quinta-feira, janeiro 7

ACF, entrevista à TVI

Sobre as razias de Paulo Macedo
 “Nós temos a consciência de que o Serviço Nacional de Saúde foi exposto a uma restrição nalguns casos necessária, noutros casos excessiva. E parece-me totalmente inaceitável que se considere que tudo se deve aos cortes, como também me parece totalmente inaceitável que se diga que os cortes não tiveram nenhum tipo de efeito.”
“Fechámos camas de internamento a mais em Lisboa. Não devíamos ter fechado. Pensávamos que a cirurgia de ambulatório resolveria todos os problemas do internamento, que não seriam precisas camas, pensámos que a demora média iria sempre baixar. Ora, a demora média está a subir nos doentes idosos, que hoje têm um conjunto de patologias que faz com que eles estejam no hospital muito mais tempo.”
“Nós temos as equipas exaustas, temos os médicos que são escassos, muitos deles saíram do sector público, por um ambiente altamente hostil, não apenas nos aspectos da remuneração, que foi sensível não apenas para os médicos mas para todos, mas porque, efectivamente, houve um desinteresse activo do Serviço Nacional de Saúde”.
Intervenções do distinto ex-secretário de Estado Adjunto da Saúde, Leal da Costa, como pano de fundo
Não é bom dizer às pessoas que estão a sofrer que o Serviço Nacional de Saúde de 2015 é muito melhor do que o de 2011. Isto não é verdade. Nós temos é dois países: o país das pessoas com seguros, ADSE e outros subsistemas ou meios próprios e que podem circular [entre o SNS e os hospitais privados] e depois temos as que não têm mais nenhuma alternativa. A nossa obrigação é agir depressa.”
“Não sei quanto tempo serei ministro, [mas] há uma coisa que eu farei sempre: falar a verdade às pessoas. E nunca me ouvirá dizer que as pessoas que estão 10 horas à espera nos hospitais estão em ótimas condições, a ser muito bem tratadas e a ser muito bem acarinhadas link. O que aconteceu em Lisboa e Vale do Tejo, que aliás não está a acontecer noutras regiões do país, foi que nós não apreciámos convenientemente nas últimas décadas aquilo que foi a evolução social, demográfica e epidemiológica.”
O SNS precisa de ser reconstruído
"A minha obrigação é assumir o compromisso que, enquanto responsável político, tudo farei, com os meios que tenho ao meu alcance, para com os profissionais de saúde garantir que essa resposta está assegurada."
"Farei com a minha equipa aquilo que é a minha obrigação, dar tudo para melhorar as condições de vida das pessoas no acesso ao sistema de saúde e espero que daqui a um ano os portugueses estejam mais tranquilos, mais sossegados, mais confiantes, porque é preciso dizer aos portugueses que o SNS tem mesmo de ser reconstruído."
"E reconstruir não é só na questão dos incentivos para ter mais profissionais, é reconstruir na confiança que foi fortemente delapidada."
Taxas moderadoras
“Vai acontecer aquilo que dissemos que ia acontecer. Vamos honrar o compromisso com os portugueses de reduzir globalmente o valor das taxas moderadoras, mas de uma forma inteligente: fazendo com que quem vai ao centro da saúde, quem recorre à linha ‘Saúde 24’ - quem percorre aquele percurso, que entendemos ser o adequado - não é penalizado quando vai ao hospital, nem tem de pagar taxas moderadoras sobre análises no próprio serviço hospitalar. Vamos isentar os dadores de sangue e bombeiros voluntários.”
Caso David Duarte: "talvez todos pudéssemos ter feito um pouco mais"
"Eu disse que considerava a situação incompreensível. Nós não podemos ter hospitais de fim de linha, que têm obrigação de assegurar uma resposta polivalente, a trabalhar em meio tempo, ou em tempo parcial. A situação é incompreensível. Dei indicações, em termos da partilha de recursos, porque se trata de uma área muito sensível, onde as competências são escassas – não temos muitos especialistas habilitados a este tipo de intervenção – para que de imediato a estrutura de Lisboa e Vale do Tejo que tinham capacidade técnica de responder se organizassem e assegurassem o que é devido aos portugueses, que é uma garantia de prontidão."
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Intervenção oportuna no arranque da habitual crise sazonal do SNS. Discurso politicamente certeiro. Venham as políticas.
Drfeelgood

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