratamentos não existem.
“Os hospitais que executam essas técnicas, mesmo recebendo
os doentes com termo de responsabilidade, começam a recusá-los, porque têm as
despesas inerentes mas depois não recebem o financiamento”, afirma.
José Manuel Silva diz ainda que, com a lei dos compromissos,
os hospitais “ficam encostados à parede porque não podem adquirir o material”
dado que “não recebem o financiamento e não têm disponibilidade de tesouraria a
90 dias para pagar esse tipo de despesas”.
Assim, lamenta, “os doentes voltam para trás ou arranjam-se
depois mecanismos de justificar a recusa, sem assumir uma recusa” e “em última
instância, quem é o prejudicado é sempre o doente”.
O bastonário da Ordem dos Médios considera ainda que
“estamos assistir a constrangimentos graves na qualidade e na capacidade de
resposta do Serviço Nacional de Saúde que afectam a acessibilidade dos
doentes”. Por isso, José Manuel Silva defende que não há espaço para mais
cortes, mas há para gerir melhor.
RR 08.06.13
Etiquetas: Medicamento, OM
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