Mude-se o ministro...
Ministério da Saúde desconvoca
reunião e Sindicato dos Enfermeiros promete mais protestos
A desmarcação da reunião entre o secretário de Estado
adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa, e o Sindicato dos Enfermeiros
Portugueses (SEP), que devia ter acontecido ontem à tarde, foi mal recebida
pela estrutura sindical, que acusa o Ministério da Saúde de “acender” os ânimos
dos enfermeiros. Num Verão marcado por greves em várias unidades, o SEP
acredita que a postura ministerial vai levar a mais protestos, mas para já
escusa-se a adiantar quais.
O encontro, segundo Guadalupe Simões, da direcção do SEP,
foi desconvocado pela tutela, por o sindicato já ter tido de manhã uma reunião
com a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) e por o ministério
considerar que as questões que deveriam dominar o encontro com Leal da Costa,
relacionadas com os cuidados de saúde primários, poderiam ser discutidas numa
outra reunião marcada para dia 17 de Setembro. O PÚBLICO tentou contactar o
Ministério da Saúde, sem sucesso.
Guadalupe Simões lamenta a atitude e assegura que o
cancelamento só vem “acender” os ânimos num Verão de greves, até porque o
encontro estava pedido desde Março. Ontem foi a vez do Centro Hospitalar de
Lisboa Central, onde foi feita uma paralisação de nove horas que segundo o SEP
teve uma adesão média superior a 80% nas seis unidades do centro, variando
entre os 92% no Hospital dos Capuchos e os 78% no Dona Estefânia. A
administração da unidade não deu números. Em causa estava, uma vez mais, a
carência de profissionais e a degradação das condições de trabalho, com os
enfermeiros a denunciarem turnos extraordinários e a alertarem para o risco
para os cuidados prestados. A próxima greve será na Unidade Local de Saúde do
Alto Minho a 28 e 29 de Agosto.
No que diz respeito ao encontro com a ACSS, que se tinha
comprometido a fazer um levantamento das carências destes profissionais a nível
nacional, a sindicalista diz que na reunião apenas foram apresentados ao SEP
dados sobre os concursos de enfermeiros que estavam em curso nas unidades que o
sindicato tinha adiantado que tinham mais urgência.
A estimativa do SEP e da Ordem dos Enfermeiros aponta para
que sejam necessários 25 mil profissionais de enfermagem em todo o país. Do
lado da tutela, o ministro comprometeu-se a abrir mais concursos, mas sem
adiantar o número total em défice. O PÚBLICO solicitou à ACSS o levantamento
mas não teve resposta.
Ainda assim, os rácios internacionais apontam para que
Portugal esteja aquém do recomendado. Os dados da OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Económico), relativos a 2011, indicam que existiam
no país 6,1 enfermeiros por cada 1000 habitantes, sendo que a média desta
organização é de 8,8. Mesmo assim, em 2000 o rácio era pior, de apenas 5,4.
No caso dos médicos a situação é ao contrário, com Portugal
com um rácio de 4,0 por cada mil habitantes, contra uma média de 3,2. Os números
da OCDE indicam ainda que o rácio de enfermeiro por médico é de 1,5, muito
abaixo da média dos países da União Europeia, de 2,8. Já neste ano, o próprio
Instituto Nacional de Estatística também divulgou dados que indicavam que entre
2002 e 2012 houve um acréscimo de 23 mil enfermeiros, com o rácio a passar de
4,0 em 2002 para 6,2 em 2012.
A falta destes profissionais também já foi mencionada pela
própria troika, que alertou para o “impacto ao nível de custos que poderá advir
de uma utilização de médicos em cuidados que poderiam ser prestados por
enfermeiros”, recomendando o reforço da oferta de enfermeiros como forma de
tornar o Serviço Nacional de Saúde mais sustentável.
JP 27.08. 2014
Paulo Macedo, dois pesos, duas medidas
Incontestável a falta de profissionais de enfermagem e assistentes operacionais na generalidade das unidades do SNS.
Paulo
Macedo, trata tudo que diz respeito aos profissionais médicos com paninhos
quentes.
O secretário de Estado adjunto da Saúde, Fernando Leal da Costa,
possivelmente, foi de férias. Estamos em agosto, caramba !
Etiquetas: bater no fundo
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