sábado, janeiro 10

Verdadeiro artista ...

«Às acusações de falta de pessoas, levantadas por alguns deputados da oposição, disse que tal é “ignorância”, recordando que nos últimos três anos o Governo tem contratado todos os médicos disponíveis.
Sobre a falta de profissionais nos serviços, o ministro reiterou o investimento que o seu Governo tem feito nesta área, recordando que desde 31 de Dezembro de 2010 foram contratados cerca de 2.500 médicos e que mais 1.840 clínicos foram recentemente recrutados. A este propósito, o governante anunciou que será ainda este mês aberto um novo concurso para 200 médicos de Medicina Geral e Familiar, também aberto a médicos que exercem no sector privado.
No último concurso para esta especialização, que decorreu em 2014, cerca de 50 profissionais que trabalhavam em unidades do sector privado optaram por ir trabalhar no SNS, disse.»
JM, Urgências hospitalares e políticas de Saúde debatidas no Parlamento link
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«Em três anos 1400 médicos abandonaram o SNS por sua iniciativa. Em 2012 e 2013 as denúncias e resoluções de contrato por parte dos clínicos superaram mesmo as aposentações, o que nunca tinha acontecido.
O governo insiste que tem contratado todos os médicos que se formam mas nem sempre o saldo tem sido positivo. Se os estudos feitos na última década já anteviam dificuldades dado o envelhecimento da classe e um período em que as vagas de Medicina não eram suficientes para as aposentações previsíveis, reformas antecipadas e rescisões terão agravado o défice.»
I,08.01.15 link
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Estamos a falar da entrada anual de jovens internos que iniciam os internatos omitindo a gravíssima desvitalizacao do SNS pela sistemática saída dos médicos mais diferenciados e qualificados destruindo o princípio da integração das equipas e do indispensável enquadramento formativo e de transferência de conhecimentos e de competências. Uma estranha forma de ilusionismo político. 
Adalberto Campos Fernandes, FB.
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Mas haverá muita gente que está a dizer que este ministro e muito bonzinho porque contratou todos estes médicos.
Macedo é dos ministros mais hábeis deste governo. Não faz nada. Complica. Destrói. Mas sempre com ar de quem nos está a salvar.
Idália Serrão,FB.
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«Tudo lhe tem corrido bem, mesmo quando o tremendo surto de legionella que há dois meses abalou o país continha todos os ingredientes para arrumar definitivamente com a reputação do ministro. A prova foi superada com a ajuda decisiva do director-geral de Saúde, Francisco George, mas não há habilidade capaz de esconder por mais tempo a autêntica razia de meios que a austeridade subtraiu ao pleno funcionamento do Serviço Nacional de Saúde. A realidade impôs-se e o caos prevaleceu nas urgências, com tempos de espera terceiro-mundistas para consultar os doentes e mortes cujas causas ainda estão para ser apuradas. Não vale ir atrás do discurso demagógico como se os recursos fossem ilimitados e os médicos uma espécie de mártires do SNS, até porque os tempos de espera nos hospitais e nos centros de saúde, tanto para urgências como para exames e consultas, são em muitos casos exagerados e não é de agora. Quem sofre são sobretudo os mais desfavorecidos, quem não tem seguro de saúde nem ADSE e, portanto, está impossibilitado de recorrer aos privados. Mas é impossível escamotear que três anos de cortes brutais na Saúde estão a produzir resultados devastadores, que estudos fidedignos vão comprovando. É certo que este Orçamento, em ano de eleições, inverte a tradição, atribuindo mais 154 milhões de euros ao SNS, mas é uma gota de água no oceano do que se perdeu. Paulo Macedo, gestor com provas dadas e político não encartado, mas habilidoso, conseguiu o milagre de três anos de boa popularidade. Será que esta avaliação resiste à passagem do tempo?»
JP, 08.01.14  link

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7 Comments:

Blogger xavier said...

A crer nas notícias saídas hoje nos media parece que finalmente os jornalistas começam a ver o ministro «habilidoso» com os olhos da criancinha (o rei vai nú).
O Público em editorial afirma: "... não há habilidade capaz de esconder a autêntica razia de meios que a austeridade substraiu ao SNS. A realidade impôs-se e o caos prevaleceu nas urgências, com tempos de espera terceiros mundistas para consultar os doentes e mortes ..." ; E continua: "Mas é impossível escamotear que tres anos de cortes brutais na saude estão a produzir resultados devastadores...".
O Expresso refere o "caos terceiro mundista das urgências" e que as "mortes e esperas intermináveis são tudo menos «pontuais»", como diz o Ministro, e considera inacreditável que venha dizer que o que se está a passar é culpa do"frio anormal e dos idosos mais doentes". Nem vê como é rídiculo acusar os «idosos mais doentes» de ir às urgências!!!
O Presidente do hospital amadora sintra (PAS) pôs os dedo na ferida na entrevista:
- Questão (jornalista): Como é que faltam médicos quando há tantos a emigrar?
- PSA: As condições remuneratórias menos competitivas do SNS e os pedidos de contratação complexos, lentos, burocratizados e dependentes de vários intervenientes...
Pois é! Só mesmo no gabinete da João Crisóstomo não se vê que o problema está precisamente na bela obra do ministro e na política seguida pelo governo!
Concordo com a afirmação do Passos Coelho, hoje no congresso do PPD da Madeira: Fomos nós que trouxemos a Portugal uma verdadeira MUDANÇA...

- Sim, a MARCHA A TRÀS!!!

Perth Inácia

10:39 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

"A sua política pode poupar muitos euros mas não poupa vidas. A sua primeira responsabilidade é salvar vidas, é poupar vidas, é a responsabilidade também do SNS. Foram negligentes e irresponsáveis. De que tragédia está à espera para mudar de política? Que tragedia é preciso acontecer no SNS para corrigir a sua política?"
João Semedo, 08.01.15, parlamento

12:01 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

«Ir buscar depois de ter estimulado a sua saída?!...com que atractivo??aparentemente as condições que levaram a sua saída não se alteraram. Esta situação demonstra claramente que a estratégia seguida por governos PS e PSD de aumentar desproporcionalmente numurus clausus, com o argumento demagógico de falta de profissionais caiu por terra.Isto porque dada a complexidade do ensino médico e o seu custo, qualquer país com uma gestão inteligente, rapidamente os recruta.O que se conseguiu foi desbaratar milhões em formação...e a perspectiva é para continuar. Decisão inteligente seria, formar o que é necessário, criando condições para a sua fixação no SNS, em competição com a restante Europa...Caso contrário por mais que formemos...estes irão continuar a volatilizar-se por quem sabe o que custa ao contribuinte a sua formação.»
Bruno Maurício, facebook

12:05 da tarde  
Blogger xavier said...

Caro Amigo
No Saude SA está uma frase que escrevi no FB mas com uma parte que não é minha. Agradeço o favor de corrigir:

Estamos a falar da entrada anual de jovens internos que iniciam os internatos omitindo a gravíssima desvitalizacao do SNS pela sistemática saída dos médicos mais diferenciados e qualificados destruindo o princípio da integração das equipas e do indispensável enquadramento formativo e de transferência de conhecimentos e de competências. Uma estranha forma de ilusionismo político.

Mas haverá muita gente que está a dizer que este ministro e muito bonzinho porque contratou todos estes médicos.

(o último parágrafo a cheio não é meu)
Adalberto Campos Fernandes

12:58 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

A Comissão Executiva da FNAM, reunida hoje em Coimbra, analisou a gravidade da situação existente no sector da Saúde, com particular ênfase ao nível das urgências hospitalares.
Nesse sentido, importa transmitir as seguintes questões:
A ruptura da grande maioria dos serviços de urgência, com particular impacto na região da Grande Lisboa, arrasta-se há já algumas semanas com o Ministério da Saúde a mostrar completa incapacidade na resolução dos aspectos mais graves.
Perante esta situação, desde logo é forçoso retirar duas conclusões imediatas: estamos perante a falência integral da política contra o SNS, desenvolvida por esta equipa ministerial e pelo governo; os serviços de urgência hospitalar são somente parte visível de uma degradação mais profunda, que coloca já em causa o direito constitucional à Saúde.
Existem diversas causas concretas que se foram acumulando e que tornaram inevitável a ruptura dos serviços de urgência:
Verifica-se um marcado deficite no número de efectivos das equipas médicas escaladas para as urgências.
Os concursos públicos de colocação de médicos têm sido manifestamente insuficientes, com o factor agravado de serem restritos a universos pré-definidos.
Nos últimos 3 anos, alguns milhares de médicos, dispondo de maior diferenciação técnico-científica, optaram pela reforma, várias centenas de jovens médicos optaram pela emigração e cerca de um milhar e meio abandonou os serviços públicos de saúde.
Esta realidade levou também à existência de um número global deficitário de médicos no nosso país.
Durante mais de dois anos o Ministério da Saúde e as administrações dos serviços de saúde por si nomeadas recusaram a alguns milhares de médicos a passagem ao horário das 40 horas semanais, impedindo a existência de um período de trabalho mais alargado.
Nos últimos três anos o Ministério da Saúde adoptou uma política de cortes indiscriminados e vultuosos que têm vindo a asfixiar financeiramente todo o sector.
A própria OCDE publicou um relatório em 2013 onde referia que o governo em Portugal tinha adoptado cortes na despesa no sector da Saúde que são o dobro do que tinha sido exigido pela Troika.
Há cerca de 1 mês, um relatório da OCDE veio mostrar que Portugal foi um dos países que mais dimínuiu as despesas com a Saúde.
Têm sido eliminadas nos últimos três anos largas centenas de camas de internamento nos hospitais públicos a pretexto de fusões de serviços e da criação de centros hospitalares.
Um dois resultados directos é que a forte diminuição da capacidade de internamento conduz à acumulação de dezenas de doentes nos corredores das urgências.
cont......

1:07 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

.....
A eliminação de um elevado número de camas hospitalares assume uma enorme gravidade, dado que o nosso país já era um dos países europeus com menor ratio de camas por habitante.
O Ministério da Saúde desenvolveu uma política que privilegiou o recurso à contratação de médicos por via de empresas privadas de trabalho temporário cuja capacidade de resposta sempre foi deficitária.
Ao colocar-se na extrema dependência destas empresas em detrimento da realização de concursos para colocar os médicos especialistas, o Ministério da Saúde escolheu uma opção cujos resultados eram há muito previsíveis.
O facto de o Ministério da Saúde ter adoptado uma acção política de boicote ao desenvolvimento dos Cuidados de Saúde Primários, tem determinado uma diminuição da capacidade de resposta deste sector de prestação de cuidados de saúde e o consequente acréscimo de solicitações a nível das urgências hospitalares.
Entre outros aspectos, nos últimos 2 anos tem-se assistido ao encerramento dos horários alargados de atendimento em vários centros de saúde e, inclusivé, a ARS do Norte emitiu recentemente uma circular a determinar a aceleração deste processo.
Simultaneamente, a sua decisão em criar mega agrupamentos de centros de saúde (ACES) tem levado à destruição dos cuidados de saúde de proximidade e à criação de fortes limitações na acessibilidade aos cuidados de saúde para um número cada vez maior de cidadãos.
Outro aspecto que importa referir são as escandalosas declarações públicas do Ministro da Saúde assumindo que está a dar ordens às suas administrações hospitalares para serem dadas altas durante os fins-de-semana a doentes internados, de modo a libertarem camas para melhorar o funcionamento dos serviços de urgência.
Estas declarações, para além de serem uma confissão da manifesta insuficiência do número de camas hospitalares disponíveis, introduzem um novo e escandaloso dado na realidade do funcionamento dos nossos serviços de saúde, ou seja, as altas a nível dos internamentos, que devem constituir um processo de decisão assente em critérios médicos e da segurança de estado de saúde dos doentes, passam a ser determinadas por deliberações políticas do ministro.
Perante as questões enumeradas, a FNAM considera urgente impedir a continuação desta política de destruição do SNS, e do direito constitucional à Saúde, tornando-se indispensável a adopção de medidas imediatas em torno dos assuntos contidos neste comunicado.

Coimbra, 9/1/2015
A COMISSÃO EXECUTIVA DA FNAM

1:08 da tarde  
Blogger Tavisto said...

A política para a saúde deste governo e do seu lídimo representante para o sector, não resistiram ao teste de stress do tempo frio. O SNS soçobrou face ao previsível aumento da procura nesta época. O general Inverno destroçou o general privatização. A Saúde e o País precisam de outros protagonistas e de outras políticas.

2:52 da tarde  

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