Propaganda descarada
Paulo Macedo: o ministro pagou o exame,
escolheu o examinador e, pasme-se, conseguiu ter nota positiva!!! link
Paulo Macedo encomendou à Universidade Nova um “estudo” sobre os
impactos da sua política durante os quatro anos de governação. Os resultados
dão nota positiva a Paulo Macedo, como seria de esperar: um tão gabado gestor
não iria gastar dinheiro a pagar um trabalho que criticasse a sua política.
Mesmo assim, à cautela - não fosse o diabo tecê-las - foi escolhido para coordenar o “estudo” um académico habitualmente simpático para
Paulo Macedo mas cuja imparcialidade, objetividade e rigor científicos são
certificados pelo seu estatuto de distinto académico.
O “estudo” foi divulgado a três dias
das eleições. Certamente que muitas outras ocupações impediram o senhor
professor de concluir o “estudo” mais cedo, para que todos pudessem dedicar-lhe
o tempo e a profundidade que os seus trabalhos merecem e que o tema justifica.
Assim, uma tão bem intencionada e meritória iniciativa corre o risco de ser mal
interpretada e confundida com vulgar eleitoralismo. Uma pena e uma injustiça.
Por estes dias, voltarei a
este “estudo”. Mas, desde já, não quero deixar de dizer o principal impacto que
ele me provocou: não esperava explicações, argumentos e afirmações tão levianas
– e até infantis - num trabalho de raiz académica. Por muito forte que seja a
ânsia de aplaudir o que Paulo Macedo fez, há limites para o descaramento. Como
é possível recusar que a qualidade e o acesso não tenham sido fortemente
prejudicados pelas medidas de Paulo Macedo? O professor e os seus colaboradores
neste “estudo” não devem recorrer ao SNS...
João Semedo in facebook
A expectativa é desanimadora quando nos
lembramos de todas as dificuldades que a Saúde está a atravessar e a
dificuldade demonstrada pelo Ministério da Saúde [MS] em resolver os problemas
do sector, muitos dos quais o próprio criou. Hoje, é mais difícil prestar
cuidados de saúde de qualidade pela falta de recursos técnicos e humanos, pela
falta de organização da rede hospitalar e dos cuidados de saúde primários
[CSP], pela falta de reformas necessárias para modernizar o Serviço Nacional de
Saúde [SNS] e pela desvalorização da formação médica. Hoje,
a Saúde é menos universal, menos acessível e mais desigual.
Carlos Cortes in Tempo de Medicina
Numa década perdida de
estagnação e crise económicas, a prosperidade do capitalismo da doença muito
deveu à contracção da provisão pública, mas também à promoção pública directa,
por via do financiamento público ao privado e das parcerias público-privadas,
de uma lógica que faz mal à saúde pública e rões de Bicicletasà saúde da vida
pública, dando incentivos aos grupos privados para viverem à custa do controlo
sobre a procura e da influência sobre políticos do bloco central dos
interesses. Isto num contexto de provisão cada vez mais iníquo. Todo um modelo,
toda uma política.
João Rodrigues, Ladrões de
bicicletas
Pedro Pita Barros no seu melhor. Sempre prestável ao ministro da saúde, governo e coligação.
Para quem tiver dúvidas, faça o esforço de ler a análise de Pita ao programa de
saúde do PAF. O mais conseguido delírio boby do brilhante académico assíduo de todas as feiras.
Paulo Macedo, portou-se nesta campanha com a dignidade e estilo da
coligação (à boa maneira da dupla passos/paulinho das feiras). Na Saúde, tudo bem. Mesmo melhor. À falta de reformas estruturais escolheu a
oportunidade para lançar mais uns milhões aos hospitais. E, requinte de propaganda,
cereja no topo do bolo, mais este estudo redentor da política cega de cortes e de todas as rupturas de acesso sazonais.
Etiquetas: bater no fundo, Paulo Macedo
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