Assim vai o SNS
«Entre o rastreio que acusou a presença de sangue oculto nas
fezes de uma doente de 60 anos e a colonoscopia que confirmou presença de um
cancro colo-rectal passaram-se dois anos — o tempo necessário para o tumor
estar numa fase tão avançada que neste momento não é operável. O tempo de
espera para a consulta foi de um ano e até ao exame passou mais um ano. Quando
veio o resultado, o cancro já era demasiado grande e agora a doente está a ser
submetida a quimioterapia na esperança que o tumor reduza e que possa ainda ser
operada. O hospital assumiu ao mesmo jornal o tempo de espera, que atribuiu à
falta de recursos, por ter perdido vários médicos daquela especialidade nos
últimos anos e por servir uma população de mais de 500 mil pessoas.»
«As actuais listas de espera para colonoscopias são “apenas
a ponta do icebergue” do problema,
porque “todos os dias as pessoas têm dificuldades” para marcar e fazer
vários exames de diagnóstico e terapêutica, denuncia o vice-presidente da Federação Nacional dos
Prestadores de Cuidados de Saúde, Armando Santos . Há, exemplifica, pessoas que
esperam “dois anos” para a realização de ecocardiogramas em alguns hospitais
públicos de Lisboa, e as TAC (tomografias axiais computorizadas) também demoram
“meses” a ser agendadas. Há igualmente grandes dificuldades para se conseguir
fazer electroencefalogramas, acrescenta.»
«O problema da dificuldade de marcação de colonoscopias já é
antigo em Portugal. Há quatro anos, na sequência de várias queixas, a Entidade
Reguladora da Saúde (ERS) avaliou a situação a nível nacional e concluiu que
havia “uma situação generalizada de impedimento do acesso” à realização destes
exames que servem para rastrear um dos cancros que mais mata no país, avança o
jornal Público. link
«A ERS emitiu então uma recomendação às cinco administrações
regionais de saúde para que aferissem a real capacidade de resposta da rede de
estabelecimentos privados convencionados com o Estado. Estas situações de
dificuldades na resposta “foram já objecto de análise e intervenção
regulatória” em 2009, faz questão de frisar a ERS numa nota divulgada esta
quinta-feira a propósito “das recentes notícias relacionadas com as
dificuldades de acesso a exames de colonoscopias na região de Lisboa e Vale do
Tejo”.»
«Depois de conhecido o caso da doente que aguardou dois
anos, Cunha Ribeiro anunciou que em Lisboa e Vale do Tejo iriam ser feitas mais
5500 colonoscopias durante este ano, o que representa mais 21% do que em 2013.
Como? “Optimizando pessoas e equipamentos”, sintetiza. O responsável conta que
estes exames suplementares sejam feitos com “prata da casa”, ou seja, com os
médicos e equipamentos dos hospitais públicos. Depois de ter reunido com os
responsáveis de 15 hospitais da região que fazem o exame, diz acreditar que, “à
custa de reengenharias do processo produtivo”, estas colonoscopias a mais vão
fazer-se sem gastar mais dinheiro.» link
……………
Este caso é bem ilustrativo do que se passa hoje em dia na
Saúde. Sem estratégia, ao sabor do improviso, dos “cortes a eito” e
das acções de propaganda, o MS abre os
cordões à bolsa (trabalho extraordinário)
para tentar travar o fogo mediático. Uma espécie de flash “sigic” dedicado aos MCDTS. A completar o
ramalhete a IGAS abre o inquérito da praxe para apuramento dos bodes expiatórios do costume (profissionais da saúde). link Antes de cumprir o objectivo de transferência para os
privados, Paulo Macedo corre sério risco de ver o SNS cair desconjuntado.
Clara Gomes
Etiquetas: s.n.s
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home