Relatório Primavera 2013
O Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS)
cumpre, pelo décimo quarto ano consecutivo, a sua missão de analisar, de forma
independente e objetiva, a evolução do sistema de saúde português e os fatores
que a determinam.
O OPSS escolheu este ano como título para o RP 2013
"Duas Faces da Saúde".link
Este relatório procura mostrar a situação que se vive neste
momento de grave crise, onde parecem coexistir dois mundos – o oficial, dos
poderes, onde, de acordo com a leitura formal, as coisas vão mais ou menos bem,
previsivelmente melhorando a curto prazo, malgrado os cortes orçamentais
superiores ao exigido pela Troika e a ausência de estratégia de resposta às
consequências da crise na saúde da população; e um outro, o da experiência real
das pessoas, em que temos empobrecimento, desemprego crescente, diminuição dos
fatores de coesão social, e também uma considerável descrença em relação ao
presente e também ao futuro com todas as consequências previsíveis sobre a
saúde.
Perante esta clivagem parece haver uma parte do SNS que se
está a degradar, mas há ainda uma outra em que a resiliência domina. Até
quando?
Esta preocupante dúvida necessita de uma obrigatória
reflexão que nos deverá conduzir a um SNS renovado, melhorado, modernizado e
com futuro.
Coordenação: Ana Escoval, Manuel Lopes e Pedro Lopes
Ferreira
Etiquetas: OPSS
2 Comments:
Observatório lamenta ausência de Paulo Macedo na apresentação de relatório 2013
O documento hoje divulgado tem várias mensagens, uma das quais é que “o Ministério da Saúde foi além da troika, no sentido dos cortes que foram feitos e que têm impactos
A coordenadora do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) lamentou hoje que o ministro da Saúde não estivesse presente na apresentação do Relatório Primavera 2013 e reiterou a necessidade de uma monitorização dos efeitos da crise na saúde.
Apesar da presença de Paulo Macedo ter estado prevista - mas não confirmada pelo Ministério - para a sessão de apresentação do relatório, que hoje decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, esta não veio a acontecer por alegados motivos de agenda.
Ana Escoval disse aos jornalistas lamentar esta ausência, principalmente porque a mesma significaria “um contraditório” a que “o país tem direito”.
“Há 14 anos que fazemos isto. Durante 13 anos o Ministério da Saúde esteve presente. É o momento do contraditório, em que um agente da política se pode defender”, afirmou a especialista em saúde pública.
Para Ana Escoval, o documento hoje divulgado tem várias mensagens, uma das quais é que “o Ministério da Saúde foi além da troika, no sentido dos cortes que foram feitos e que têm impactos”.
São estes impactos e efeitos da crise na saúde dos portugueses que Ana Escoval gostaria de ver monitorizados e analisados, criticando, por isso, a ausência de um “espaço de análise e monitorização”.
“Se há um aumento do desemprego, logicamente que o Ministério da Saúde é o responsável, mas esse aumento do desemprego vai ter impacto na saúde”, especificou.
Ana Escoval deu ainda o exemplo dos cuidados paliativos, que foram abordados no Relatório Primavera 2013.
“Fomos ouvir as pessoas e o que elas dizem é que gostariam de receber esses cuidados em casa. O que pedimos ao Ministério da Saúde é que se antecipe ao que vem aí – até porque os hospitais vão reduzir camas – e esteja atento à continuidade” dos tratamentos após a alta de um problema agudo.
No documento é igualmente abordada a dificuldade no acesso dos utentes idosos aos cuidados de saúde por razões económicas e o aumento dos problemas de saúde mental e do suicídio numa região do Alto Minho.
Duas dificuldades que, mais uma vez, levam Ana Escoval a defender uma antecipação dos problemas e evitar, assim, a descontinuidade dos tratamentos, bem como um maior investimento nos cuidados de saúde primários.
agência lusa 18.06.13
Observatório conclui que Ministério da Saúde foi além da "troika"
O Ministério da Saúde foi mais longe do que o imposto pela “troika” e foi bem-sucedido, concluiu o relatório de Primavera do Observatório Nacional dos Sistemas de Saúde.
Num contexto difícil e num curto espaço de tempo, o ministro Paulo Macedo foi capaz de gerir os recursos disponíveis de forma a pagar cerca de metade da dívida acumulada do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, com isso, garantir uma protecção relativa para o orçamento deste ano.
Se o discurso oficial considera que, apesar dos cortes, as coisas vão mais ou menos bem no sector da saúde e com tendência a melhorar, a experiência dos portugueses mostra outra realidade: estamos mais pobres, há cada vez menos emprego e o acesso à saúde é mais difícil. São “duas faces da saúde”, o nome dado ao relatório de Primavera.
Para atingir os objectivos orçamentais, Paulo Macedo não acautelou as implicações, a longo prazo, dos cortes nos orçamentos da saúde e da forma como eles afectam a resposta dos serviços, a saúde da população e criam graves problemas de acesso para alguns grupos: os mais vulneráveis e os que todos os dias engrossam as listas de desempregados e empobrecidos.
O relatório diz que há indícios de que podem estar a ocorrer situações de racionamento nos serviços públicos de saúde. Diz também que há múltiplos sinais de que o aumento substancial das taxas moderadoras e a dificuldade crescente com os transportes dificultam o acesso aos cuidados de saúde.
A política do medicamento do Governo é outra realidade com dois lados apontada neste relatório. A descida efectiva dos preços contribuiu para um maior acesso aos medicamentos, mas também conduziu a problemas de distribuição e a faltas nas farmácias.
Sobre a reforma dos cuidados de saúde primários, o Observatório admite que a mais importante reforma do SNS das últimas décadas está em risco. Nos últimos tempos o processo de contratualização tem sofrido atrasos constantes e é foco de conflitos. Há atrasos também na abertura de novas Unidades de Saúde Familiar (USF).
RR 18.06.13
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