Estado facilitador
Mello Saúde investe 15 milhões em nova clínica em Almada
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1. A Constituição da República fala de complementaridade do sector privado. Onde vai ela. A complementaridade do sector privado é hoje, face à incapacidade de financiamento público, generalizadamente substitutiva dos serviços públicos. Por este andar o sector privado terá muito em breve a hegemonia da área da Saúde e reinará à solta do controlo do estado. O tempo das vacas gordas para o sector privado está a chegar.
E o que faz este governo relativamente a este processo. Nada. Só conversa. Quando não facilita.
2. «Impressiona como a construção do ‘Hospital de Todos os Santos’, para substituir as seis unidades velhas e disfuncionais do Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC), é eternamente adiada.
Dizem-me que são três as razões:
– ‘Falta de dinheiro’. É uma razão falsa! O projeto é economicamente aconselhável, poupa dinheiro ao país, é um investimento público positivo para a economia e podia ser edificado em PPP de construção, com impacto orçamental mínimo.
– ‘Forças ocultas não quererão que a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa tenha instalações modernas’. Recuso-me a acreditar nesta maledicência.
– ‘Os grandes Grupos Privados da Saúde não querem que o SNS tenha um Hospital novo em Lisboa’. Esta deve ser a grande verdade!
Entretanto, os doentes continuam sem as melhores condições de tratamento nas degradadas instalações do CHLC e o desperdício é colossal! Construir imediatamente o ‘Hospital de Todos os Santos’, com um número suficiente de camas, é um emergente imperativo ético e económico, apesar de todos os ‘diabos’ que o obstaculizam! Se a atual maioria parlamentar defende o SNS, deixe-se de ‘conversa fiada’ e prove-o com ações concretas!»
Manuel Silva, CM link
3. À semelhança de outros fenómenos, a doença também tem horror ao vazio, por razões óbvias. E como tal, aproveitando-se dos passos atrás que o SNS tem vindo a dar - nunca se imaginaria que este governo desse cobertura a tal situação - a Mello Saúde, mas também outras empresas privadas, está a inundar o país com hospitais, é só ler a notícia. Quando na Educação a oferta pública retomou o seu lugar para melhor desempenhar as suas obrigações, na Saúde está a verificar-se o caminho de sentido inverso. Poderá perguntar-se como são financiados, considerando os baixos rendimentos individuais. Desde logo com os milhões da ADSE, dos outros sub-sistemas, dos seguros-doença e dos pagamentos directos. São as taxas, os co-pagamentos, os descontos e os pagamentos directos que explicam a elevada percentagem de despesa privada que os portugueses têm com a saúde Qual tem sido a resposta do governo? Arrebicar o site da tutela, em nome da transparência, ausência de medidas reformadoras e congelamento do financiamento. No entanto, a cada ano que passa, até ver, em todos os 15 de Setembro lá estaremos a saudar o SNS, mas já vai sendo com muita nostalgia. Até que só sobreviva a marca.
Cipriano Justo, facebook link
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