Tudo pela rama…
Há muito que a ESS tratou de ter a imprensa económica como
instrumento de propaganda (o que aliás não é muito difícil). Os nossos
“jornalistas” económicos não precisam de muito para embarcar na balela da
gestão privada em saúde. Mesmo que a maior parte deles nem sequer tenha ido aos
famosos workshops na neve relatados na imprensa. Ficam babados com as vidraças,
o show-off e as fantasias dos “privados” sempre (como convém) alimentados pelas
rendas públicas (ADSE, SIGIC, convenções, etc).
De repente da galáxia de aldrabice do BES emergiu o cometa
ESSaúde como se não tivesse nada a ver com a Rioforte, o Dr. Ricardo Salgado e
companhia. Talvez por ser um grupo de saúde estará imunizado. E é ver os ditos
jornalistas económicos aos saltos branqueando até o por(maior) dos donos do
grupo mexicano terem andado uns dias antes de lançar a opa a comprar, aos
magotes, ações da ESSaúde a baixo preço. Crime de mercado dizem uns,
“ingenuidade” ou distração disse a diretora do negócios candidamente na
televisão provavelmente na ânsia de não perturbar a operação.
Para o atual governo trata-se apenas de fazer de Portugal um
imensa “feira da ladra” desbaratando tudo o que puder valer alguma coisa sem
critério nem rigor e, garantindo, desse modo alguns empregos e negócios para a
rapaziada do compromisso Portugal no final de 2015.
Os jornalistas económicos, de uma forma geral, limitam-se a
papaguear aquilo que convém aos patrões embarcando, de gel na cabeça, na
corrente de que a saúde só é boa se for toda privatizada.
O ministro vai dizendo umas coisas deambulando no seu
errático e já incompreensível discurso. Depois dos brasileiros a vinda dos
mexicanos cumpre na íntegra o seu desígnio oculto: espatifar o SNS e retraçar o
sistema de saúde numa manta de retalhos estritamente comercial mas sempre a
viver à custa do dinheiro público.
A presidente da APAH também vai dizendo umas coisas sempre
politicamente corretas e muito alinhadas com os diferentes “poderes”. É curioso
que ninguém questione a representatividade desta associação nem dos seus
dirigentes provavelmente eleitos com 20 ou 30 votos num contexto em que a
esmagadora maioria dos gestores hospitalares nem sequer a tal associação
pertence. Para o poder esta atual direção é “crème de la crème” de tão útil que se torna.
Bem pode a Câmara de Loures clamar que ficará a falar
sozinha. Os interesses são demasiado fortes.
Se isto for para a frente, o que é muito duvidoso, tendo em
conta os contornos do movimento teremos em 2015 dois terços do setor privado e
uma parte importante de hospitais do SNS em mãos estrangeiras de países onde a
saúde é um comércio puro e onde pontificam as maiores desigualdades em saúde no
acesso e na qualidade. Seria bom que o senhor ministro perdesse cinco minutos a
ver os indicadores de saúde desses mesmos países onde a saúde é tão bem
sucedida. Já aos ”jornalistas” económicos nem valerá a pena recomendar que
façam o mesmo porque para a sua maior parte o ebidta será sempre um valor maior
do que a equidade e a justiça.
Finalmente, quanto ao ar “marialva” do gestor na fotografia
está em boa linha com o estilo dos co-figurantes portugueses.
Carlos Silva
Etiquetas: bater no fundo
2 Comments:
Sem pés nem cabeça...
APAH - Administradores Hospitalares de carreira com formação na ENSP.
Os poucos que são sócios não pagam quotas.
A presidente, Marta Temido, recém eleita, retomou a publicação da revista dos AH.
Um privilégio dirigido em principio aos associados da APAH.(uma das raras iniciativas desta associação justificadora do pagamento de quotas).
Qual não é o nosso espanto quando vemos que um número generoso de exemplares de cada edição é enviado para os hospitais para distribuição avulsa.
O que se pretende afinal com esta publicação?
Divulgação de estudos que concluem que 90% dos AH são licenciados em Direito?
A mexicana Ángeles, empresa que lançou ontem uma oferta pública de aquisição sobre o capital da Espírito Santo Saúde, comprou ações da empresa nas semanas anteriores. Em conjunto com o seu presidente e vice-presidente, foram adquiridos grandes lotes de ações, segundo informou a própria empresa esta tarde, em facto de relevante enviado à CMVM. No total, a empresa já controla 3,32% dos votos da ESS.
A empresa propriamente dita, a Ángeles, comprou 8.800 ações a 18 de julho e mais 121.482 ações a 8 de agosto.
Olegário Vázquez Aldir, vice-presidente do conselho de administração da empresa, adquiriu mais de um milhão de ações (1.040.797 ações) entre 18 de julho e 13 de agosto (o que representa um pouco mais de 1% da Espírito Santo Saúde) e mais 480 mil ações (ou 0,5% da empresa) a 14 de agosto.
Olegário Vázquez Raña, presidente do conselho de administração, comprou 1.040.797 ações no dia 13 de agosto da empresa, mais 480 mil ações a 14 de Agosto.
São imputáveis à Ángeles os direitos de voto das suas ações e das que são detidas também pelos seus administradores, o que resulta numa participação qualificada de 3,32%
A Ángeles constituiu assim uma posição antes de lançar a OPA, que foi lançada a um preço de 4,3 euros por ação. A tomada de posição antes do lançamento de uma OPA é permitida pelo Código de Valores Mobiliários se tiver sido feita antes da decisão de lançar a oferta. Em relação à tomada de posição por administradores, só em caso de aproveitamento pessoal de uma informação privilegiada poderia haver suspeitas de irregularidades, nomeadamente de "insider trading".
Expresso 20.08.14
Malabaristas já cá nós temos.
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