sábado, setembro 13

OPA à manjedoura do Estado

Tem sido um rebuliço. 
A OPA dos estabelecimentos ESS: 1 179 camas e 8 907 colaboradores, de entre os quais 3.594 médicos (médicos especialistas e médicos de clínica geral), 1672 enfermeiros, 507 técnicos, 892 outros profissionais da área da saúde e 2 242 colaboradores não relacionados com a área da saúde. 
Depois dos mexicanos da Ángeles, 4,3 euros por acção, os portugueses da José Mello Saúde (controlada a 70% pelo Grupo José de Mello e a 30% pela Associação Nacional de Farmácias) subiram a parada para 4,4 euros por título, aguardando-se novas e surpreendentes ofertas. 
Face a tanta animação, entre murmúrios e ais, os inevitáveis comentários dos inevitáveis protagonista desta festança do capital. Paulo Macedo, convenientemente preocupado com o cumprimento rigoroso do que está acordado no contrato de gestão da PPP de Loures ( Hospital Beatriz Ângelo). Pires de Lima, às voltas com a privatização da TAP, acha, como não podia deixar de ser, que "é bom para a economia portuguesa a existência de vários investidores interessados em activos da economia nacional". Estrangeiros de preferência. Artur Osório Araújo, presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) acha que o leilão da ESS é um sinal "da vitalização do mercado". 
Entre liberais naives e angustiados defensores das virtualidades do mercado, Correia de Campos, pai das PPP da Saúde, alerta que “Não se trata de comprar uma empresa em bolsa apenas. Trata-se de comprar uma empresa que tem instituições de saúde privadas de boa qualidade e lucrativas, mas que têm sobretudo uma grande responsabilidade pública”.
Sempre desmancha prazeres, o PCP defende que o Governo português deve denunciar o contrato PPP do hospital Beatriz Ângelo, integrando-o de imediato no Serviço Nacional de Saúde". Deve ser igualmente alvo de denúncia o acordo celebrado no âmbito da ADSE, "que transformou o Estado português no maior financiador" da Espírito Santo Saúde (ESS), num montante "que rondará os 50% das receitas do grupo". 
A prová-lo, Isabel Vaz confessava em entrevista ao expresso (fev 2013): A ESS tem interesses brutais nesse tema(ADSE), como todos sabem. No curto prazo seria um desastre orçamental porque, em 2011, a ADSE representou na rede privada €490 milhões dos quais 65% financiados pelos beneficiários, e este valor teria de ser gasto pelo Estado na mesma. No longo prazo, é também um grande disparate, é ceder a mais um interesse do lóbi prestador público, que está aflito de doentes. Neste momento a ADSE dá liberdade de escolha entre público e privado. Porque é que os portugueses em geral não exigem isso aos políticos e permitem nivelar por baixo, numa guerra intestina contra os funcionários públicos? link 
Todo este frenesim de partilha de deleites e “sinais de vitalização do mercado”, ameaça continuar por largas semanas, até se conhecer o desfecho deste leilão e o próximo feliz contemplado à manjedoura do estado.
Saltapocinhas

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