sábado, outubro 10

Tudo numa nice!

«Foi tudo arquivado. Os oito inquéritos abertos após a morte de doentes que, no último Inverno, aguardaram horas a fio em vários serviços de urgência hospitalares para serem observados por médicos ou para fazerem exames de diagnóstico não podem ser imputados aos profissionais de saúde envolvidos, concluiu a Inspecção-Geral de Actividades em Saúde (IGAS).» link 
O inverno começa a 21 de dezembro. O calendário da Saúde, tem data marcada para a próxima crise de acesso aos cuidados de saúde. Com as contas do último inverno por saldar. Isto, porque o MS preferiu negar a dura realidade. Esconder, como é hábito, a cabeça na areia. Fugir às responsabilidades. 
Todos nos lembramos das declarações cinico/patetas do secretário de Estado adjunto da Saúde, Leal da Costa, a propósito do último caos das urgências. link E, mais tarde, com tempo de reflexão, o mesmo discurso lobotomizado a tentar baralhar a interpretação dos acontecimentos: «Em relação à sobrelotação dos serviços de urgência hospitalares, Leal da Costa frisou que houve, “este ano, um número de casos pontuais menor do que em anos anteriores”, até porque foram tomadas medidas por antecipação, garante. Desta vez a grande preocupação é que havia doentes à espera em macas. Lembrar-se-á que em anos passados o problema é que não havia macas para deitar esses doentes. É pouco, mas foi um avanço significativo”, concluiu. 
Mas houve oito mortes nas urgências em final de dezembro, início de janeiro, que estão a ser investigadas pelas autoridades. Grande parte das mortes que acabaram por ter alguma visibilidade pública não se devem necessariamente a falhas quer do sistema de triagem, quer do atendimento”, avançou o governante, acrescentando que, de acordo com algumas conclusões preliminares, “não terá havido falha sistémica”. Porém, “não estou seguro que isso tenha de ter sido assim em todas, teremos de aguardar”, finalizou. link»  Observador 27.05.15 
Agora já conhecemos o parecer da IGAS que concluiu ter havido “erros, falhas e insuficiências administrativas” nos casos de oito mortes nas urgências do Inverno passado. Mas ignorou ou arquivou a responsabilidade objectiva dos conselhos de administração e dos directores clínicos dos hospitais envolvidos. link 
O habitual num país onde a culpa costuma morrer solteira. 
A curiosidade está em saber que “medidas de antecipação” o MS nos reservará, depois das macas, para prevenir a próxima crise. 
Teremos de perguntar ao distinto secretário adjunto.

Etiquetas: