Criação dos CEUEM
São vários os estudos que mostram uma expectativa crescente
de sobrevivência dos doentes oncológicos tratados no País. A meia dúzia de
especialistas que se deslocou ao Palácio de São Bento citou muitos deles. Jorge
Espírito Santo, do Centro Hospitalar Barreiro Montijo e presidente do Colégio
de Especialidade de Oncologia Médica da Ordem dos Médicos, destacou o mais
recente: o Eurocare-5.
A circunstância de haver mais doentes vivos ao fim de cinco
anos foi atribuída pelo médico ao «modelo descentralizado de prestação de
cuidados» que tem sido seguido.
«Desde o Eurocare-3 que temos melhorado os resultados
obtidos», recordou. Ou, dito de outra forma, «os doentes diagnosticados com
cancro depois de 1995 têm em Portugal uma expectativa de sobrevivência que vai crescendo».
Uma melhoria que, segundo Jorge Espírito Santo, está então
associada à «descentralização» operada na área oncológica entre o final da
década de oitenta e início dos anos noventa do século passado.
«Foi esse sistema de prestação descentralizada com a criação
de uma rede de centros desde Faro a Vila Real que permitiu, gastando metade da
média europeia, termos resultados superiores a muitos países», regozijou-se.
A sobrevivência registada nos doentes diagnosticados com
cancro do cólon entre 2000 e 2007, período analisado pelo Eurocare-5, serviu de
exemplo: «Temos 58% de doentes vivos ao fim de cinco anos, enquanto na
Inglaterra é 51%.»
Olhando mais uma vez para a «performance» nacional, Jorge
Espírito Santo reitera que ela se deve à forma como os cuidados estão
organizados.
Daí que a medida do Ministério da Saúde de designar apenas
os centros regionais do IPO como CEUEM tenha merecido o seguinte comentário:
«Este despacho destrói o modelo de prestação descentralizada. Os três centros
que supostamente são especializados, já agora, de acordo com os dados da
Direcção-Geral da Saúde, valem 23% do total de doentes oncológicos tratados em
Portugal.»
Tempo Medicina
Despacho n.º 13877-A/2013 link
Oncologistas portugueses contestam despacho sobre acesso a
medicamentos inovadores link
Etiquetas: Medicamento
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