domingo, novembro 1

Pinóquio e a obra feita

Na tomada de posse do XX Governo Constitucional, Passos Coelho igual a si mesmo: “Alargámos significativamente a rede de cuidados de saúde primários, garantimos médico de família a mais 650 mil portugueses e vimos melhorar os principais indicadores de saúde no país, incluindo a taxa de mortalidade infantil, mortalidade prematura ou esperança de vida” 
«Os dados relativos ao número de centros de saúde, do Instituto Nacional de Estatística (INE), só estão disponíveis até 2012 e indicam que nessa altura existiam 387 estabelecimentos deste género – um número que estabilizou desde os anteriores executivos do PS. No entanto, como salienta o INE, mais do que no total de centros de saúde a diferença está nas suas valências: se, em 2002, cerca de 70% destas unidades dispunham de um serviço de atendimento permanente (SAP), em 2012 eram apenas 24% que contavam com esta possibilidade ou com o chamado serviço de urgência básica (SUB), criado em 2008. 
Por outro lado, a principal crítica da oposição não tem sido sobre o número de centros de saúde mas sim sobre o modelo em que funcionam. Em 2006 começou uma reforma que visa transformar os antigos centros de saúde nas chamadas unidades de saúde familiar, que representam um modelo inovador em que os cuidados são prestados com base em indicadores e os profissionais premiados por incentivos. Ao todo existem mais de 400 em todo o país, mas o ritmo de abertura na última legislatura caiu. 
Quando ao número de consultas, os dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), até Agosto deste ano, indicam que o valor está a crescer em relação ao período homólogo, tanto nas consultas médicas presenciais, como nas consultas sem presença do utente e nas consultas de enfermagem. Porém, o valor total é inferior ao que se registava em 2011, quando Passos foi eleito pela primeira vez. 
A promessa de dar um médico de família a todos os portugueses, que foi uma das bandeiras de Passos Coelho na primeira legislatura, ficou por cumprir. De facto, tal como disse o primeiro-ministro, há agora mais 650 mil portugueses com médico de família – mas ainda continuam outros tantos sem clínico atribuído. O programa eleitoral com que a coligação Portugal à Frente se apresentou a eleições prometia, uma vez mais, resolver este problema. Agora a nova data aponta para 2017. 
No que diz respeito aos indicadores que o primeiro-ministro diz que melhoraram, a esperança média de vida, de facto, subiu nos últimos anos. Contudo, no total apenas aumentou cerca de dois anos na última década e desde os anos 1990 que tem tido este comportamento positivo. A mortalidade prematura (óbitos que acontecem antes dos 70 anos) também tem vindo a cair. No ano passado, cerca de 22% das mortes aconteceram em pessoas com menos de 70 anos, quando em 2004 o valor estava nos 27%. Só as mortes atribuíveis ao cancro contrariam esta tendência. A taxa de mortalidade infantil em Portugal foi, em 2014, de 2,8 mortes por cada 1000 nascimentos. Em 2011 era de 3,1 mortes, mas o valor não caiu sempre. Em 2012 registou-se um aumento para 3,4. Além disso, o melhor valor de sempre foi registado no segundo Governo de José Sócrates, em 2010, quando a taxa foi de 2,5. Em qualquer dos casos, recentemente, o director-geral da Saúde, Francisco George, lembrou que este tipo de indicadores reflecte o “trabalho de décadas” e que está ainda por apurar o real impacto da crise. 
Em resumo: Passos Coelho nem sempre tem razão quando diz que alargou a rede de cuidados de saúde primários. Há mais unidades de saúde familiar e mais portugueses com médico de família – mas os valores estão aquém dos prometidos. O número de consultas nos centros de saúde está a subir em 2015, mas ainda está longe de alcançar os valores que existiam em 2011. Os indicadores citados pelo primeiro-ministro são todos melhores em 2014 do que eram em 2011. No entanto, em praticamente todos eles, este tem sido o comportamento desde há largos anos. Além disso, na mortalidade infantil, por exemplo, o recorde foi conseguido com o anterior executivo PS.» 
JP 30.10.15 
Todos sabemos o que Paulo Macedo fez e deixou de fazer. A obra é pobre e o futuro incerto.
Entre 01 de janeiro e 10 de Setembro de 2015 entraram em funcionamento nove USF modelo A e onze USF modelo B. Durante o ano de 2014 entraram em funcionamento vinte e cinco USF modelo A e doze USF modelo B. Em termos globais, estão atualmente em funcionamento 223 USF modelo A e 203 USF modelo B.link link 
Número de inscritos nos CSP: 10.202.732; Utentes com médico de família atribuído: 8.982.846 (88,0%); Número de utentes sem médico de família atribuído: 1.192.273 (11,7%) link Principais indicadores da saúde (DGS) link

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