Jorge Simões vs Leal da Costa
É curioso
verificar que nestas duas entrevistas link
link nenhum dos entrevistados levanta uma questão
central para a sobrevivência do SNS e para o desenvolvimento de um sector
privado autónomo e não parasitário, a necessidade de separar sectores. É
notório que ambos evitam beliscar os interesses dos grupos económicos na Saúde,
ignorando falar sobre o futuro das PPP (hoje, à excepção do grupo Mello, na mão
de grupos económicos internacionais), ou da dificuldade em fixar médicos nas
zonas periféricas pois permanecem nos grandes centros a trabalhar nos privados
realizando trabalho temporário no SNS através de empresas de prestação de
serviços.
Ambos
ignoram a agressividade crescente do sector privado na Saúde recorrendo mesmo a
métodos publicitários que infringem o Código Deontológico da Ordem dos Médicos
que no seu artigo 11 estabelece: na divulgação da sua atividade o médico deve
abster-se de propaganda e de autopromoção. É hoje corrente ver-se fotografias
de médicos, muitos deles com funções de direcção no SNS, exibidas em cartazes
na via pública ou em páginas de corpo inteiro em jornais, a propagandear este
ou aquele hospital privado. E não só a Ordem dos Médicos faz vista grossa desta
grosseira infracção do Código Deontológico, como o Ministério da Saúde evita
fazer cumprir o legislado sobre incompatibilidades público/privado na
actividade dos profissionais do SNS.
Afirmam
que a componente pública do orçamento para a Saúde não pode aumentar, pelo que
há que prosseguir na política do corte nas gorduras do SNS que, para ambos,
ainda se acumula nos hospitais do SNS. Ignorando, por exemplo, que este sector
tem como encargo adicional suportar as despesas com os doentes dos subsistemas
públicos, frequentemente as situações mais graves que não encontram solução no
privado, e não têm mecanismos legais nem capacidade financeira para contrariar
a saída dos profissionais mais qualificados para o sector privado.
Se de
Leal da Costa pouco havia a esperar, de Jorge Simões esperar-se-ia um pouco
mais na abordagem dos problemas que o SNS hoje enfrenta. Se não na essência
pelo menos na forma, não esquecendo António Arnault quando cita Albino Aroso e
Correia de Campos como exemplos de estadistas políticos na área da Saúde.
Tavisto
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