sábado, outubro 3

Propaganda descarada

Paulo Macedo: o ministro pagou o exame, escolheu o examinador e, pasme-se, conseguiu ter nota positiva!!! link
Paulo Macedo encomendou à Universidade Nova um “estudo” sobre os impactos da sua política durante os quatro anos de governação. Os resultados dão nota positiva a Paulo Macedo, como seria de esperar: um tão gabado gestor não iria gastar dinheiro a pagar um trabalho que criticasse a sua política. Mesmo assim, à cautela - não fosse o diabo tecê-las - foi escolhido para coordenar o “estudo” um académico habitualmente simpático para Paulo Macedo mas cuja imparcialidade, objetividade e rigor científicos são certificados pelo seu estatuto de distinto académico.
O “estudo” foi divulgado a três dias das eleições. Certamente que muitas outras ocupações impediram o senhor professor de concluir o “estudo” mais cedo, para que todos pudessem dedicar-lhe o tempo e a profundidade que os seus trabalhos merecem e que o tema justifica. Assim, uma tão bem intencionada e meritória iniciativa corre o risco de ser mal interpretada e confundida com vulgar eleitoralismo. Uma pena e uma injustiça.
Por estes dias, voltarei a este “estudo”. Mas, desde já, não quero deixar de dizer o principal impacto que ele me provocou: não esperava explicações, argumentos e afirmações tão levianas – e até infantis - num trabalho de raiz académica. Por muito forte que seja a ânsia de aplaudir o que Paulo Macedo fez, há limites para o descaramento. Como é possível recusar que a qualidade e o acesso não tenham sido fortemente prejudicados pelas medidas de Paulo Macedo? O professor e os seus colaboradores neste “estudo” não devem recorrer ao SNS...
João Semedo in facebook
 A expectativa é desanimadora quando nos lembramos de todas as dificuldades que a Saúde está a atravessar e a dificuldade demonstrada pelo Ministério da Saúde [MS] em resolver os problemas do sector, muitos dos quais o próprio criou. Hoje, é mais difícil prestar cuidados de saúde de qualidade pela falta de recursos técnicos e humanos, pela falta de organização da rede hospitalar e dos cuidados de saúde primários [CSP], pela falta de reformas necessárias para modernizar o Serviço Nacional de Saúde [SNS] e pela desvalorização da formação médica. Hoje, a Saúde é menos universal, menos acessível e mais desigual.
Carlos Cortes in Tempo de Medicina
Numa década perdida de estagnação e crise económicas, a prosperidade do capitalismo da doença muito deveu à contracção da provisão pública, mas também à promoção pública directa, por via do financiamento público ao privado e das parcerias público-privadas, de uma lógica que faz mal à saúde pública e rões de Bicicletasà saúde da vida pública, dando incentivos aos grupos privados para viverem à custa do controlo sobre a procura e da influência sobre políticos do bloco central dos interesses. Isto num contexto de provisão cada vez mais iníquo. Todo um modelo, toda uma política.
João Rodrigues, Ladrões de bicicletas

Pedro Pita Barros no seu melhor. Sempre prestável  ao ministro da saúde, governo e coligação. Para quem tiver dúvidas, faça o esforço de ler a análise de Pita ao programa de saúde do PAF. O mais conseguido delírio boby do brilhante académico  assíduo de  todas as feiras.
Paulo Macedo, portou-se nesta campanha com a dignidade e estilo da coligação (à boa maneira da dupla passos/paulinho das feiras). Na Saúde, tudo bem. Mesmo melhor.  À falta de reformas estruturais escolheu a oportunidade para lançar mais uns milhões aos hospitais. E, requinte de propaganda, cereja no topo do bolo, mais este estudo redentor da política cega de cortes e de todas as  rupturas de acesso sazonais.

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