quinta-feira, julho 2

Jorge Simões

...O ministro Paulo Macedo disse que avançou com esta reforma, porque, por exemplo, criou centros hospitalares. Não concorda?
Não temos evidência de que os centros hospitalares tenham produzido resultados mais eficientes. E, atenção, isso não é uma reforma hospitalar.
Fazer essa reforma vai ser muito complicado porque será sempre profundamente impopular…
Claro, mas depende do processo. De qualquer forma, é inadiável. Se vamos ter um crescimento dos gastos com a saúde, nomeadamente por força do descongelamento dos salários que representam cerca de 60% dos encargos do SNS, temos que começar a pensar, de uma maneira aprofundada e séria, quais são os remédios que, sem pôr em causa princípios constitucionais, permitirão alguma contenção de gastos.
Quais são estes remédios? Aumentar os impostos?
Isso é um susto! De modo nenhum. Continuar um trabalho já feito no passado, reunir muito conhecimento, ter a habilidade política de tomar decisões. Há custos de burocracia que podem ser aligeirados. Não faz sentido falar em aumento de impostos quando ainda temos tanto trabalho de desburocratização e [de combate] a ineficiências que custam caro.
Então estes anos não representaram um desperdício da oportunidade de que falava?
Na área do medicamento conseguiram-se ganhos significativos, em tudo o resto foi uma gestão corrente.
Fizeram vários estudos e muitas recomendações, mas a maior parte não foram seguidas. Porquê?
São opções políticas. A ERS não é um Ministério da Saúde bis. Não faz decisão política. Compete aos cidadãos fazer uma avaliação dos resultados das decisões políticas.
O caos vivido nas urgências no Inverno passado foi um sinal do estado em que se encontra o SNS?
Aqui o que falhou foi a antecipação de um problema que devia ser conhecido dos decisores. [Voltando à reforma da rede hospitalar], temos que começar por conhecer bem o país e as regiões, para depois tomar decisões. Não deve haver um pronto-a-vestir no sentido de diminuir de Norte a Sul o que quer que seja. Temos défices e situações superavitárias que estão identificados.
Jornal Público 02.07.15  link
Administrador Hospitalar, currículo invejável  link  e conhecimento impar para suceder a Paulo Macedo. Não vejo ninguém mais apto para levar a cabo a reforma da rede hospitalar e CSP, enfrentar os múltiplos desafios  do nosso sistema de saúde:  novas tecnologias, dificuldades de financiamento, cooperação intersectorial e defesa do serviço público. 
Deus nos livre dos candidatos casseteiros.

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