sábado, janeiro 2

Apagar fogos

Hospitais no limite pagam até mil euros a médicos por urgência 
Muitos hospitais portugueses estão por estes dias "a atingir os máximos da sua capacidade de resposta", alertou o secretário de Estado da Saúde. 
Para colmatar as carências de médicos nas urgências, várias unidades de saúde em Coimbra e Lisboa estão a tentar reforçar a sua equipa de profissionais com salários mais atrativos. 
Segundo o Diário de Notícias, vários hospitais recorreram a empresas de prestação de serviços para preencher ou alargar as escalas de urgência e no estão a oferecer até 42 euros à hora. 
No dia 4, por ser segunda-feira e uma data tão próxima da passagem de ano, espera-se que a afluência às urgências seja grande e se os médicos quiserem fazer um turno de 24 horas o valor a receber chegará aos mil euros. 
Há também hospitais a tentar contratar médicos de família, oferecendo pagamentos que podem chegar ao triplo do habitual, medida que desconforta o presidente Associação Portuguesa das Unidades de Saúde Familiares. 
“Quando em 1982 foi criada a carreira dos médicos de família esta trouxe uma grande vitória, que foi permitir que os médicos se dedicassem a 100% ao seu ficheiro de doentes", disse João Rodrigues. 
O também membro do Sindicato dos Médicos da Zona Centro disse ainda que já foi enviado um pedido de esclarecimento ao ministro da Saúde sobre o caso. Económico link 
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Será que situações como esta não têm solução racional e custo-efectivo ??? 
Por que afluem os doentes às urgências dos grandes hospitais públicos como “muçulmanos a Meca”? 
Por que continuam a ocorrer situações de procura que se assemelham a medicina de catástrofe, sem que nada o justifique ? 
Por que se concedem tolerâncias de ponte afastando os profissionais do local de trabalho durante quatro dias ? Não deverá ser este assunto de resolução prioritária para o actual Ministério da Saúde ? 
 Tavisto

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2 Comments:

Blogger xavier said...

A propósito da notícia:«Médicos de família chamados a fazer Serviço de Urgência do CHUC»

1.Antes de tentar ir ao que julgo ser o fundo da questão, não posso deixar de perguntar a que título vem um sindicato meter-se numa questão que, à partida, não lhe dirá respeito, uma vez que se tratou, ao que tudo indica, de um mero pedido de colaboração voluntária, na esfera da liberdade de cada um.
Ignorando, além do mais, a verdadeira causa do excessivo afluxo de doentes às urgências hospitalares, em nada contribuindo para encontrar soluções.
É por estas e por outras que o sindicalismo médico tem, infelizmente, a expressão que tem.
Recoloco, por isso, a questão já formulada por mais que uma vez e sempre sem resposta: quantos médicos da zona centro representa o SMZC e, destes, quantos são hospitalares?

2.Recorrerão à Urgência dos HUC mais de 500 doentes adultos por dia, em média.
- 1,5% doentes, serão situações de verdadeira emergência, cor vermelha;
- 10%, talvez um pouco mais e incluindo os anteriores, 50 a 60 doentes, serão verdadeiras urgências hospitalares, com critérios para internamento
- aceitemos que outro tanto ou, mesmo, o dobro, 20%, uns 100 doentes, sejam também urgências hospitalares mas sem critérios de internamento, por exemplo, uma fractura não complicada de um antebraço...
- Estaremos a falar, portanto, de menos de um terço do total, o que significa que o hospital tem andado, desde há muitos anos, a procurar, internamente, solução para um problema que, à partida, não é seu e que, de há muito, deveria estar resolvido à periferia, a nível dos cuidados primários, respeitando a mais de dois terços dos doentes que a ele acorrem, mais de 300 por dia.

3.Aceitemos, no entanto, que tal se possa resolver em termos de proximidade relativamente à Urgência Médico-Cirúrgica / Polivalente, através do desenvolvimento da Urgência Básica. Aqui, não poderei deixar de me associar aos que contestam o modo como o problema tem vindo a ser remediado por sucessivas administrações.

Trata-se, sem margem para dúvidas, de um problema de fundo a exigir solução de fundo, a qual não poderá deixar de passar pela criação de uma equipa generalista dedicada, fixa, contratada por concurso público numa base de competência e não numa base de especialidade. Uma equipa igual em direitos e deveres à de qualquer outro serviço do hospital, pouco importando qual a especialidade de base de quem a ela pretenda concorrer, Medicina Interna, MGF ou qualquer outra.

4.Uma proposta neste sentido, a qual incluía a criação de um ciclo de estudos especiais de medicina de urgência e emergência, teve origem, há já sete anos, na (abandonada...) Comissão Médica de Apoio ao Processo de Reestruturação da Urgência (CMAPRU).
Aprovada pelo Conselho de Administração de então e na Ordem dos Médicos (publicada em Boletim) veio a entrar em hibernação (até hoje...) numa gaveta da Direcção Geral de Saúde, sem qualquer explicação. Julgo que o dono da gaveta, não sei se ainda o é, se chamava Mário Caldeira.

Só por questões de ordem corporativa, de falta de vontade política ou, pior, de pura e simples cobardia, preguiça ou mera ignorância se pode ter chegado à triste situação actual.
Carlos Mesquita, Tempo Medicina

8:43 da tarde  
Blogger xavier said...

«O melhor socorro para o Serviço Nacional de Saúde [SNS] é acrescentar-lhe uma política de Saúde» Cipriano Justo.link
A coisa está tão má. A razia provocada pelos cortes a eito foi tão desvastadora que este MS corre o risco de encalhar no apaga fogos.

2:15 da tarde  

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