sábado, outubro 12

Verdadeiro ou falso?

O Negócios confronta declarações de Passos Coelho com factos
1.Temos conseguido um nível de atendimento superior ao de antes. Seja na área hospitalar, seja no ambulatório. Nós em 2012, e segundo os dados que tenho de 2013, conseguimos fazer mais consultas, mais exames, atender mais pessoas e prestar mais serviços apesar das condições financeiras.
Se é verdade que na área hospitalar se registaram mais consultas e cirurgias, quer em 2012, quer nos primeiros oito meses deste ano face ao período homólogo do ano passado, o mesmo não se pode dizer em relação aos cuidados de saúde primários. E a quebra assistencial nos centros de saúde, tanto em termos de consultas programadas como urgências, fez com que no geral tenha havido em 2012 menos 1,3 milhões de consultas e nos primeiros oito meses deste ano menos 150 mil consultas.
 O número de utilizadores dos centros de saúde também diminuiu. Já nas urgências a quebra foi de 1,3 milhões no total do ano de 2012 e de 60 mil até Agosto deste ano. Este ano ainda não se sabe, mas no ano passado os hospitais realizaram ainda menos 70 mil sessões no hospital de dia.
 O ministro da Saúde, Paulo Macedo, tem-se recusado a aceitar a associação da quebra das idas às urgências no ano passado e este ano, bem como a consultas, com a “transferência” de doentes para o sector privado da saúde.
 No que diz respeito aos exames, a que Passos Coelho também faz referência, não existem dados disponíveis para avaliar a declaração de Passos.
2.O sistema estava extremamente endividado. Nestes dois anos estivemos a sanear o mais possível a situação financeira. No ano passado pagámos 1.500 quase 1.600 milhões de euros, de dívida antiga, a sua maioria nos hospitais. Procurámos tomar medidas para não acumular dívidas em atraso.
É verdade, este pagamento foi feito. Ainda assim, teve um custo elevado. Em 2012, o Ministério da Saúde recebeu 1.500 milhões de euros, da transferência dos fundos de pensões da banca, para pagar dívidas em atraso dos hospitais-empresa (dívidas que ultrapassaram em mais de 90 dias o prazo acordado com o fornecedor). No entanto, esta transferência trouxe responsabilidades além das receitas. Em causa, está o pagamento anual das pensões dos bancários, agora a cargo do Estado.
 Apesar da regularização daquelas dívidas, o sector da saúde continua a acumular dívida. A prova é que mesmo com esta liquidação de 1.500 milhões de euros, o bolo da dívida vencida – que inclui dívida acima e abaixo dos 90 dias para lá do prazo de pagamento acordado -, segundo o Ministério de Paulo Macedo, baixou 1.200 milhões de euros, para os 1.338 milhões de euros.
 Este ano serão utilizados mais 432 milhões de euros do orçamento rectificativo para pagar dívidas e o Governo vai proceder ao reforço do capital dos hospitais EPE, no valor de 400 milhões, o que significará um “perdão” de dívida de alguns hospitais.
 A acumulação de dívida a fornecedores tem sido um dos principais problemas dos hospitais públicos. Perante a troika, o Governo português comprometeu-se a estancar a acumulação de dívida em atraso há mais de 90 dias.

 JN 10.10.13

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4 Comments:

Blogger DrFeelGood said...

A lista de inscritos para cirurgia (LIC) que representa o acumulado de episódios a aguardar cirurgia, tinha vindo a decrescer continuamente desde a instauração do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC) e pela primeira vez inverteu a tendência, apresentando em Dezembro 2011, em relação ao período homólogo um crescimento de 11,2%. No entanto e apesar do valor no primeiro semestre de 2012 ainda ser superior ao primeiro semestre de 2011 houve uma diminuição de 3,3% face a 31 de Dezembro de 2011. O comportamento da mediana do tempo de espera (TE) dos utentes que aguardam cirurgia é semelhante ao da LIC. No primeiro semestre de 2006 apresentava um valor de quase 7 meses e desde então vinha progressivamente a diminuir, apresentando no primeiro semestre de 2011 um valor de 3,13 meses. Esta tendência inverteu-se no segundo semestre de 2011 onde apresentava um valor de 3,33 meses. Já no primeiro semestre de 2012 apesar da mediana do TE da LIC ter diminuído ligeiramente para 3,30 meses, este valor ainda é superior ao valor do primeiro semestre de 2011 (mais 5 dias). O indicador que raciona o número de utentes em lista com a produção por unidade de tempo é o da LIC face aos operados por mês, este indicador representa o “pull” de reserva de utentes em espera para cirurgia, dá-nos uma indicação sobre para quantos meses de produção daria a reserva estabelecida. O valor desta reserva no primeiro semestre de 2012 é de 3,8 meses no país mas ultrapassa os 5 meses na Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve.
A percentagem de episódios em LIC que ultrapassam os TMRG tinha vindo a diminuir até ao primeiro semestre de 2011 tendo nessa altura atingindo os 13,9%. No segundo semestre de 2011 este indicador teve um crescimento, tendo novamente diminuído no primeiro semestre de 2012, no entanto a variação face ao período homólogo é ainda de 7,2%. As regiões do Centro, LVT e do Algarve são as regiões com piores prestações no que respeita a este indicador com valores superiores ao valor nacional (14,8%). Os 10% de utentes que mais tempo permanecem em LIC encontram-se em média à espera 8,9 meses.
A 30 de Junho de 2012, 53% dos utentes em LIC estão em espera há mais de 3 meses, representando um ligeiro aumento de 2,5% face ao período homólogo. Este marco é relevante uma vez que existe convicção de que TE superior a 3 meses, torna a gestão da LIC mais ineficiente. Traduzindo-se desta forma por um lado num serviço de pior qualidade por outro lado em custos acrescidos. link

10:00 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

Nenhum hospital operou todos os doentes com fractura na anca nas primeiras 48 horaslink
Meta é considerada a nível internacional um importante indicador de qualidade para avaliar os serviços de saúde. Administração Central do Sistema de Saúde começou a medir este indicador num novo portal que acaba de lançar e que compara dados de vários hospitais em muitos temas.
nternacionalmente a meta é considerada um importante indicador de qualidade para avaliar os serviços de saúde: conseguir operar todos os doentes com uma fractura na anca nas primeiras 48 horas após o internamento no hospital, salvo excepções, em que por alguma razão clínica não tenha sido possível estabilizar o utente. Contudo, em Portugal, nenhuma das unidades conseguiu sequer ultrapassar os 90% no primeiro trimestre de 2013, existindo mesmo casos de hospitais que pouco passaram dos 10%.
A Unidade de Saúde Local do Nordeste foi a que teve melhor desempenho, com 88,24% das pessoas operadas neste prazo, enquanto na cauda da lista fica o Hospital de Santa Maria Maior, em Barcelos, com 10,71%. Pelo meio ficam grandes hospitais como o Centro Hospitalar do Porto (75,76%), São João (52,44%) ou Lisboa Norte (Santa Maria e Pulido Valente), com 40,94%. Entre as parcerias público-privadas destaca-se o Hospital de Cascais (77,19%), enquanto o Hospital de Braga se fica pelos 20,93%.
JP 11.10.13

10:02 da manhã  
Blogger Clara said...

Portugal já não faz parte dos cinco países que mais colhem e transplantam órgãos a nível mundial. Entre 2011 e 2012, os resultados da atividade foram de tal forma reduzidos que o País caiu do quarto lugar em número de transplantes por milhão de habitantes para o 12. º a nível mundial. E a isso deve- se a redução do número de dadores de órgãos, em que se passou de quinto para oitavo lugar, com 23,6 por milhão, segundo a Newsletter Transplant de 2013, uma publicação do Conselho da Europa.
A redução dos apoios à colheita, através de incentivos, que foram cortados para metade, terá sido uma das principais razões para esta queda, juntamente com o envelhecimento dos dadores e correspondente impossibilidade de usar todos os órgãos. A dificuldade em implementar alternativas como a colheita em coração parado, foi outra razão avançada ao DN.
No início de 2013 já se sabia que 2012 tinha fechado com menos 49 dadores do que em 2011, o que se traduziu em menos 179 órgãos e 157 transplantes. Uma perda tão grande que levou o Instituto Português do Sangue e da Transplantação ( IPST) a estudar as causas deste problema e a propor soluções para os resolver.
Portugal foi ultrapassado por França, Estados Unidos e Estónia, mas foi sobretudo no número de transplantes que se verificou a maior queda, porque se estava em terceiro lugar. Aí juntaram- se mais nove países à Noruega e Espanha, que já ultrapassavam Portugal.
Fernando Macário, presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação ( SPT), disse ao DN que estas alterações se devem a uma dupla razão: “Por um lado há países que melhoraram muito, por outro, Portugal teve uma quebra acentuada da colheita, que infelizmente já não vem sendo uma novidade.”
A quebra tem que ver, na sua opinião, com “a redução dos incentivos para a colheita de órgãos. As equipas estão desmotivadas e isso sente- se sobretudo em hospitais que só colhem”, refere. Unidades como as da Guarda ou Madeira, exemplifica, tiveram redução da colheita. “É importante que o senhor secretário de Estado cumpra o que referiu em despacho, se aumentem os pagamentos e clarifiquem os moldes em que são pagos”, apontou.
Outras soluções, além do aumento das formações para a colheita, é pôr mais unidades a colher, “como a de Loures” e dar início à colheita em coração parado, que “o IPST veio dizer que ia arrancar já este ano”. Para motivar o dador em vida, sugere que “haja isenção de taxas moderadoras por mais tempo e que se avance rapidamente com o seguro do dador, tal como aconteceu no caso do sangue”.
Em 2009, o ano de referência para a transplantação nacional, Portugal atingiu a liderança na transplantação de rins com dador cadáver. Em 2012 foi ultrapassado por oito países, 12 se forem incluídas as cirurgias com dador vivo, que ainda têm um longo percurso a fazer no país. Trinta países ultrapassam Portugal no recurso à dádiva em vida. Na Turquia fazem- se 32 transplantes renais com dador vivo por milhão de habitantes. Por cá, não se passou ainda de 4,4 e os números têm melhorado muito, em parte com as campanhas desenvolvidas pela SPT. Fernando Macário recorda que o rim “é o órgão mais afetado pela idade do dador. Muitas vezes não podemos usar estes órgãos.”
No caso do fígado, foram realizados 13,1 transplantes por milhão, ficando 11 países à frente de Portugal. No coração, o país está no vigésimo lugar e nos pulmões em 22. º . Curiosamente, no caso do pâncreas, mesmo tendo sido feitos apenas vinte transplantes, os resultados dão o nono lugar. Em todas as áreas houve menos órgãos disponíveis e transplantes.
No ano passado, havia 1977 utentes ativos à espera de um rim a 31 de dezembro, 2171 à espera de qualquer órgão. Mas tirando o rim, que teve um ligeiro acréscimo, houve menos utentes à espera nos restantes casos.
JO 06.10.13

10:36 da manhã  
Blogger tambemquero said...

“Se eu falhar, é o país quefalha.” Cito de memória uma das últimas máximas com que Pedro Passos Coelho tem brindado o país nos tempos mais recentes.
Pacheco Pereira, na Quadratura do Círculo, fez uma referência às reminiscências hitlerianas da frase proferida pelo primeiro-ministro na entrevista desta semana na RTP1. Acredito que Passos Coelho não estivesse a pensar no regime nazi quando proferiu mais esta tirada. Mas, na verdade, tem pontuado as suas últimas intervenções públicas com as chamadas frases grandiloquentes, como fez no congresso dos economistas. No fundo, não passam de generalidades vagas de conteúdo, em estilo professoral, um fato que não é o mais adequado para o actual primeiro-ministro português, que vive preso pela trela da Alemanha, da troika e do descalabro fi nanceiro do país.
E foram essas respostas vagas que deu às 20 perguntas dos portugueses que participaram na entrevista O País Pergunta.
Ao contrário de outros líderes do PSD que acabaram por liderar governos, Passos não tem o percurso académico, político ou profi ssional de fi guras como Sá Carneiro, Cavaco Silva ou Durão Barroso. Daí que o recurso sistemático a máximas que pretendem fi car para a história não seja seguramente o melhor caminho para um primeiro-ministro a quem caiu no colo o poder de um partido e de um país. Nem é isso que os portugueses que ainda acreditam em Passos Coelho esperam. Basta que governe, de preferência bem, e que continue a vestir um fato verdadeiramente à sua medida.
Raposo Antunes, JP 12.10.12

11:15 da manhã  

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